Polícia do DF fecha laboratório de drogas que abastecia o país inteiro
Operação da PCDF foi feita em Joinville (SC). Máquinas apreendidas tinham capacidade para produzir 4 mil comprimidos de ecstasy por hora
atualizado
Compartilhar notícia
Investigadores da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) estouraram o maior laboratório de drogas sintéticas já fechado pela Polícia Civil do Distrito Federal. A produção em larga escala ocorria em um sítio na área rural de Joinville (SC). Os entorpecentes eram enviados para todos os estados do país, além do DF. As máquinas apreendidas tinham capacidade para produzir 4 mil comprimidos de ecstasy por hora.
No momento que os policiais chegaram, havia um estoque de 50 mil comprimidos prontos para serem embalados. Um traficante de 29 anos, de família de classe média alta, foi preso. A Operação Merry Christmas foi deflagrada em 18 de dezembro e interrompeu os planos do criminoso, que pretendia lucrar alto com as festas de fim de ano.
Os policiais apreenderam duas máquinas automáticas de prensa de comprimidos, moldes de diversos formatos, vários sacos de celulose, corantes, produtos químicos, quase um quilo de MDMA (principal matéria-prima para fabricar ecstasy) puro e ketamina – anestésico também usado como entorpecente.
Além desses materiais, havia caixas para secagem, R$ 5 mil em espécie, anabolizantes, remédios abortivos, milhares de comprimidos e massa-base para produção de outros 50 mil de comprimidos. Também foram aprendidas uma BMW X1 e uma Mercedes Benz. A identidade do traficante foi mantida em sigilo para não atrapalhar as investigações.
Veja:
Produção nacional
Até a descoberta do megalaboratório, os policiais brasilienses não imaginavam que havia no Brasil um local que pudesse produzir drogas sintéticas com capacidade para abastecer traficantes e usuários em todo o território nacional.
Os comprimidos de ecstasy passaram a ser amplamente produzidos no Brasil, não são somente importados da Europa. Pelo que se observou, a produção nacional já deve se equivaler à quantidade importada. Não há dúvida de que se trata do maior e mais bem organizado laboratório de drogas sintéticas já desarticulado na história da Polícia Civil do DF
Erik Sallum, delegado da Cord
WhatsApp
O delegado explicou que, com as informações levantadas em operações no Distrito Federal, foi possível identificar o modus operandi que tem se multiplicado: por meio de aplicativos como o WhatsApp e envio da droga via postal, os traficantes montaram um modelo de trabalho com alta penetração no território nacional.
Dessa forma, os criminosos tentavam não chamar atenção das autoridades. “Com a alteração das estratégias de investigação, conseguimos descobrir essa dinâmica e alcançar traficantes em outros estados que alimentavam o mercado consumidor do DF”, disse Sallum.
Sítio do ecstasy
A casa que servia como laboratório de drogas havia sido alugada somente para essa finalidade. Todos os cômodos foram transformados para comportar uma das fases de produção, desde a manipulação das matérias-primas e misturas até a compactação. O isolamento do local possibilitava que o traficante virasse a noite com as prensas ligadas sem que chamasse atenção pelo barulho.
Como a propriedade fica em uma região isolada, a polícia não descobriu ainda se traficantes e outros fornecedores costumavam ir até o local para comprar as drogas para, em seguida, redistribuírem aos usuários.
As investigações sobre o esquema criminoso ainda serão aprofundadas pelos investigadores da Cord. Além de todo o material apreendido, o traficante preso foi recambiado ao DF e encontra-se à disposição da 3ª Vara de Entorpecentes do DF.
Ele será julgado no DF por tráfico de drogas. “O fato de o laboratório ter sido encontrado em outra unidade da Federação demonstra a capacidade investigativa da PCDF e o nível de comprometimento dos policiais da capital”, finalizou o delegado Erik Sallum.