PCDF apreende carros de motoristas envolvidos em rachas
Operação da Polícia Civil do Distrito Federal cumpre mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (10/11)
atualizado
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Na manhã desta terça-feira (10/11), a Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri) cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de envolvidos em rachas no Distrito Federal. Foram apreendidos dois veículos utilizados nas corridas ilegais — um Citröen c4 Pallas e um Renault Sandero.
Segundo a Corpatri, cerca de 30 carros tinham suas caraterísticas adulteradas para que, nas madrugadas, seus condutores travassem disputas nas pistas da capital federal em eventos criados por meio de grupos de redes sociais.
Além do crime de direção perigosa, previsto no Código de Trânsito Brasileiro, foi apurado que os participantes dos eventos consumiam bebidas alcoólicas antes das corridas, aumentando o risco para terceiros.
A investigação ainda em andamento, que teve início com o registro de acidentes de trânsito, verificou que os envolvidos divulgavam velocímetros que marcavam até três vezes a velocidade permitida da via em grupos e redes sociais.
Todos os suspeitos serão ouvidos na delegacia e poderão ser incursos nas penas dos crimes de direção perigosa, associação criminosa, apologia e incitação ao crime, que podem resultar em penas acima de sete anos de prisão.
O Metrópoles teve acesso, em primeira mão, aos vídeos gravados pelos policiais e também às imagens publicadas nas redes sociais pelos jovens que participam dos rachas.
Veja vídeos dos rachas no DF:
Pelo “like”
Apostando na impunidade, os participantes fazem questão de tornar públicas as corridas ilegais. As disputas em alta velocidade são alimentadas pelo like nas redes sociais. A repercussão das postagens e as curtidas servem de combustível para o exibicionismo. Os corredores querem “bombar” na internet. Alguns vídeos feitos na L4 Sul, madrugada adentro, flagraram os carros, alguns com cerca de 300 cavalos de potência, emparelhando e arrancando com violência logo em seguida. A gritaria da plateia acompanha o fritar dos pneus no asfalto.
Nos estacionamentos de clubes, como o do Nippo, a disputa entre os pilotos clandestinos começa ainda com os carros desligados. Primeiro, os racheiros medem quem tem o som mais alto. Além da música, o álcool abastece o ego dos corredores. O consumo de cerveja e de outras bebidas corre solto. Nos pontos de encontro dos pegas não existe Lei Seca. Garotas circulam entre as máquinas. Ali, sinal de status é ter grandes rodas de liga leve que podem custar R$ 10 mil o jogo.
De acordo com as investigações, os motoristas, em sua maioria, são moradores do Park Way e das asas Sul e Norte, mas há alguns que residem em Taguatinga. As diligências da Corpatri apontam que existe grau de organização bem definido nos eventos ilegais. A comunicação entre os participantes é feita por grupos de WhatsApp e comunidades privadas em redes sociais.
“A situação é de tanto descontrole que os participantes perderam o temor. Isso fica claro com as publicações abertas em redes sociais que mostram velocímetros marcando velocidades absurdas”, pontua a PCDF.
Infração gravíssima
Atualmente, o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) fixa a pena pelo crime de participação em racha em um período de 6 meses a 3 anos de detenção. E poderá resultar em reclusão, no caso de a prática gerar lesão corporal grave ou morte.
A pena é de 3 a 6 anos de reclusão no caso de lesão corporal e de 5 a 10 anos se resultar em morte. Pelo texto, a condenação independe da comprovação de que o motorista quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
A norma também aumenta em 10 vezes as multas aplicáveis aos motoristas envolvidos em racha, competições não autorizadas e demonstrações de manobras arriscadas. Se houver reincidência no prazo de 12 meses, a nova autuação será aplicada em dobro.