PCDF mira integrantes do PCC encarregados de castigar devedores
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão nas cidades de Piraquara (PR) e Uberaba (MG)
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Civil (PCDF) lançou, na tarde desta sexta-feira (10/01/2020), nova ofensiva para coibir a consolidação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Distrito Federal. Agentes cumpriram dois mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão nas cidades de Piraquara (PR) e Uberaba (MG). Os investigados teriam funções importantes dentro da organização.
Os criminosos eram responsáveis por definir castigos a serem aplicados nos faccionados inadimplentes, que possuem dívidas com o PCC. Em uma ligação monitorada pela PCDF, um interno conduzia uma espécie de ritual de punição contra um dos integrantes da facção. Todas as ordens eram dadas de dentro do presídio por meio do celular.
A ação, coordenada pela Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac), da PCDF, dá sequência à Operação Guardiã 61, deflagrada em 7 de janeiro. As buscas foram realizadas em presídios de Piraquara e de Uberaba.
Em meio à diligência, realizada numa cela no Presídio de Piraquara, que contou com o apoio do Setor de Operações Especiais do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do estado do Paraná, foi encontrado um aparelho de telefone celular, além de bilhetes manuscritos.
A Penitenciária Estadual de Piraquara se tornou local de concentração de um dos núcleos de lideranças do PCC. Segundo a polícia, é lá que funciona o grande centro contábil da facção.
A informação foi revelada no ano passado, em relatório da Polícia Federal referente à Operação Cravada. É no complexo do Paraná que ao menos dois chefes do PCC elaboram planilhas e verificam a arrecadação da quadrilha.
Na investigação da Polícia Civil do DF, por meio da Operação Guardiã 61, os investigadores constataram uma intensa comunicação feita por parte de um dos internos do Paraná com os criminosos que estão soltos.
As apurações foram iniciadas em fevereiro de 2019, quando foi detectada, pela inteligência da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) do DF, ameaça à juíza titular da Vara de Execuções Penais. As intimidações vieram de detentos da Papuda que integram a organização criminosa.
Logo depois, com a transferência da cúpula do PCC para o Presídio Federal do Distrito Federal, em março de 2019, a investigação teve seu foco apontado para eventual movimento da facção no sentido de fortalecer sua base no DF.
Essa ação ficou demonstrada por meio da abertura de uma célula, antes não existente na capital, composta por advogados. Ela foi chamada “sintonia dos gravatas”. Houve, ainda, a instalação de uma “casa de apoio” da facção em Taguatinga.
A Divisão de Repressão a Facções Criminosas da PCDF realiza há mais de seis anos o combate a organizações criminosas no Distrito Federal e tem contado com o apoio da Depen e da Sesipe.
14 mandados
Na megaoperação, deflagrada na manhã de 7 de janeiro, a Operação Guardiã 61 expediu 14 mandados de prisão preventiva e 10 de busca e apreensão, e mandou colocar tornozeleira eletrônica em um dos alvos, conforme ordens expedidas pela da 5ª vara criminal do DF.
Segundo os investigadores, uma célula da organização criminosa era composta por, ao menos, 30 integrantes e atuava praticando crimes como roubos e tráfico de drogas.
O grupo se dividia em núcleos específicos de atuação. Enquanto uma parte se dedicava às práticas criminosas, a outra tentava estabelecer condições para o desenvolvimento e a consolidação do grupo na capital federal, uma vez que seu principal líder, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, está detido no Presídio Federal de Brasília.