Planalto vai brigar no STF para manter Marcola em Brasília
“Nós vamos utilizar todos os recursos possíveis”, avisou o general Augusto Heleno, em entrevista à BandNews FM Brasília
atualizado
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O Palácio do Planalto vai recorrer caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite o pedido do governador Ibaneis Rocha (MDB) para transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outras lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) do Presídio Federal de Brasília.
O STF deu 72 horas para o ministro da Justiça e Segurança Pública, ex-juiz Sergio Moro, se manifestar sobre a presença de Marcola na penitenciária que fica ao lado no Complexo da Papuda. Ibaneis se queixa que o GDF não tem sequer informações sobre deslocamentos e a remoção das principais lideranças do PCC.
Em entrevista à Rádio BandNews FM na manhã desta sexta-feira (14/02/2020), o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse que o sigilo das informações é necessário. Entre outros motivos, porque existem facções criminosas infiltradas nos órgãos de segurança, segundo afirmou. Neste contexto, o ministro pediu a “compreensão” a Ibaneis.
“Sabemos que tem gente infiltrada nos órgãos de segurança. São coisas que têm que ser mantidas em sigilo”, disse o general.
Heleno enfatizou ainda a confiança na avaliação do STF. No entanto, caso a decisão seja a favor do GDF, o Planalto irá reagir. “Nós vamos utilizar todos os recursos possíveis”, pontuou. Segundo o ministro, não é possível antecipar se o Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), publicado em 7 de fevereiro, será estendido ou não após 6 de maio deste ano, data-limite para uso das Forças Armadas para reforço da segurança na área externa do Presídio Federal de Brasília.
Para Heleno, o foco no decreto é na Papuda e não deverá se prolongar indefinidamente. Disse também que o governo federal tem a política de rodízio de presos federais entre os estados. “Então, o objetivo é desencorajar que tentem fazer qualquer tipo de resgate do presídio da Papuda. Naturalmente, isso aumenta a segurança da própria cidade, porque há um movimento de tropa lá para a área”, explicou.
Conforme o Metrópoles noticiou em primeira mão, em reportagem de Mirelle Pinheiro, o PCC havia planejado um plano de fuga.
Segundo Heleno, Sergio Moro, vem empregando esforços para isolar as lideranças das facções criminosas. “Elas estavam aumentado nitidamente a capacidade de se comunicar. Quanto mais a gente isolar os líderes, melhor”, comentou. O chefe do GSI reconheceu peso individual de Marcola, destacando a importância de seu isolamento.
“Ele [Marcola] é um chefe que tem um poder. A ideia é conseguir coibir o máximo qualquer ação organizada desses grupos e cortar o dinheiro deles. Diminuir a capacidade financeira, de se comunicar e de recrutar novos integrantes”, explicou.
Para Heleno, o poder público precisa cortar as linhas de transmissão de recursos das facções. “Quer acabar com o crime organizado? Vai atrás do dinheiro”, ressaltou.