PCDF prende suspeito da morte de estudante da UnB na Rodoviária
Assassinato teria sido motivado por um gole de cerveja. Segundo a polícia, o autor da facada, que seria um adolescente, ainda está foragido
atualizado
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Agentes da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) prenderam um homem suspeito de participar do assassinato do estudante da Universidade de Brasília (UnB) Milton Junio Rodrigues de Souza, 19 anos, na Rodoviária do Plano Piloto. O jovem foi morto na madrugada de terça-feira (15/1), com uma facada no peito. Um adolescente de 17 anos, que teria matado o aluno de ciências políticas, também foi identificado, mas está foragido.
De acordo com a investigação, o morador de rua Adriano Ferreira dos Santos (foto de destaque), 34 anos, recém-chegado ao Distrito Federal, teria pedido um isqueiro emprestado para a vítima. Além do objeto, o suspeito, identificado apenas como Adriano, também queria um gole da cerveja que o estudante carregava.
“No depoimento, o preso disse que Milton se recusou a dar a bebida e xingou a mãe dele, dando início a uma discussão com troca de ofensas. O adolescente teria visto a briga e perguntou ao morador de rua se ele queria bater em Milton. Adriano teria dito que sim. A dupla foi atrás da vítima no banheiro do terminal e iniciou as agressões. Em meio ao embate, o menor pegou uma faca e matou o estudante”, explicou o delegado adjunto da 5ª DP, Gleyson Mascarenhas.
Adriano, no entanto, afirmou à polícia que não sabia que o colega estava com a faca. Ele vai responder por homicídio qualificado e corrupção de menor.
Veja um trecho do depoimento de Adriano:
A 5ª DP segue à procura do adolescente. Os investigadores levantaram que o menino é conhecido na Rodoviária, local onde mora com a família. O garoto tem diversas passagens por tráfico e o pai está detido no presídio de Planaltina de Goiás (GO), Entorno do DF.
Inicialmente, a Polícia Militar havia afirmado que os suspeitos levaram a carteira e o celular da vítima. Mas a informação foi corrigida pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (17).
Comoção
Milton Junio foi sepultado na tarde dessa quarta (16) no cemitério Campo da Esperança, no Gama. O clima de comoção tomou conta da cerimônia. “Tiraram meu menino”, disse aos prantos Vera Lúcia Rodrigues, de 41 anos, mãe do universitário.
Consternada, Vera só conseguia chorar a ausência do filho e dizer poucas palavras: “Foi embora e deixou meu coração acabado”. Os pais do jovem estavam na Bahia, cuidando do avô de Junio, quando o crime aconteceu. O pai chegou a ficar atordoado e precisou sair, mas depois voltou. “Tenho problemas cardíacos. Se eu falar, me desespero”, contou. O irmão mais velho também passou mal.
Familiares e amigos do rapaz ficaram abalados e pediam justiça. Junio era caseiro e evitava confusões, disse a prima. Lembrado pelos amigos como alguém alegre e divertido, cursava o quinto semestre de ciências políticas.
O estudante morou a vida toda com os pais e o irmão mais velho no Gama. No mesmo lote, vivem suas tias, seus primos, seu padrinho e sua madrinha. Patrícia Conceição Souza, 41, faxineira, tia, relata que participou do crescimento e desenvolvimento do sobrinho. Ela reforça a personalidade sossegada de Junio. “Só queremos justiça”, desabafa.
O crime
Uma testemunha que presenciou o assassinato brutal detalhou ao Metrópoles como foi a abordagem criminosa e os momentos de terror. “Ele [Milton] veio correndo e sangrando em minha direção”, contou Ícaro Carlos de Sousa, 19.
Eu tentei estancar o sangue com uma mão e ligar para a emergência com a outra. Depois de 15 minutos, os bombeiros chegaram. Tentaram reanimá-lo por 30 minutos, mas não teve jeito
Ícaro Carlos de Sousa, testemunha
Milton, Ícaro e mais um jovem voltavam de uma festa no Conic. Quando eles passaram pela escada rolante da Rodoviária do Plano Piloto, foram abordados por um morador de rua. O homem pegou o isqueiro do trio. “Ele tomou o isqueiro e ficou mexendo com a gente. Nós não gostamos, mas não fizemos nada. Depois, ele começou a xingar, mandando a gente sair da escada”, disse Ícaro.
Ainda segundo o jovem, após a discussão, um amigo do morador de rua chegou e foi para cima de Milton Junio.