Nova confusão esquenta clima entre policiais civis e militares do DF
De acordo com agentes da PCDF, PMs usurparam funções da corporação. Já a Polícia Militar afirma que civis atrapalharam operação
atualizado
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Mais um capítulo na queda de braço entre as polícias civil e militar do DF ocorreu nesta sexta-feira (7/4), no Recanto das Emas. Agentes da PCDF acusam três PMs de invadirem uma casa sem mandados e de se apropriarem das funções da corporação. A Polícia Civil vai apurar se houve crime de usurpação de função pública.
O caso ocorreu por volta das 17h. Segundo policiais civis, três PMs descaracterizados entraram em uma residência sem autorização em busca de armas. A casa, no entanto, já era observada por uma equipe da 27ª DP por suspeita de abrigar operações ilícitas.
Os agentes, então, questionaram os militares e todos foram encaminhados à delegacia. No entanto, ainda de acordo com policiais civis, os PMs foram embora do local antes de serem ouvidos pelo delegado de plantão e, mesmo após convocados, não haviam aparecido para prestar esclarecimentos na delegacia. Agora, eles estão sob custódia da Corregedoria da PMDF.Os militares foram autuados por abuso de autoridade, usurpação de função pública, facilitação de fuga e ameaça. A situação deles será definida em audiência de custódia.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve acesso, o morador de uma das casas disse que os PMs teriam entrado sem autorização e ordenado à sua avó que saísse da frente para eles entrarem. Contou, ainda, que dentro do imóvel os militares teriam revirado tudo e chegaram a quebrar uma porta.
A Polícia Militar esclareceu que o Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) recebeu uma denúncia informando sobre uma casa onde haveria armas de fogo escondidas, inclusive com o nome do suspeito e fotos das supostas armas. De acordo com a corporação, uma equipe do serviço de inteligência foi acionada para monitorar o local e, antes de chegarem ao endereço, os policiais ouviram disparos de arma de fogo.
Ainda segundo a PMDF, um suspeito foi visto correndo do local e foi detido. Os policiais fizeram contato com duas moradoras da casa e elas permitiram que fossem realizadas buscas na residência. Cerca de três minutos depois, ainda conforme informações da corporação, as buscas na residência não foram concluídas em razão da chegada de diversas equipes da Polícia Civil que interromperam a ação questionando a sua legalidade.
Serviço velado
Em dura nota, o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) criticou a atitude dos PMs: “Os policiais militares sem uniforme estavam de serviço, naquilo que a Policia Militar chama de serviço velado. Na verdade, trata-se de crime de usurpação de função pública, uma vez que compete aos policiais civis a investigação”, afirma o presidente da entidade, Rodrigo “Gaúcho” Franco.
O Sinpol-DF culpa ainda a PM pelo aumento da criminalidade na capital: “A prevenção ao crime não tem acontecido em razão de a Polícia Militar retirar das ruas, todos os dias, dezenas de viaturas que deveriam estar caracterizadas e centenas ou milhares de policiais militares que deveriam estar uniformizados e patrulhando as ruas”.
Por fim, o sindicato volta a afirmar que, com a conivência dos comandantes da corporação e do Governo do DF, a PMDF usurpa as funções dos policiais civis: “Não consegue resolver o problema da prevenção e ainda quer se imiscuir em investigar, coisa que não sabe, a exemplo de hoje”, finaliza o texto.
O comando da Polícia Militar determinou que o fato fosse registrado no Departamento de Controle e Correição a fim de preservar provas, especialmente as filmagens realizadas pelos policiais militares, mostrando o momento em que os moradores permitem a entrada das equipes.
Veja o vídeo em que os policiais pedem permissão para entrar na casa:
A Corregedoria da PM irá instaurar Inquérito Policial Militar para analisar o ocorrido e produzir as provas que o caso requer e encaminhá-las ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para que as condutas praticadas pelos agentes civis que interferiram na ação sejam investigadas.