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Polícia Militar cria programa para combater a violência doméstica

O Provid, instalado no 4º Batalhão de Polícia Militar (Guará), já atendeu 100 famílias desde que começou a atuar, em janeiro deste ano

atualizado

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FOTOS E VÍDEO: GABRIEL RAMOS
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Casos de violência doméstica e de estupro ainda são tratados como tabu por parte da sociedade devido ao turbilhão de sentimentos — e traumas — envolvidos, como terror, vergonha, pânico e até mesmo culpa. O dano psicológico causado às vítimas é agravado pelo silêncio, que dificulta a prevenção desse tipo de crime, devastador para as mulheres. Com o intuito de mudar essa realidade e evitar que esposas, mães e filhas corram risco dentro das próprias casas, a Polícia Militar desenvolveu um programa piloto de apoio e acompanhamento às vítimas que vivem próximas de seus agressores. O Provid, instalado no 4º Batalhão de Polícia Militar (Guará), já atendeu a 100 famílias desde que começou a atuar, em 1º de janeiro deste ano.

Com a essência do policiamento comunitário e contando com a parceria do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), a iniciativa é conduzida por um grupo de cinco policiais, responsáveis por acompanhar e acolher as famílias. Os casos chegam ao conhecimento do batalhão por meio do contato via Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) e por ofícios encaminhados pelo MPDFT, além dos policiais que patrulham as ruas.

Quando recebem um chamado, os policiais vão até a casa das famílias para dar início ao primeiro estágio do programa, o de acolhimento.

Quando se trata de um desentendimento entre casais, brigas familiares e casos que podem vir a desencadear a prática de um crime, nossos policiais passam a fazer entrevistas com os membros da família, fornecem um número de celular que atende 24 horas e definem uma série de visitas que podem acontecer semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, dependendo do grau de vulnerabilidade da família

Tenente-coronel André Luiz Borges, comandante do 4º BPM

 

Equipe do 4° BPM, do Guará

Vermelho, amarelo e verde
Todos os casos são arquivados pela PM em pastas coloridas. Cada cor aponta o grau de vulnerabilidade das famílias que estão sendo acompanhadas. A vermelha corresponde a um cuidado especial das equipes. “São casos mais graves, nos quais pode haver violência no seio familiar. Com a ajuda do Ministério Público, podemos encaminhar a vítima para uma casa abrigo e afastar o agressor do convívio familiar. Em situações mais extremas, fazemos a prisão em flagrante”, explicou o sargento Cláudio Dias, que acompanha todos os atendimentos.

As pastas amareladas guardam os procedimentos que envolvem famílias visitadas pelos militares quinzenalmente, mas que ainda precisam de cuidados especiais. “É uma forma de integrar a polícia e a comunidade. É um conceito de polícia cidadã, que previne possíveis crimes. Quando uma família está em harmonia, os jovens se afastam das drogas, os adultos deixam de beber e casos de violência doméstica desaparecem. Sentimos isso nas ruas”, disse o sargento.

Quando o acompanhamento das famílias está em um pasta verde, é sinal que a paz voltou a reinar no seio familiar. Com isso, as visitas passam a ocorrer apenas uma vez por mês.

Ajuda preciosa
A reportagem do Metrópoles acompanhou de perto uma das visitas feitas pela equipe da PM a uma moradora do Guará. Quando a campainha tocou e a pensionista Rosane Torres, 62 anos, abriu a porta, o sorriso no rosto denunciou o laço de amizade criado com os policiais. Os militares ajudaram a moradora do Guará a conduzir um caso de desentendimento familiar.

Rosane mora sozinha com a neta, de 9 anos. A menina começou a se desentender com a avó e as discussões acabaram atraindo a atenção do Conselho Tutelar. “Não fui vítima de violência doméstica ou sexual, mas tinha sérios problemas de relacionamento com a minha neta, de apenas 9 anos. Quando esses policiais entraram nas nossas vidas, tudo mudou. O comportamento da minha neta mudou. São iniciativas como essa que trazem a polícia para o convívio da comunidade”, contou.

Confira abaixo o depoimento da moradora do Guará atendida pelo Provid da Polícia Militar.

 

 

Prevenção
Ações de monitoramento e prevenção poderiam evitar tragédias como as que mataram Jane Carla Fernandes Cunha, e Louise Ribeiro, ambas de 20 anos, vítimas de ex-namorados.

No caso de Jane Carla, ela já tinha registrado uma ocorrência contra Jhonata Pereira Alves, 23, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) este ano. O fato está registrado como Lei Maria da Penha (violência doméstica), por ameaça e lesão corporal. Ela faria 21 anos na última terça-feira (15).

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