Policiais civis aprovam indicativo de greve e fecham o Eixo Monumental
Categoria pressiona governador a reabrir negociações pela equiparação salarial da corporação com a Polícia Federal
atualizado
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Em assembleia na tarde desta terça-feira (15/8), na Praça do Buriti, os policiais civis do Distrito Federal decidiram entrar em estado de greve, declarando-se em mobilização permanente. Com o objetivo de chamar atenção dos brasilienses para as suas reivindicações, por volta das 16h30 eles fecharam o Eixo Monumental durante alguns minutos. Depois, permaneceram concentrados na entrada do Palácio do Buriti.
O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF) mandará ofício ao Governo do Distrito Federal pedindo a reabertura das negociações pela equiparação salarial com a Polícia Federal, o que já foi negado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que alega falta de recursos para atender aos pedidos de reajustes salariais da corporação e de todo o funcionalismo público distrital.
Ao final da assembleia, que durou aproximadamente uma hora e reuniu cerca de 380 integrantes da PCDF, os policiais resolveram se encontrar novamente na próxima terça-feira (22) para reavaliar o movimento e decidir se os serviços prestados à população serão, de fato, interrompidos. Delegados, peritos e agentes, entre representantes de outras carreiras que atuam na corporação, cobram mais investimentos, equiparação salarial com a Polícia Federal e melhorias nas condições de trabalho.Segundo o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco, o principal objetivo do ato desta tarde foi convencer o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) a se reunir com uma comissão de servidores da PCDF e reabrir as negociações. De acordo com o sindicalista, o governo local tem até o fim deste mês para encaminhar ao Ministério do Planejamento proposta de aplicação dos recursos do Fundo Constitucional em 2018, e os integrantes da Polícia Civil querem garantir que o Executivo não corte da previsão verbas para atender aos pleitos da corporação.
A Policia Civil colocou na previsão orçamentária de 2018 uma série de investimentos em infraestrutura, salários, melhorias… E o GDF não pode cortar esses recursos. É isso que viemos cobrar
Rodrigo Franco, presidente do Sinpol-DF
Criminômetro
Os profissionais da Polícia Civil também instalaram, nesta tarde, em frente ao Palácio do Buriti, o placar com a atualização das ocorrências registradas no Distrito Federal. O aparelho digital, batizado de criminômetro, contabiliza os crimes ocorridos em todas as regiões administrativas a partir de 1º de janeiro de 2015, quando Rodrigo Rollemberg assumiu o Buriti. Segundo o presidente do Sinpol-DF, o governo local tem mascarado os dados da violência desde então.
“Nós lançamos esses dados para mostrar como o GDF anda manipulando os resultados. Eles mostram números como se vivêssemos em uma ilha da fantasia, mas a verdade é essa aí”, afirmou Rodrigo Franco.
Ele explicou que a cada dois minutos é registrada uma ocorrência no DF. Por isso, o criminômetro também aumenta um número nesse intervalo. Segundo o Sinpol, são mais de 600 casos de violência por dia em território brasiliense. “São 110 roubos a pedestres todos os dias. Não existe redução na criminalidade, mas aumento”, discursou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis.
Discurso duro
Na véspera da assembleia, profissionais da Polícia Civil lançaram nota conjunta contra a posição do governador de descartar a concessão de reajuste salarial para todas as categorias do funcionalismo público distrital. No texto, peritos, agentes e delegados se disseram traídos por Rollemberg, que não teria cumprido compromissos de campanha e de mandato assumidos com a Polícia Civil. Também cobraram uma postura mais firme do diretor-geral da PCDF, delegado Eric Seba, na defesa dos interesses da corporação.
O delegado aposentado e deputado federal Laerte Bessa (PR) participou do ato na Praça do Buriti, reforçando as críticas contra o chefe do Executivo. “Eu já desisti de tentar negociar com esse cidadão (Rollemberg), que é um covarde e não merece respeito. Vou continuar com as críticas contra ele”, afirmou o parlamentar. “E ele pode processar, porque dois processos que tinha contra mim foram arquivados pelo Supremo”, completou.
Os distritais Wasny de Roure (PT) e Wellington Luiz (PMDB) também estiveram presentes e se posicionaram a favor das reivindicações da corporação.
Até a última atualização dessa matéria, o GDF não havia se manifestado sobre a mobilização dos policiais civis.