Polícia prende dois adultos e um adolescente por morte de servidora
Entre os detidos está um servidor público e estudante da UnB, dono da quitinete na 208 Norte onde os criminosos estavam escondidos
atualizado
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Menos de 24 horas depois da analista do Ministério da Cultura (MinC) e mestranda da Universidade de Brasília (UnB) Maria Vanessa Veiga Esteves, 55 anos, ser assaltada e morta na 408 Norte, a Polícia Civil identificou e prendeu três acusados do crime. Por volta das 19h20 desta quarta-feira (9/8), a equipe da 2ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, confirmou que dois adultos foram presos em flagrante e um adolescente de 15 anos foi apreendido, também em flagrante, por envolvimento no latrocínio. Um deles já trabalhou no MinC.
De acordo com os investigadores da 2ª DP, o rapaz de 15 anos e Alecsandro de Lima Dias, 26, que cumpria prisão domiciliar e tinha passagens por receptação e dois assaltos, costumam roubar cartões de crédito de moradores e frequentadores da Asa Norte. Na noite de terça (8), por volta das 23h, eles abordaram Maria Vanessa no estacionamento entre os blocos B e C da 408 Norte. Segundo testemunhas e imagens de câmeras de segurança recolhidas pela Polícia Civil, ela não reagiu ao assalto. Entregou a bolsa aos ladrões e disse que eles podiam “levar tudo”, mas foi agarrada por um dos homens e recebeu, de outro, uma facada nas costas.
A servidora não resistiu ao ferimento e morreu no local. Os bandidos fugiram: uma faca, supostamente usada no crime, foi localizada pouco depois, a 200m do corpo, jogada no gramado da residencial. Os suspeitos também deixaram para trás a bolsa da vítima – o acessório foi encontrado, nesta quarta, em um contêiner de lixo próximo ao bloco B da 208 Norte.Os ladrões, então, se esconderam em uma quitinete da 208 Norte. O imóvel pertence ao outro adulto detido pela Polícia Civil: assim como Maria Vanessa, também é servidor público e estuda na UnB. Ele se chama Glauber Barbosa da Costa, tem 42 anos e, segundo o Portal da Transparência do governo federal, trabalhou no Ministério da Cultura de 2010 a 2015. Os três estavam no local quando os agentes da 2ª DP chegaram ao imóvel. Roupas encontradas na quitinete ajudaram os investigadores a comprovar a autoria do crime.
A polícia investiga se Glauber teve algum envolvimento na morte e por que escondeu os criminosos na própria residência. Até a última atualização desta reportagem, a polícia ainda colhia os depoimentos dos suspeitos.
Veja vídeo do momento da prisão e imagens dos bandidos em câmeras de segurança:
“Hoje estou a fim de matar”
Na 2ª DP, o adolescente de 15 anos, que tem diversas passagens por atos infracionais, assumiu ter dado a facada que matou Maria Vanessa. Ele foi conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). “É revoltante por que mataram essa mulher. Ele disse ‘hoje estou a fim de matar alguém'”, contou o delegado responsável pelo caso, Laércio Rossetto. Segundo o policial, a vítima entregou a bolsa aos ladrões, mas se recusava a passar a chave do carro. Por isso, teria sido esfaqueada.
“É um latrocínio. Não tenho dúvida que foram eles. O caso está elucidado. Só vamos avançar para saber por que eles se esconderam na quitinete e estamos apurando a participação dessa terceira pessoa que estava ajudando eles [os suspeitos]”, disse Laércio Rossetto.
Veja abaixo fotos sobre o caso e vídeo do momento do crime:
Alento
Também na noite desta quarta (9), familiares de Maria Vanessa que moram em Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro começaram a chegar a Brasília para assumir as providências quanto ao translado do corpo da analista para Minas Gerais, onde será sepultada. Eles foram recebidos pelo ex-chefe de Maria Vanessa no MinC, Wanderlan Fernandes Guedes Filho, e seguiram direto para o Instituto Médico Legal (IML).
“A Vanessa adorava morar em Brasília porque aqui era calmo, tranquilo. Ela veio do Rio, uma cidade violenta, e sempre aconselhava a gente a nunca reagir a um assalto”, disse Wanderlan. Ele afirmou estar aliviado com a notícia de que os autores do crime estavam detidos na 2ª DP: “É, ao menos, um alento”.
O caso gerou revolta e comoção entre colegas de trabalho e de estudo da vítima. Durante a tarde, os servidores do MinC fizeram um ato em homenagem à Maria Vanessa em frente ao Edifício Parque Cidade, no Setor Comercial Sul, onde ela trabalhava. Comerciantes da 408 Norte, onde ocorreu o latrocínio, também estão consternados. Por meio de um grupo de WhatsApp, eles passaram o dia mobilizados organizando um protesto pela paz, mas ainda não definiram o dia da manifestação.
A Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (Fac/UnB) divulgou nota de pesar pela morte de Maria Vanessa: leia aqui. O Sindicato dos Jornalistas profissionais do DF também lamentou o latrocínio: confira a íntegra.
Colaborou Ana Helena Paixão