PMs presos por grilagem se passaram por agentes da PCDF para extorquir
Dois dos militares investigados na Operação Horus foram detidos em 2017 pela 26ª DP acusados de arrecadar R$ 13 mil de traficantes
atualizado
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Dois dos policiais militares investigados por grilagem de terras no Sol Nascente já haviam sido presos pela Polícia Civil do Distrito Federal em setembro de 2017. Agnaldo Figueiredo de Assis e Jorge Alves dos Santos se passavam por agentes da PCDF para extorquir traficantes. A investigação foi conduzida pela 26ª DP (Samambaia).
Segundo o delegado Eduardo Galvão, os PMs arrecadaram, à época, mais de R$ 13 mil, além de apreender drogas e revendê-las. “Eles tinham informantes infiltrados no tráfico que repassavam dados sobre as negociações e onde estavam estocados os entorpecentes. E usavam isso para tomar tudo deles”, explicou.
Na casa de um dos PMs presos foi encontrado um distintivo da Polícia Civil. Além dos militares, outras pessoas foram detidas na ação. A PCDF batizou a operação de Extorsor.
Operação Horus
Na manhã dessa quarta-feira (29/05/2019), os militares voltaram a ser alvo da Polícia Civil no âmbito da Operação Hórus. Além dos dois, outros cinco militares foram presos. Um outro investigado é tio da primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro.
Acusado de participar de uma milícia responsável pelo esquema, o primeiro-sargento João Batista Firmo Ferreira é irmão de Maria Aparecida Firmo Ferreira, mãe de Michelle, esposa do presidente da República Jair Bolsonaro (PSL). A informação foi confirmada ao Metrópoles por fontes da área de segurança pública do DF.
As diligências são conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A suspeita é de que os investigados estariam agindo como milicianos e atuariam para beneficiar o esquema ilegal de parcelamento de terras no Sol Nascente, região considerada uma das maiores favelas da América Latina.
O pedido de prisão preventiva de João Batista foi expedido pela Auditoria Militar do Distrito Federal. O MPDFT e a PCDF também cumpriram 15 mandados de busca por meio da primeira fase da Operação Horus, que foi acompanhada pela Corregedoria da PM.
João Batista é morador do local e bem conhecido na região. Segundo os investigadores, os acusados foram responsáveis pelo surgimento de dezenas de loteamentos ilegais na área. À reportagem, a PMDF afirmou que colaborou com as apurações e que o caso corre em segredo de Justiça. O Palácio do Planalto foi acionado, mas não havia se pronunciado até a última atualização deste texto.
A operação esteve sob comando da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e aos Crimes contra a Ordem Tributária (Cecor) para combater a grilagem de terras do Setor Habitacional Sol Nascente. O MPDFT trabalha na ação por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
É um desdobramento de investigação iniciada na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) há oito anos. Ao longo da apuração, foi identificado, dentro da organização criminosa, um núcleo que agia como braço armado para cometer crimes relacionados às invasões de terras – entre eles, ameaças e homicídios.
A primeira fase é voltada justamente à desarticulação desse núcleo, composto por policiais militares denunciados pelo Gaeco, pelo crime de organização criminosa. De acordo com o MPDFT, eles eram responsáveis por proteger e dar suporte aos grileiros, bem como por comercializar parte dos terrenos. As investigações têm como base informações contidas em inquérito policial militar instaurado pelo Departamento de Controle e Correição da PMDF para apurar os fatos.
A ação foi batizada de Horus – o deus do sol, segundo a mitologia egípcia. É uma referência ao Sol Nascente.
Veja os nomes dos PMs presos:
Agnaldo Figueiredo de Assis
Francisco Carlos da Silva Cardoso
Jair Dias Pereira
João Batista Firmo Ferreira
Jorge Alves dos Santos
José Deli Pereira da Gama
Paulo Henrique da Silva
“Véi da 12”
Outro investigado na Operação Horus é o sargento José Claudio Bonina, conhecido como “Véi da 12”. Promotores e policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa dele. Não há mandado de prisão contra o policial.
O militar é conhecido por ostentar uma arma calibre .12. Costuma fazer muitas apreensões de drogas e armas. Nas últimas eleições, ele se candidatou pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) a deputado distrital, mas não foi eleito.