PM que matou jovem em boate estava com assaltante do Banco Central
Adelino Angelim se apresentou como agente penitenciário e ajudou o policial militar a agredir um homem no Itapoã, no Distrito Federal
atualizado
Compartilhar notícia
O segundo-sargento do 20° Batalhão da Polícia Militar (PMDF) Carlos Eduardo Lopes Vidal, acusado de matar o jovem Ithallo Matias Gomes, 20 anos, na madrugada de 28 de junho no Itapoã, estava acompanhado de um criminoso que participou do cinematográfico assalto ao Banco Central, em Fortaleza (CE). No roubo ocorrido há 13 anos, em agosto de 2005, foram levados R$ 164,7 milhões. A afirmação é da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá).
Adelino Angelim de Sousa Neto (foto em destaque) foi condenado pela Justiça e, agora, cumpre prisão domiciliar. Atualmente, ele mora em uma casa simples no Paranoá. De acordo com a delegada-chefe da 6ª DP, Jane Klébia, o homem será indiciado por lesão corporal. “Testemunhas afirmaram que, na noite do crime, o PM chegou ao bar acompanhando de duas pessoas. Identificamos que uma delas é Adelino”, ressaltou a policial.
De acordo com o depoimento das testemunhas, o militar e os amigos encontraram na boate uma mulher com quem o policial se relacionava. Eles se aproximaram, mas os amigos dela não sabiam que os dois já se conheciam. Por isso, pensaram que o PM a estava assediando. A partir daí, começaram a trocar socos e empurrões.
Os amigos do sargento ajudaram a bater em um dos homens. Eles espancaram e arrastaram a vítima pela rua. Durante a confusão, o policial disparou contra o agredido, mas o tiro acabou acertando Ithallo, que passava pelo local. “O rapaz morreu de graça, porque o acusado tinha a intenção de acertar outra pessoa”, disse a delegada.
“Os dois homens que estavam com o policial militar chegaram a se apresentar como agentes penitenciários. Informação que comprovamos ser falsa. O caso será relatado e enviado à Justiça ainda nesta terça [02/07/2019]”, acrescentou Jane Klébia.
Além de homicídio qualificado, o PM vai responder por omissão de socorro e falsa declaração. Aos investigadores, o militar chegou a afirmar que atirou porque o jovem tentou roubar a sua arma. Antes mesmo de ouvir o militar pela segunda vez, a delegada concluiu que ele mentiu no primeiro depoimento. “Foi uma farsa. Ele já teve a oportunidade de contar a história, e outras testemunhas disseram que a versão dele não faz sentido”, afirmou ao Metrópoles.
Preso em 2018
Adelino foi preso pela Polícia Militar em 14 de agosto do ano passado, no Paranoá. Ele integrava a quadrilha que protagonizou o maior assalto a banco da história do Brasil. Durante a prisão, os policiais encontraram na casa dele uma pistola calibre .380 com 12 munições. O criminoso estava com a mulher e a filha no momento e não reagiu. De acordo com as investigações da Polícia Federal, o rapaz ajudou os integrantes da quadrilha a levar parte do dinheiro roubado.
Inicialmente, Adelino foi condenado a 18 anos de prisão, mas a defesa recorreu e conseguiu reduzir a pena para 14 anos e 6 meses. Quando o crime de organização criminosa prescreveu, a sentença foi fixada em 3 anos. Adelino era considerado foragido da Justiça.