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Polícia suspeita que máfia dos concursos enviou R$ 134 mi ao exterior

Investigadores de Goiás têm registro de transações. Entre os casos de compra de vagas, mulher ofereceu casa de R$ 800 mil

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GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES
Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles - Foto: GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES

A Polícia Civil de Goiás encontrou indícios de que envolvidos na máfia dos concursos presos na ação de segunda-feira (30/10) teriam enviado pelo menos 35 milhões de euros (R$ 132 milhões) em remessas ao exterior. Dessa forma, entre os crimes que os integrantes da quadrilha podem responder, serão incluídos evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Segundo os investigadores, os valores cobrados por vagas em concursos poderiam passar dos R$ 400 mil — geralmente, o preço girava em torno de 20 vezes o salário mensal do cargo. Depois de aprovados, os suspeitos costumavam solicitar empréstimos consignados para quitar a dívida.

Ao Metrópoles, o delegado André Bottesini, da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública de Goiás (Dercap), afirmou que a hipótese de lavagem de dinheiro ganhou força. “Milhões de euros teriam sido remetidos ao exterior. A investigação trabalha para provar essa suspeita”, comentou.

Rômulo Figueiredo Matos, outro delegado responsável pelo caso no estado vizinho, assegura que as cifras são impressionantes.

Em 2016, segundo nossos registros, os integrantes do grupo remeteram ao menos 35 milhões de euros para a Europa (aproximadamente R$ 132 milhões).

Rômulo Matos, delegado

Casa em troca de vagas
Os indícios de que o faturamento da quadrilha era alto são exemplificados em vários casos. Num deles, segundo a polícia, uma mulher ofereceu casa de R$ 800 mil em troca de duas vagas. Eram dois objetivos: passar no concurso de delegada da Polícia Civil de Goiás e aprovar a filha no vestibular de medicina da Universidade Federal de Goiás por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A acusada da negociação foi chamada para interrogatório, mas ficou em silêncio.

Para o concurso de delegado, a organização criminosa teria recebido ajuda de Ricardo Silva do Nascimento, à época servidor da Fundação Universidade de Brasília e cedido ao Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe). Ele foi flagrado por câmeras vasculhando o cofre de segurança em busca de cadernos de provas.

De acordo com a assessoria do Cebraspe, o desligamento de Ricardo Silva do Nascimento ocorreu no dia 20 de março de 2017, mais de um mês depois do flagra. O advogado da instituição, Marcus Vinícius Figueiredo, argumenta que foi prestada colaboração com a investigação.

Veja os vídeos:


“A partir da quebra do protocolo de segurança, foi instaurada uma série de procedimentos internos. Não podemos divulgar o teor porque são rotinas administrativas sigilosas. Não temos informação nem documento que aponte envolvimento dele com fraude externa”, afirmou.

Ação em Goiás e no DF
A operação em Goiás, chamada Porta Fechada, foi deflagrada ao mesmo tempo que a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil do Distrito Federal, lançava uma nova fase da Panoptes. Ambas têm a intenção de desarticular grupos ligados à chamada máfia dos concursos.

A primeira fase da Operação Panoptes na capital do país ocorreu em 21 de agosto deste ano. Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra Helio Garcia Ortiz, o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias.

Segundo o delegado, Helio era o chefe da organização criminosa. Bruno agia de forma operacional; Rafael era seu braço direito; e Johann facilitava o esquema fornecendo graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem.

Helio Ortiz já é conhecido pela polícia, pois foi preso há 11 anos acusado de liderar a máfia dos concursos. Ele foi detido em sua casa, no Guará. Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal de Águas Claras.

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