Furto e receptação de cargas: PCDF mira donos de supermercados
Sócios proprietários, funcionários e motoristas de caminhões fretados da rede Alvorada estão entre presos nesta quarta-feira (7/11)
atualizado
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A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (7/11), uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de furto e receptação de cargas. De acordo com as investigações da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), os produtos eram desviados das fornecedoras e revendidos em supermercados nas regiões de Santa Maria e Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF. O prejuízo ultrapassa R$ 1,5 milhão, segundo a polícia.
A ação, batizada de Latrinariam (papel higiênico, em latim), mira nos donos e funcionários da rede de supermercados Alvorada, além de motoristas de caminhões fretados. São cumpridos 14 mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão em Santa Maria, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, Recanto das Emas, Gama, Brazlândia e Valparaíso.
Até as 7h, 13 pessoas haviam sido presas e uma arma apreendida. Os investigados responderão por organização criminosa (pena de três a oito anos de reclusão); furto mediante fraude (dois a oito anos); receptação qualificada (três a oito anos); adulteração de sinal identificador de veículo automotor (três a seis anos); falsidade ideológica (um a cinco anos); e uso de documento falso (dois a seis anos). A reportagem ainda não conseguiu contato com o supermercado Alvorada.
Confira imagens da operação:
“Esse mercado (Alvorada) mistura a venda de produtos lícitos com ilícitos. Acreditamos que grande parte das mercadorias é ilícita advinda do furto de cargas. A função do supermercado era revender esses produtos e adquirir lucro para a organização criminosa”, explicou o delegado Luiz Fernando, da Corpatri. Durante as buscas, os policiais flagraram carnes armazenadas em locais inapropriados e até mesmo a presença de gatos e insetos na área do açougue.
De acordo com o delegado André Oliveira, o dono da rede Alvora, identificado como Eudes Teixeira, ostentava carros de luxo. Durante as investigações, os policiais descobriram que o empresário também é proprietário uma loja de veículos em Santa Maria.
“Ele coloca os carros em nomes de laranjas para se esquivar da operação policial. Essa revendedora não possui mais o cadastro na Receita Federal. Estimamos que aqui tem aproximadamente 100 automóveis”, disse o delegado Oliveira.
Modo de atuação
Eudes Teixeira da Silva é apontado como o líder do grupo criminoso, segundo as apurações da Corpatri. A mulher dele, Rita de Cássia Medeiros, atuava como sócia e gerente geral da rede Alvorada. Amancio Santos da Silva e Fabiano Gomes da Silva eram gerentes dos comércios. Outros 10 funcionários também participavam do esquema.
A quadrilha se dividia em duas frentes: a de furto e outra de revenda das mercadorias. Clemilton Bento da Silva, que trabalha no Alvorada, ainda segundo a PCDF, aliciava motoristas de caminhão. Eles eram contratados pelas empresas transportadoras para a realização de fretes e desviavam as cargas para o grupo criminoso.
Um dos modos de atuação do grupo, na tentativa de evitar uma investigação policial, consistia no uso de documentos falsos por parte dos motoristas para realizar seu cadastro junto às transportadoras, de forma que, quando a empresa percebia que foi vítima de furto, não conseguisse “rastrear” o motorista.
Além disso, segundo a Corpatri, o grupo também utilizava caminhões de Clemilton. Os veículos tinham placas clonadas. Após a subtração das cargas, elas eram repassadas ao núcleo “comercial” da organização criminosa, responsável por adquiri-la e revendê-las em comércios do líder do grupo, Eudes Teixeira.
A organização subtraiu ou desviou pelo menos 27 cargas contratadas mediante frete junto às empresas do setor. Segundo os levantamentos realizados, foram seis ocorrências policiais registradas no Distrito Federal e outras 21 no estado de Goiás
delegado-chefe da Corpatri Marco Aurélio Vergílio