Polícia Civil faz a segunda paralisação da semana para pressionar GDF
Servidores vão interromper os serviços por 24 horas a partir das 8h. Delegados estão divididos entre reabrir as DPs ou manter as unidades fechadas
atualizado
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A queda de braço entre os policiais civis e o GDF segue num impasse, mas nesta quinta-feira (20/10) a categoria vai intensificar a pressão. O sindicato que representa os servidores (Sinpol) confirmou a nova paralisação de 24 horas, a partir das 8h. É a segunda interrupção total dos serviços em menos de uma semana. A primeira ocorreu na segunda (17). Na tarde de hoje, em assembleia, será discutido o rumo da Operação Legalidade, que cobra o mesmo reajuste de 37% concedido à Polícia Federal.
Com mais essa manifestação, apenas flagrantes, situações de violência doméstica e crimes graves, como homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) e estupro terão atendimento nas delegacias. Quem procurar as DPs para registrar outros casos voltará para casa sem atendimento.A categoria espera que o GDF apresente alguma proposta antes da assembleia, marcada para as 14h, no Complexo da Polícia Civil, na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig). Até a noite de quarta-feira (19), não havia sinalização por parte do Palácio do Buriti. Caso os policiais não recebam proposta do governo, novas paralisações de 24 horas podem ser marcadas nos próximos dias.
Impasse nas delegacias
Embora os policiais civis estejam inclinados a subir o tom das cobranças, os delegados estão divididos. Na noite de quarta (19), o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo-DF), Rafael Sampaio, afirmou que vai aconselhar a categoria a cumprir a determinação da direção da PCDF. O órgão cobra a reabertura imediata de quatro delegacias em regime de plantão. Sampaio afirma que não concorda com a decisão da direção, no entanto, vai recomendar o cumprimento por “receio de implicações judiciais”.
Ainda de acordo com o presidente do Sindepo-DF, para que haja a reabertura das delegacias sem possíveis problemas, seria necessária a contratação de servidores habilitados. “Não conheço a realidade de todas as delegacias do DF, mas não tenho a menor dúvida de que haverá uma repercussão negativa nessas reaberturas. Acredito que, mesmo com a unidade aberta, haverá limitação de atendimento”, afirma.
No entanto, um grupo de delegados parece não estar disposto a atender a recomendação do sindicato. Uma carta assinada por Érico Vinícius Mendes, diretor em exercício do Departamento de Polícia Circunscricional, alega que, devido à situação “caótica” da Polícia Civil, é impossível cumprir imediatamente as determinações feitas pela direção-geral. O Metrópoles teve acesso ao documento, protocolado pelos delegados na diretoria da PCDF. Veja abaixo:
“Não há justificativa para DPs ficarem fechadas”
Enquanto isso, o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, tenta sensibilizar os servidores. Em entrevista ao Metrópoles, Seba afirmou que “não há justificativa técnica ou legal para o descumprimento da decisão (de reabrir as delegacias)”.
“Estamos planejando reabrir apenas quatro delegacias em um universo de 21. Não cabe qualquer argumento de falta de pessoal ou algo que o valha. Até porque o efetivo que está sendo remanejado continua na ativa. Essa ordem de serviço não é ilegal nem absurda, e seu descumprimento não tem explicação”, disse Seba.
Operação Legalidade e xingamentos no Buriti
Em 4 de julho, a Polícia Civil deu início à Operação Legalidade. Dias depois, 100 delegados entregaram os cargos, 21 delegacias restringiram o horário de atendimento à população e uma série de serviços foram suspensos.
Desde então, os policiais civis têm promovido assembleias periódicas, mas ainda não conseguiram sinalização positiva do GDF, que alega não ter recursos para bancar o reajuste. Em uma das últimas rodadas de conversa com o governo, houve um episódio constrangedor.
Na segunda-feira (17), o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) barrou a entrada do deputado federal Laerte Bessa (PR) de uma reunião com sindicalistas no Palácio do Buriti e o parlamentar reagiu com xingamentos. Pouco tempo depois, Bessa repetiu as ofensas no plenário da Câmara, e a bancada do PSB na Casa prometeu entrar com representação contra o deputado por quebra de decoro.