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PCC: anotações revelam plano de resgatar Marcola em Brasília

Drones sobrevoaram o complexo penitenciário federal, em São Sebastião, onde Marcola está preso desde março do ano passado

atualizado

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JORGE SANTOS/AE CONTEÚDO
Marcola, líder do PCC
1 de 1 Marcola, líder do PCC - Foto: JORGE SANTOS/AE CONTEÚDO

Após a transferência do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola (foto em destaque), para o sistema penitenciário federal, em fevereiro de 2019, autoridades policiais de São Paulo e Brasília constataram a continuidade do plano voltado a regatá-lo.

Em março, com a chegada de Marcola a Brasília, os faccionados se mobilizaram em uma tentativa de viabilizar a empreitada no Distrito Federal.

Anotações captadas por autoridades da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) indicam que os criminosos estão apenas aguardando o aval do traficante internacional Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho.

Ele é um dos principais nomes do PCC que está solto e atua nas ruas. Há indícios de que Camacho desembolsou cifras milionárias para que o acordo com Fuminho seja cumprido.

Segundo os informes captados, após a saída de Marcola da Penitenciária de Presidente Venceslau, as funções estratégicas do grupo dentro do sistema carcerário foram divididas entre três internos: Márcio Domingos Ramos, Valcedi Francisco da Costa e Wilber de Jesus Marces.

As investigações apontam que o trio está alinhado com Fuminho para orquestrar o resgate. Algumas funções já teriam sido definidas, como o responsável pela seleção de integrantes com alto nível de conhecimento militar e de armamentos.

O PCC chegou a sobrevoar a Penitenciária Federal de Brasília com o uso de drones. O artifício é comumente usado pela facção para mapear e traçar estratégias de ataque.

Confira o compilado de anotações do PCC com as devidas adequações textuais:

“Primeiramente, um forte abraço a todos. A situação está da seguinte forma: quem está fechando no pavilhão um da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau são os nossos irmãos Gaspar e Ralf e no pavilhão dois, o Ariel. A sintonia está na rua, mas temos ordens deixadas pelo Marcola que temos que agir na inteligência.

O Carlão da Zona Norte já está se alinhando com os integrantes que tem conhecimento de armamentos e mandou um recado para todos de outros Estados. Tem que disponibilizar dois irmãos de responsa de cada Estado para formar um time da hora. Estamos no aguardo do Fuminho para dar retorno se vai tirar o Marcola da Penitenciária Federal de Brasília.

Sabemos que o drone já voou lá e até o momento não tinha militares do Exército. Mas sabemos que tirar o Marcola de Brasília tem que ter um planejamento diferenciado de todos e só com o apoio do Fuminho que podemos concluir o resgate.

Esse time do Carlão é para agir com cautela, no momento certo vamos para cima dos agente públicos que mandaram a cúpula do PCC para aquele lugar desumano. Sabemos que o planejamento utilizado não era o correto, mas só tinha esse para se comunicar na urgência.”

Estado preparado

Ao mesmo tempo em que a facção se articula, o Estado se une para combater o crime organizado. Conforme o Metrópoles noticiou com exclusividade, um acordo entre o Ministério da Justiça e o Exército foi firmado para fortalecer a atuação contra as quadrilhas. Blindados do Exército chegaram a cercar o complexo federal em São Sebastião.

Agentes que atuam nas penitenciárias nacionais passam por diversos treinamentos com o uso de armamentos pesados. Equipes de inteligência do sistema federal também unem forças com variadas agências de inteligência do país.

Na capital da República, a força-tarefa é reforçada com a intensa atuação da unidade especializada no combate às façcões da Polícia Civil do DF (PCDF), a Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac).

Os presídios são novos e contam com robusto aparato policial, além de estrutura reforçada. Há circuito de câmeras com transmissões em tempo real,  sensores de movimento e alarmes. Os sistemas têm equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC
Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)
Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento
Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados
Criminosos perigosos estão no DF
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O presídio federal foi inaugurado no DF em outubro de 2019

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A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC

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Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)

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Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento

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Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados

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Criminosos perigosos estão no DF

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A cúpula da Segurança Pública do DF quer evitar a vinda de líderes de facções criminosas

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Cada preso fica em cela individual de 6 m² e tem direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos podem visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares têm acesso ao pátio.

É proibida a entrada de televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa. Os presídios federais começaram a ser construídos em 2006 e cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP).

As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

Advogada do DF recrutada

O monitoramento feito dentro da Penitenciária Federal de Brasília resultou na identificação de uma tentativa de transmissão de mensagens da cúpula do PCC por meio de advogados, os chamados “gravatas”.

Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), uma advogada brasiliense que atende os integrantes do primeiro escalão detidos na Penitenciária Federal de Brasília é suspeita de transmitir recados da cúpula para os demais membros da facção.

A mulher foi alvo de um mandado de busca e apreensão na terça-feira (07/01/2020), na Operação Guardiã 61. A investigação conduzida pela Polícia Civil do DF, com apoio do Depen, ajudou na coleta de mais provas sobre a tentativa de estabelecimento do PCC na capital federal.

Moradora do Jardins Mangueiral, em São Sebastião, a jovem tinha como livros de cabeceira obras dedicadas à história da facção paulista. Na residência, os investigadores colheram contratos, comprovantes de transferências bancárias e anotações conhecidas como “cara-crachá”, uma espécie de formulário contendo informações pessoais dos integrantes e suas respectivas funções.

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Os clientes da advogada no presídio federal são: Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller Júnior, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, apelidado de Funchal, ou Tio Sam.

Antes de atender a cúpula, a mulher atuava na defesa de faccionados presos no Complexo Penitenciário da Papuda.

Autoridades ameaçadas

Informações obtidas pelo Metrópoles apontam que a advogada também ajudou a levantar informações sobre um delegado da Difac que atuava há um ano nas apurações da Operação Guardiã 61. O policial teve imagens de suas redes sociais, reportagens e dados pessoais difundidos entre os integrantes da facção.

A ameaça do PCC a autoridades é recorrente. Um exemplo disso é a Operação Guardiã, que teve as investigações iniciadas após a obtenção de bilhetes com ameaças a uma magistrada do DF. O informe foi captado por agentes da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF (Sesipe), dentro da Papuda.

“Essa ameaça comprova a existência da facção no Distrito Federal e, inclusive, a presença dos chamados ‘gravatas’: advogados responsáveis por transmitir as ordens de dentro para fora dos presídios”, explicitou o delegado-chefe da Difac (divisão da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado), Guilherme Sousa Melo.

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