Nota divulgada pela Polícia Civil esquenta clima com a PM
No texto, a PCDF alega que a Polícia Militar tem fragilizado sua atribuição primária para usurpar funções de investigação
atualizado
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Uma nota divulgada pela Polícia Civil nesta sexta-feira (3/2) acirrou ainda mais os já ferventes ânimos entre a corporação e a Polícia Militar. O texto trata sobre o indiciamento de dois PMs pelo delegado da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), que acusa os militares de usurpação de função pública e chega a utilizar o termo “milicianos” para classificar os indiciados. O caso foi noticiado pelo Metrópoles na quinta-feira (2).
Na nota, em termos pouco amistosos, a PCDF afirma que “o fato verificado em Taguatinga não representa uma disputa de espaço pelas polícias Civil e Militar nem um caso fortuito em que policiais da força ostensiva, à paisana, depararam com um crime que estava sendo cometido. Ao contrário, trata-se de uma ação deliberada no sentido de açambarcar atribuições afetas a outra instituição”.
O texto também alega que o policiamento ostensivo, serviço primário da PMDF, fica fragilizado por conta do desvio de funções. “A força tem priorizado o serviço velado, de investigação, em todo o Distrito Federal, numa clara disputa de atribuições com a Polícia Civil, passando a atuar na repressão em detrimento da prevenção, o que fragiliza sua função principal”, diz a nota.Por fim, a corporação defende a atitude do delegado Thiago Boeing Schemes da Silva, “que demonstrou que a lei deve valer para todos e os agentes do Estado devem obedecer aos ritos estabelecidos pelo ordenamento jurídico, sob pena de se instalar um sistema anárquico de vale-tudo e ausência de autoridade”.
À época da divulgação do caso, a Polícia Militar defendeu que não houve irregularidades por parte dos militares e elogiou a atuação dos militares. “O serviço de inteligência da Polícia Militar não realiza investigações, mas sim levantamentos e monitoramento de situações suspeitas. Essa equipe de policiais, além de ser recordista em recuperação de veículos roubados e furtados, é também a equipe que mais produz resultados contra esse tipo de crime. Isso tem trazido muito alívio ao cidadão que teve o seu bem levado por criminosos”, destacou.
Indiciamento
A nova disputa entre as polícias Civil e Militar teve início na última terça-feira (31/1), depois que o delegado Thiago Boeing Schemes da Silva, plantonista da 12ª DP (Taguatinga Centro), indiciou o sargento Anderson Pinho e o cabo Flavio Alvin, da PMDF. De acordo com a ocorrência, o delegado considerou que os militares usurparam de função pública ao investigarem um caso de carro roubado.
O delegado notificou o Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), e a Corregedoria da PM sobre a conduta dos policiais militares, indicando que eles responderão pelo delito.
Briga recorrente
Não é a primeira vez que policiais civis entram em atrito com a PM. Em agosto do ano passado, um oficial do 28º Batalhão de Polícia, do Riacho Fundo, denunciou que os policiais civis proibiam a entrada de PMs nas delegacias e ameaçavam prender os militares que trabalham no serviço de inteligência da PMDF, fazendo policiamento velado.
A informação teria sido repassada pelo delegado da 29ª Delegacia de Polícia, Sérgio Bautzer. O caso também foi denunciado ao MPDFT.
Outro round na briga entre as duas corporações é o registro de ocorrências por parte dos PMs. A medida é durante criticada por integrantes da Polícia Civil.