DF: motorista de app morto em briga de trânsito ia se casar na 2ª
Mãe de Felype Anderson de Sousa, 22 anos, não se conforma: “Estava muito feliz e cheio de sonhos”
atualizado
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A movimentação na casa da família de Felype Anderson de Sousa (foto em destaque), 22 anos, no Itapoã, é intensa na manhã desta sexta-feira (12/4). O motorista de Uber foi assassinado na noite de quinta-feira (11), depois de uma briga de trânsito, na mesma região administrativa. Muito abalada, a mãe dele disse que o filho era muito trabalhador. Felype planejava se casar com a noiva, com quem morava e se relacionava há seis anos, na próxima segunda (15).
Segundo a irmã do jovem, Rebeca Sousa, 19, estava tudo pronto para a cerimônia na Igreja Sara Nossa Terra. “Todo mundo gostava dele. Não merecia isso. Cuidava da gente como se fôssemos filhos dele”, afirmou a jovem.
O motorista de aplicativo foi morto com quatro tiros, por volta das 20h, na Entrequadra 45/46, na Avenida Comercial do Itapoã. A mãe está inconformada. “Meu filho era maravilhoso. Não bebia, não fumava. Muito amoroso. Não media esforços para ajudar as pessoas. Ele estava tão feliz. Nunca imaginei que isso fosse acontecer”, disse Maria Leidiane Mamédio de Sousa.
Felype trabalhava há dois anos como motorista de Uber. Batalhou para conseguir comprar o carro e fazia corridas durante grande parte do dia. “Ele estava realizado”, garantiu uma familiar, que preferiu não se identificar.
O segundo dos quatro filhos de Maria tratava a mãe com muito amor. “Dizia que queria trocar esta casa por uma chácara para mim, para eu sair da vida de cidade. Ele cresceu aqui”, relata Maria. “Era cheio de sonhos”, acrescenta.
O crime
De acordo com a Polícia Civil, houve uma briga de trânsito e Felype foi baleado pelas costas. A noiva estava com ele no carro. O suspeito dos disparos, segundo a ocorrência policial, seria Alessandro Guerreira Barros, 27, que está foragido.
Conforme relatos de testemunhas, a discussão teria começado quando um veículo bateu em outro enquanto estacionava. Exaltados, os dois trocaram empurrões e Alessandro teria sacado a arma e disparado.
A sobrinha do suspeito, uma adolescente de 16 anos, estava no carro dele no momento do crime e deu sua versão à polícia. Disse que Felype fazia baliza para estacionar na via. Alessandro tentou passar e acabou atingindo a lateral do veículo da vítima. Ele parou um pouco mais à frente para ver se tinha danificado a lateria, quando o motorista do automóvel atingido reagiu de forma bastante alterada.
Ainda de acordo com a garota, Alessandro não xingou a vítima, só dizia: “Calma, você vai me bater?”. Felype teria empurrado o suspeito do crime, após chamá-lo de “comédia”. Em seguida, virou de costas e seguiu em direção ao seu carro. Nesse momento, Alessandro sacou uma arma de fogo que trazia consigo na cintura e efetuou os disparos no outro condutor, que caiu no chão.
Durante a discussão, a adolescente disse que tentou avisar ao tio que o veículo não tinha ficado muito arranhado. Ressaltou que tudo ocorreu em poucos minutos e que, após os disparos, Alessandro falou para ela entrar no automóvel. O suspeito saiu rapidamente do local.
“Vou dar um jeito”
Ainda de acordo com o depoimento, o autor dos disparos teria pedido para a sobrinha não falar nada para a mãe, pois iria dar um jeito de resolver tudo no dia seguinte. A PM conseguiu chegar até a casa da garota. Ela contou o que ocorreu e deu o endereço do tio.
O suspeito, no entanto, não foi encontrado no local. O foragido, segundo a polícia, já tem passagem por tentativa de homicídio.
A vítima foi socorrida por populares e levada ao Hospital Regional do Paranoá (HRPa), mas não resistiu aos ferimentos. Acionada, a Polícia Militar encontrou a arma que teria sido usada no crime na casa da sogra de Alessandro.
A pistola calibre .380, carregada com 10 munições, foi encaminhada à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), que investiga o caso. O velório do corpo do motorista de Uber será neste sábado (13), a partir das 8h, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. Nesta sexta (12), às 19h, haverá uma passeata saindo do supermercado Barbosa no Itapoã em protesto contra a morte de Felype.
O acusado
O acusado de assassinar Felype saiu do regime aberto em outubro do ano passado, segundo a delegada Jane Klébia, chefe da 6ª DP. A pistola .380 usada por ele no crime foi apreendida e está sob análise. Alessandro Barros (foto acima) ficou preso durante cinco anos por tentativa de homicídio. A delegada ressalta que o crime anterior foi por motivação passional. De acordo com relatos, o suspeito é uma pessoa de “temperamento muito explosivo”.
Não se sabe ao certo como Alessandro conseguiu fugir. Antes de escapar, porém, ele estacionou o carro na casa da irmã. Em seguida, deixou a pistola na residência da sogra e saiu.
Alessandro chegou a contatar a irmã, garantindo que não se entregaria. A PCDF já pediu a prisão preventiva do suspeito, que pode sair ao longo do dia. Alessandro responderá por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima). Se condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de cadeia.
Uma testemunha disse que não é primeira vez que crimes são registrados na avenida comercial da cidade. “Só ouvi o barulho de tiros. Quando vi, já tinha acontecido e já estavam todos prestando socorro à vítima”, relatou a balconista de loja. “Ficou um grande tumulto”, contou outra testemunha que também ouviu os disparos à noite.