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Presídio Federal de Brasília recebe três líderes do PCC. Veja quem são

Outros 19 líderes da facção criminosa serão distribuídos entre os complexos penitenciários de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO)

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Três integrantes da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) desembarcaram em Brasília nesta quarta-feira (13/2). Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller Júnior, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, apelidado de Funchal, ou Tio Sam, aterrizaram na Base Aérea às 13h35. Às 14h24, os detentos chegaram ao Presídio Federal de Brasília, localizado no Complexo Penitenciário da Papuda.

O comboio contou com a escolta de pelo menos 10 viaturas da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do sistema penitenciário. Além disso, um helicóptero da PF sobrevoou a área. A Força Nacional também acompanhou a operação.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, informou o governador Ibaneis Rocha (MDB) da operação. Ainda nesta quarta, Moro autorizou a Força Nacional a reforçar a segurança nos arredores da penitenciária pelos próximos 90 dias.

autorizou a Força Nacional a reforçar a segurança nos arredores da Penitenciária Federal de Brasília por 90 dias. A medida foi publicada nesta quarta-feira (13) no Diário Oficial da União.

O trio estava no Presídio de Presidente Venceslau, em São Paulo, e a partir de agora cumprirá pena no Distrito Federal. Outros 19 líderes da facção criminosa serão distribuídos entre os complexos penitenciários de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). Entre eles, o chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que irá para a penitenciária da capital de Rondônia, segundo apurou o Metrópoles.

Imagens dos presos em Brasília:

Quem é quem:
Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior: irmão do líder do PCC sempre foi o grande “executivo” da organização criminosa, mostrando uma faceta empresarial para comandar o tráfico de drogas em diversos estados. Alejandro se passava por empresário e chegou a agir de forma determinante para comandar um acordo de paz entre o PCC e outras facções criminosas.

Marcolinha foi preso em Fortaleza, durante a deflagração da Operação Quinta Roda, da Polícia Federal, em março de 2016. Na época, ele declarou que nunca comandou nenhum esquema de tráfico. No entanto, há indícios que a quadrilha liderada pelo irmão de Marcola agia junto a fornecedores de cocaína da Bolívia, e de maconha do Paraguai.

O bando contava com um núcleo que recebia as drogas em Corumbá, em Mato Grosso do Sul, e a distribuía pelo Brasil em caminhões. O grande esquema, que movimentou toneladas de narcóticos, envolvia dezenas de pessoas na logística, contabilidade, distribuição e captação de novos clientes que estavam até nos Estados Unidos da América.

Antônio José Müller Júnior: condenado pela Justiça de São Paulo a 30 anos de prisão por corrupção ativa e por integrar o PCC. Ele é considerado membro da alta cúpula da facção criminosa paulista. Granada havia sido denunciado pelo Ministério Público em dezembro de 2016. O julgamento ocorreu em 7 de janeiro e cabe recurso à decisão, mas o condenado não poderá apelar em liberdade porque já responde por outros crimes. De acordo com a Promotoria, ele integrava o “Conselho Deliberativo” da facção criminosa, com alto poder dentro do bando, ao lado do líder máximo da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola.

Reinaldo Teixeira dos Santos: conhecido como Funchal, é apontado como o autor dos três disparos que mataram o juiz-corregedor Antônio José Machado Dias, 47 anos, em 14 de março de 2003. O crime ocorreu em Presidente Prudente (SP).

Segurança reforçada
A Polícia Federal organizou o transporte dos presos desde cedo. Cerca de 30 agentes do Comando de Operações Táticas (COT), grupo de elite da corporação, estão mobilizados no Distrito Federal. A ação, batizada de Operacão Imperium, também conta com reforço de aeronaves.

Por meio de nota, o Ministério da Justiça ressaltou que os presos estão sendo escoltados pelo Departamento Penitenciário Federal (Depen) e pela Polícia Militar de São Paulo para as penitenciárias federais. “O isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”, diz a pasta.

O governo federal publicou um decreto no Diário Oficial da União, nesta quarta (13), determinando o uso das Forças Armadas no entorno dos presídios para onde será remanejada a cúpula do PCC. “Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem, no período de 13 a 27 de fevereiro de 2019, nos estados do Rio Grande do Norte e de Rondônia, para a proteção do perímetro de segurança das penitenciárias federais em Mossoró e Porto Velho, em um raio de 10 quilômetros”, assinala o texto assinado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O prazo de permanência dos líderes do PCC nos presídios federais é de 360 dias. Nos primeiros dois meses, os integrantes da facção, que foram trazidos a Brasília Hércules C-130 da FAB, ficarão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

De acordo com o texto da Portaria nº 157, do Ministério da Justiça, publicada no DOU de quarta (13), as visitas sociais nos presídios federais ficarão restritas ao parlatório e à videoconferência, sob supervisão, e com o exclusivo propósito de manter “os laços familiares e sociais”

O trabalho integrado da transferência dos presos, que foi autorizada pela Justiça, contou com a atuação das polícias Militar, Civil e Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, Força Aérea Brasileira (FAB), Exército Brasileiro, Coordenação de Aviação Operacional e Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Vídeo mostra o momento em que os criminosos saem de São Paulo. Veja:

Operação Echelon
O remanejamento ocorre após a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo constatarem, por meio da Operação Echelon, deflagrada em junho do ano passado, a expansão do PCC pelo Brasil e em cinco países da América do Sul – Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai e Peru.

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Comboio para levar Marcola ao Presídio Federal de Brasília em fevereiro de 2019
Esquema especial de segurança foi montado para receber a liderança do PCC
Na época, ruas foram fechadas para passagem do comboio
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Marcola e outros presos foram trazidos em avião da FAB para Brasília em março de 2019

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Comboio para levar Marcola ao Presídio Federal de Brasília em fevereiro de 2019

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Esquema especial de segurança foi montado para receber a liderança do PCC

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Na época, ruas foram fechadas para passagem do comboio

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O fortalecimento da facção levou à reação de gangues locais, aliadas ao Comando Vermelho, iniciando uma guerra que atinge principalmente os estados do Norte e do Nordeste do país. Depois de São Paulo, as unidades da Federação com maior concentração de integrantes do PCC são, de acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Paraná (2.829), Ceará (2.582) e Minas Gerais (1.432). A polícia também descobriu que Marcola elaborava um plano para fugir da prisão em São Paulo com ajuda de um “exército de mercenários”.

Desde novembro do ano passado, já havia previsão de transferência dos membros do PCC para unidades federais, após a descoberta de um plano de resgate de Marcola e de mais integrantes da facção do Presídio de Presidente Venceslau

Presídio novo
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. O trio estava encarcerado em uma cadeia federal na cidade de Porto Velho, em Rondônia.

De acordo com investigações da PF, Roberto Soriano, Wanderson Lima e Abel de Andrade são suspeitos de organizarem uma série de ataques contra forças de segurança em, pelo menos, seis estados do país. O plano foi descoberto, e as prisões foram feitas antes que os atentados ocorressem. Eles são apontados como membros do alto escalão da organização criminosa. Os três foram colocados na única ala que foi inaugurada. Ela conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.

Estrutura

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC
Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)
Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento
Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados
Criminosos perigosos estão no DF
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O presídio federal foi inaugurado no DF em outubro de 2019

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC

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Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)

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Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento

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Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados

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Criminosos perigosos estão no DF

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A cúpula da Segurança Pública do DF quer evitar a vinda de líderes de facções criminosas

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Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes. Segundo o Depen, o sistema conta com equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

Cada preso ficará em uma cela individual de 6 m² e terá direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos poderão visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares terão acesso ao pátio. Será proibido o acesso a televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.

Os presídios federais cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP) e começaram a ser construídos em 2006. As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios, de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

Colaborou Victor Fuzeira

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