“Não cabe especular”, diz SSP sobre morte de médico por PM
Secretaria defendeu rigor nas investigações e se opôs à divulgação de novas informações antes da elucidação do caso
atualizado
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A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) divulgou uma nota alegando que o esclarecimento das circustâncias que levaram à morte o médico Luiz Augusto Rodrigues, 45 anos, é assunto prioritário na pasta. Segundo o texto encaminhado pela SSP, “não cabe especular a respeito de diversas hipóteses que vêm sendo levantadas desde o ocorrido”.
Conforme a secretaria, todos os dados da ocorrência estão sendo “minuciosamente investigados pela Polícia Civil e por Inquérito da Polícia Militar, na Corregedoria da PMDF“. O órgão sustentou que todas as dúvidas existentes estão sendo investigadas e se posicionou contrariamente à divulgação de dados isolados antes da elucidação dos fatos. Leia a íntegra:
Investigação
Versões divergentes, peças que não se encaixam e perguntas ainda sem respostas desafiam os investigadores da Polícia Civil a determinar, de fato, o que ocorreu momentos antes de o médico levar um tiro na cabeça e morrer.
Os militares do 1º Batalhão da PM (Asa Sul) que formavam a guarnição responsável pela abordagem ao médico serão reinquiridos nesta semana.
Algumas informações prestadas pelos policiais não batem e investigadores da 1ª DP querem esclarecer as contradições. O policial reformado que estava na companhia da vítima também foi intimado a ser interrogado novamente.
De acordo com informações apuradas pelo Metrópoles, o militar que efetuou os disparou contou em seu termo de declaração que mantinha a carabina calibre 5.56 apontada para o assoalho da viatura durante o patrulhamento.
Os PMs policiavam a região perto do Teatro dos Bancários quando teriam avistado dois homens em atitude suspeita próximo a uma caminhonete branca. Após fazerem a abordagem, segundo os policiais, um dos homens teria sacado um revólver e apontado para os PMs. Em seguida, um dos militares abriu fogo e atingiu o médico na cabeça.
O homem que estava com o endocrinologista é o policial militar reformado Ringre Pires, que portava uma arma calibre .38. Ele se aposentou em 2017 e passou a maior parte do serviço lotado no Batalhão de Choque da PMDF. O advogado do militar da reserva, Pedro Júlio Melo Coelho, afirma que seu cliente sacou a arma, mas a manteve em posição de segurança.
“Existe uma grande diferença entre apontar a arma e mantê-la em posição de segurança. Ele não ameaçou os militares que estavam na viatura. De qualquer forma, meu cliente irá prestar um novo depoimento, mas a versão será mantida”, afirmou o defensor.
Afastamento
Após o fato, a corporação informou que o PM que atirou no médico foi afastado das ruas. A PMDF também instaurou um inquérito policial militar para apurar a conduta do soldado. Por meio de nota, a Polícia Militar afirmou que o tiro foi dado “diante do risco iminente”. “Os policiais não tiveram alternativa e efetuaram dois disparos, que atingiram um dos homens.”
Na tarde dessa segunda-feira (02/12/2019), os investigadores da PCDF que colheram as primeiras gravações registradas por câmeras de segurança próximo ao local dos disparos analisaram as imagens. O objetivo era tentar identificar a dinâmica de como ocorreu a abordagem dos PMs e os dois disparos efetuados por um dos militares. No entanto os vídeos não mostram com exatidão o momento em que o PM atira e o médico é atingido.
Os investigadores aguardam os laudos produzidos pelo Instituto de Criminalística (IC) tanto no local quanto no carro da vítima. O exame cadavérico feito no corpo do endocrinologista também poderá ajudar a determinar a distância do disparo e a trajetória do projétil.