PCDF analisa câmeras para medir velocidade de motorista que atropelou casal
Investigadores querem saber se Caio Ericson estava acima do limite permitido para um possível indiciamento na esfera criminal
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ainda analisa imagens de câmeras de segurança de casas e condomínios ao longo da Estrada Parque Dom Bosco (EPDB) para saber se Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, 32 anos (foto em destaque) estava em alta velocidade e participava de um racha quando atropelou um casal na altura da QI 19 do Lago Sul.
Segundo o delegado-chefe da 10ªDP, Wellington Barros, essas informações são importantes para saber se o caso tem aplicação apenas no código de trânsito ou também no código penal. “A partir disso saberemos quais crimes esse cidadão vai responder, podendo chegar a tentativa de homicídio com dolo eventual”, afirma.
Os responsáveis pelo caso irão fazer o cálculo da velocidade do veículo baseado nas imagens que conseguirem. “Vamos ver quanto tempo ele demorou para ir de um ponto a outro, ir no local e fazer a medição da distância. Dessa forma, saberemos se ele estava em alta velocidade ou não”.
Um exame toxicológico também foi pedido pelos investigadores para confirmar a versão de Caio de que ele não teria usado drogas. A defesa dele também pediu para que o teste de alcoolemia fosse feito, mesmo três dias depois do atropelamento.
Quem ainda falta ser ouvida é Paula Thays Gomes de Oliveira, 18 anos. Internada em estado grave, ela é considerada peça fundamental para explicar o que aconteceu. “Temos que esperar o momento em que ela esteja melhor para podermos ouvi-la e entender a questão de ela ter sido arrastada”, conta Wellington Barros.
Comissionado no Senado
Caio Ericson é funcionário comissionado do Senado Federal. Ele está lotado no gabinete do senador Lucas Barreto, do Partido Social Democrático do Amapá. Mello trabalha como auxiliar parlamentar sênior. De acordo com o Portal da Transparência, tem remuneração média de R$ 11.245.
A reportagem tenta contato com a assessoria de imprensa do Senado Federal e também com a do parlamentar citado.
O comissionado esteve nesta terça-feira (18/8) na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), onde prestou depoimento. Segundo o delegado Wellington Barros, o motorista que atropelou o casal na região administrativa contou, em depoimento, não se lembrar do que aconteceu.
“Ele disse que não se recorda do acidente, negou ter ingerido bebida alcoólica e disse estar tomando um remédio”, contou.
Segundo o homem de 32 anos relatou na oitiva, ele teria tido um apagão enquanto dirigia. “Falou que se recorda muito bem de estar em um restaurante e só”, disse o delegado.
Apesar de dizer que usa remédio controlado, o responsável pelo acidente não informou qual é o componente ingerido. “Isso vai ser analisado: ver se tem receita ou não. Podemos pedir para os advogados colocarem isso nos autos”, explicou o investigador.
Sem falar com a imprensa, os representantes dele, Ana Carolina Alipaz e Eraldo Clemente, deram a versão do condutor. Segundo eles, o homem é da área de administração e teve “um apagão” durante o acidente.
Outro fator apontado pelos defensores foi o atual estado emocional do causador do acidente. Segundo eles, o motorista também passa por um divórcio e está em tratamento psicológico, inclusive tomando remédios.
Estado gravíssimo
Paula está internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e segue em estado gravíssimo segundo a última atualização do estado de saúde dela na manhã desta terça-feira (18/8). Ela precisou amputar a mão esquerda e passou por uma mastectomia bilateral.
A vítima, arrastada por cerca de 4 quilômetros pelo veículo, teve múltiplas escoriações no tórax, coxa, joelho, mão e pé. Ela chegou ao hospital com alguns dedos dilacerados e múltiplas fraturas expostas. Precisou ser entubada.
O casal estava em uma motocicleta conduzida por Douglas Gonçalves dos Santos, 20 anos. Após ser socorrido, Douglas foi ouvido por agentes da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). “Eu vi o carro, era um Volkswagen Up! branco, e tinha mais outro [veículo]. Pareciam estar apostando um racha”, contou à reportagem.
Ao Metrópoles, ele descreveu os momentos de desespero que passou ao ver a namorada ser arrastada pelo automóvel.
“Eu lembro de tudo. Estávamos voltando do McDonald’s, quando vi um pardal na minha frente e reduzi. Quando olhei o retrovisor, só deu para ver o farol do carro se aproximando. Não tive tempo para reagir”, conta.
Atingidos em cheio
A motocicleta com o casal foi atingida em cheio pelo veículo que vinha logo atrás. “Senti a pancada na traseira da moto, quando vi estava debaixo do carro e ele passando em cima das minhas pernas”, descreveu Douglas.
Caído no chão, o jovem viu Paula ser arrastada pelo veículo. “Ficou grudada no capô do carro, foi arrastada. Ficou toda ensaguentada, cortada, e uma parte do peito foi arrancada”, lamentou.
Douglas temeu pela vida da companheira. “Só pensava que não ia andar mais, mesmo depois de ser atropelado, saí procurando ela, olhei no mato, olhei para todos os lados e não achava. Desesperador”, resumiu.
A dificuldade em localizar Paula se deu pelo fato de o carro tê-la arrastado por 4 quilômetros. “[Paula] Corre risco de morte, teve até que amputar uma mão. Eu fiz os exames que apontaram lesões no músculo, mas não quebrei nenhum osso”, afirmou Douglas.