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Nos 11 anos da Maria da Penha, DF tem dia violento para as mulheres

Instituto lança relógio que registra o número de casos de abuso em todo o país. A cada 2 segundos, uma pessoa do sexo feminino é agredida

atualizado

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mulher de olho roxo
1 de 1 mulher de olho roxo - Foto: Getty

Este 7 de agosto marca os 11 anos da Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência doméstica contra o sexo feminino. Mas o Distrito Federal tem pouco a comemorar. Entre o fim da tarde de domingo (6/8) e a madrugada desta segunda (7), foram registradas ao menos cinco agressões a mulheres na capital da República.

Os dados divulgados pela Polícia Militar do DF incluem-se nas estatísticas do Instituto Maria da Penha: a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. O número consta na ferramenta virtual lançada nesta segunda (7), o Relógio da Violência. Entre a 0h de hoje e as 17h55, foram contabilizados 32,6 mil casos. Segundo o instituto, o Brasil é o quinto país mais violento do mundo para as mulheres. A organização pede que a população compartilhe o relógio com a hashtag #TáNaHoraDeParar.

“A informação é uma grande aliada das mulheres quando o assunto é violência doméstica e familiar. É preciso conhecer as diversas formas de agressão e promover o acesso à Lei Maria da Penha em larga escala”, diz a nota assinada por Maria da Penha Maia Fernandes, a farmacêutica cearense que se tornou marco na luta contra os abusos.

Problema estrutural
O relógio começou a funcionar há poucas horas e não contabilizou casos como os registrados na Cidade Estrutural no fim da tarde de domingo (6). Em um deles, um homem chegou em casa bêbado, ameaçou bater na esposa, quebrou a geladeira com um martelo e foi preso em flagrante.

Logo depois, na mesma região, um marido chegou em casa com sintomas de embriaguez e feriu o olho da esposa. No início da noite, um homem, também bêbado, colocou sua mulher para fora de casa. Antes disso, a agrediu. Com a chegada da Polícia Militar, ele fugiu e agora está proibido de se aproximar da companheira, pois foi expedida uma medida restritiva.

Carro contra o portão
Já na madrugada desta segunda (7), depois de uma discussão com a mulher, um marido pegou o carro do casal e o jogou contra o portão da residência. A ocorrência, também na Estrutural, foi registrada na delegacia com pedido de medidas protetivas. Se não bastasse, ainda foi notificado o caso de um filho que ameaçou agredir a mãe.

Por sorte nenhum dos registros acabou em tragédia, embora o DF esteja repleto de mortes violentas. Um dos casos mais recentes foi na manhã de quinta-feira (3), quando uma mulher de 23 anos perdeu a vida após ter sido esfaqueada por seu companheiro na Expansão do Setor O, em Ceilândia Norte. Glória Maria dos Santos teve o mesmo destino da estudante Louise Ribeiro, morta pelo ex-namorado em março do ano passado.

Relembre o caso Louise Ribeiro

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Em março de 2016, a universitária foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado no campus da UnB
Vinícius Neres, o assassino confesso, era estudante da UnB e foi preso no dia seguinte ao crime. Em 3 de março deste ano, ele foi condenado a 22 anos de prisão, por homicídio quadruplamente qualificado (por motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio) e a 1 ano de reclusão e 10 dias de multa (equivalente a 1/30 de salário mínimo) por destruição de cadáver
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Um dos casos de feminicídio que chocaram o DF recentemente foi a morte de Louise Ribeiro, que tinha 20 anos

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Em março de 2016, a universitária foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado no campus da UnB

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Vinícius Neres, o assassino confesso, era estudante da UnB e foi preso no dia seguinte ao crime. Em 3 de março deste ano, ele foi condenado a 22 anos de prisão, por homicídio quadruplamente qualificado (por motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio) e a 1 ano de reclusão e 10 dias de multa (equivalente a 1/30 de salário mínimo) por destruição de cadáver

Michael Melo/Metrópoles

Entre os episódios violentos, os abusos sexuais chamam atenção. Segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, houve aumento nos casos de estupros no DF. Foram registrados 71 em julho deste ano, contra 65 no mesmo mês de 2016 — um acréscimo de 9,2%.

Considerando o acumulado, o aumento percentual foi ainda maior: de 28,2%. De janeiro a julho de 2016, foram 379 registros, contra 466 nos primeiros sete meses deste ano.

PCDF lança programa de prevenção 
Nesta segunda (7), em alusão aos 11 anos da Maria da Penha, a Polícia Civil do DF lançou o Projeto Lidera, que irá capacitar líderes comunitários para instruir as vítimas. A ideia é aumentar o conhecimento da população sobre as questões de gênero e das diferentes formas de prevenir a violência, além de ajudar as mulheres que sofrem com os diversos tipos de agressões.

“Com o projeto, serão desenvolvidas ações de prevenção e respostas mais eficientes à violência e à criminalidade contras as mulheres do DF. O que queremos é romper com o ciclo da violência”, ressalta a delegada-chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/PCDF), Sandra Gomes.

No Distrito Federal, as mulheres vítimas de violência contam com um espaço de acolhimento. A Casa da Mulher Brasileira oferece serviços especializados, como triagem, apoio psicossocial, delegacia, juizado, Ministério Público, Defensoria Pública e promoção de autonomia econômica, entre outros tipos de atendimento.

Denúncias
Casa da Mulher Brasileira: (61) 3324-6508
Central de Atendimento à Mulher: 180
Delegacia da Mulher: (61) 3207-6172

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