Mulher que reagiu a sequestro: “Desaforo deixá-lo levar nossas coisas”
A dona de casa Dorca Godoi, 59 anos, lutou com criminoso, foi agredida, perdeu dois dentes e escapou do algoz após pular de carro
atualizado
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Um dia após ser sequestrada e pular do carro, a dona de casa Dorca Godoi, 59 anos, relembrou os momentos de tensão que viveu na terça-feira (25/06/2019), ao ficar em poder de um assaltante de 22 anos. Ela foi abordada por volta das 11h, enquanto mexia na bolsa, na QNA 19, de Taguatinga. Logo em seguida, entrou no carro com o suspeito. No caminho, entrou em luta corporal com o criminoso, levou socos, perdeu dois dentes, mas conseguiu se desvencilhar.
“Só não achei que iria morrer porque não deu tempo de pensar em nada. Quando ele [o suspeito] disse que iria atirar, falei que o mataria primeiro. Mas como não sabia se ele estava ou não armado, resolvi me jogar do carro”, contou em entrevista ao Metrópoles, nesta quarta-feira (26/06/2019).
Dorca ressaltou ainda que o assaltante estava bem-vestido e a abraçou enquanto ela mexia na bolsa. Logo em seguida, anunciou o assalto. O homem não a obrigou a entrar no veículo. A decisão foi da própria vítima porque ela e a filha, que é fotógrafa, estavam com muitos equipamentos e dinheiro dentro do veículo. “Seria muito desaforo deixá-lo levar todas as nossas coisas. Não poderia permitir. Pensei que éramos um contra um e resolvi entrar no banco traseiro”, ressaltou.
Dorca Godoi contou que o bandido parecia calmo, mas dizia estar armado. Na tentativa de fazê-lo parar o carro, a mulher pressionou os olhos do suspeito, que conduzia o veículo. Nesse momento, o acusado perdeu o controle da direção, bateu em outro carro e entrou em luta corporal com a vítima. “Foi quando ele reagiu e me deu um murro no olho. Foi tão forte que também quebraram dois dentes. Me desequilibrei e caí para trás”, assinalou.
Moradora do Lago Sul, ela estava em Taguatinga com a filha, Eliz Godoi, que tinha ido buscar uma fotografia para fazer a entrega final de material a um cliente. “Sempre aconselhei minhas filhas a não reagirem a assalto, mas, naquele momento, não pensei nisso”, pontuou.
Dorca ficou menos de 30 minutos em poder do criminoso. Ela se jogou do carro na Praça do Bicalho, no centro de Taguatinga. A mulher afirmou também que nunca tinha vivido nada semelhante. “Foi a pior sensação. Para mim, aquele momento durou uma eternidade. Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de continuar vivendo”, garantiu a dona de casa.
Depois do susto, Eliz disse que a família está aliviada. “A sensação no momento que uma testemunha contou que a minha mãe havia sido levada foi de vazio. A pior coisa que senti até hoje. Agora, estamos mais calmas, mas restam a insegurança e o medo. Nós ficamos muito expostas”, disse.
Como foi
Após a vítima ficar na Praça do Bicalho, a PM foi acionada e conseguiu localizar o carro roubado nas imediações do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), perto de um posto de gasolina. No veículo, estavam dois suspeitos. Eles foram detidos por volta das 21h. Mas apenas um, o de 22 anos, foi reconhecido pela vítima. Dos objetos roubados, somente o carro foi recuperado. O crime é investigado pela Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) da Polícia Civil do DF (PCDF).