Líderes de bando que explodiu caixas eletrônicos fugiram do DF
Segundo a Polícia Civil, Thiago Alves Simões e Jaisson Alves de Jesus conseguiram documentos de identidade falsos e foram para o Nordeste
atualizado
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Dois dos dos principais líderes da organização criminosa (foto em destaque) responsável pelas cinco maiores explosões em caixas eletrônicos nos últimos 12 meses no Distrito Federal, incluindo as ações no Anexo do Palácio do Buriti, no Shopping Pier 21, no Centro Comercial Gilberto Salomão, na Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe) e no hotel Golden Tulip, podem ter fugido da capital com ajuda de comparsas baseados em Salvador, na Bahia. A informação é da Polícia Civil (PCDF).
De acordo com as apurações da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Thiago Alves Simões, 28 anos, e Jaisson Alves de Jesus, 27, teriam fugido para a capital baiana e passado alguns dias na casa de um suspeito. Esse comparsa teria ajudado os dois líderes da quadrilha a confeccionar documentos de identidade falsos. Investigadores chegaram a cumprir mandado de busca e apreensão na residência dele, no entanto os policiais não encontraram rastros dos foragidos.
A polícia suspeita que parte do dinheiro faturado com as explosões dos caixas eletrônicos pode ter auxiliado os criminosos na fuga. Com o montante em mãos, Thiago e Jaisson conseguiram deixar o DF sem dificuldade. No entanto, após a divulgação das fotos de ambos, diversas denúncias anônimas começaram a chegar à PCDF.
Thiago é apontado pela polícia como o mentor intelectual das explosões. Além de ser um dos braços armados da quadrilha, o criminoso organiza toda a logística, o posicionamento e a cronologia das detonações. Conhecido como TH, o suspeito – que está com a prisão preventiva decretada – também era o responsável pela partilha do dinheiro retirado dos caixas eletrônicos.
Jaisson, outro foragido apontado como figura de destaque na quadrilha, tinha uma função fundamental nas ações. Com habilidades em marcenaria, o suspeito produzia os próprios explosivos usados pelos criminosos. O bando comprava rojões em lojas de fogos de artifício para retirar a pólvora.
Em seguida, Jaisson produzia recipientes de um material chamado “metalon”, espécie de tubo metálico galvanizado. Os explosivos eram moldados artesanalmente e usados nos ataques.
Segundo o coordenador da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), delegado André Leite, não existe qualquer ligação entre a quadrilha e facções criminosas, como se chegou a cogitar.
“São criminosos do DF e do Entorno que chegaram a um nível de organização capaz de realizar esses ataques. Com novas linhas de investigação, tivemos sucesso em identificar todos e prender metade do bando. É questão de tempo até que todos estejam atrás das grades”, afirmou o delegado.
Bailes funk
Thiago Alves Simões tinha uma empresa chamada Feroz Produções de Eventos, responsável por organizar a festa de funk Baile dos Chefes em Ceilândia e no Entorno do DF. De acordo com os investigadores, após os crimes, o suspeito costumava fazer grandes eventos para supostamente lavar o dinheiro arrecadado com os assaltos. A polícia estima que a quadrilha comandada por ele lucrou ao menos R$ 1 milhão com os roubos.
Thiago nasceu em Minas Gerais, morou em Ceilândia e atualmente residia em Valparaíso (GO). Considerado um criminoso articulado e de altíssima periculosidade, era conhecido pela comunidade de Ceilândia e costumava publicar fotos em carros importados e de suas viagens, nas redes sociais. Thiago também está envolvido com o tráfico de drogas e é considerado foragido.
Conforme revelou o Metrópoles nessa segunda-feira (13/05/2019), a quadrilha, que agia desde 2016, era estruturada, com hierarquia definida e arsenal à disposição, e começou a ser desmantelada pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Ao todo, nove integrantes da quadrilha foram identificados, sendo que cinco deles já estão presos – quatro preventivamente e dois temporariamente. As apurações, conduzidas pela DRF, vinculada à Corpatri, intensificaram-se depois da ação audaciosa no Golden Tulip, na qual cerca de R$ 470 mil foram levados dos caixas.
Memória
O primeiro crime foi cometido pelo bando em 24 de julho de 2018, no Anexo do Palácio do Buriti. A explosão ocorreu por volta de 3h40. Os equipamentos estavam instalados na área do restaurante dos servidores. De acordo com a Polícia Militar, os suspeitos estavam fortemente armados e fugiram em um Palio branco. Durante a ação, os bandidos efetuaram de dois a quatro disparos no local.
Viaturas da PM e um helicóptero da Polícia Civil realizaram buscas e, minutos depois, um veículo foi encontrado pegando fogo nas proximidades do Estádio Nacional Mané Garrincha e do Colégio Militar de Brasília.
Após verificação, os policiais confirmaram que se tratava do automóvel envolvido no crime. No local da explosão, foram encontradas cápsulas de munição 5,56 mm. Cerca de R$ 6 mil ficaram espalhados pelo chão.
Veja vídeo do momento em que os dispositivos explodem no Anexo do Buriti:
O segundo ataque foi no Shopping Pier 21, em 22 de outubro de 2018. Novamente portando armas de calibre restrito, e até mesmo fuzil, os criminosos explodiram dois caixas eletrônicos. O grupo amarrou os vigilantes que faziam a segurança do centro comercial. Durante a fuga, trocaram tiros com policiais militares. Um dos carros utilizados foi abandonado no acesso que vai da L4 Sul para a L2 Sul.
O grupo disparou pelo menos oito vezes contra os PMs, que revidaram. Cinco bandidos vestidos com balaclavas – para tapar os rostos – chegaram em um Mitsubishi Pajero, e um deles permaneceu no veículo. Enquanto isso, os outros quatro entraram por trás do shopping e montaram os explosivos.
De acordo com a PM, um dos bandidos se feriu na explosão. Quando um comparsa foi socorrê-lo, um dos seguranças conseguiu escapar. Durante a fuga, o grupo lançou objetos pontiagudos de metal na pista, com objetivo de furar os pneus das viaturas da PM e, assim, dificultar a perseguição.
Em 13 de dezembro passado, a quadrilha explodiu dois caixas eletrônicos em um supermercado que funciona no Centro Comercial Gilberto Salomão, no Lago Sul. De acordo com a PM, os caixas ficaram completamente destruídos.
O bando teria usado um carro branco na fuga, que foi abandonado na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), na altura da floricultura próxima à Octogonal. No local, os bandidos renderam um motorista e levaram seu veículo.
Veja a ação da quadrilha:
A investida mais recente dos criminosos foi no hotel de luxo Golden Tulip Brasília Alvorada, localizado no SHTN, em 28 de março deste ano. Quatro bandidos explodiram três caixas eletrônicos. Os assaltantes estavam fortemente armados e renderam os funcionários do hotel, conhecido por hospedar empresários, artistas e autoridades que visitam a capital do país.
De acordo com as imagens de câmeras de segurança, enquanto um criminoso armado rendia um dos funcionários, outros dois comparsas forçaram a abertura dos equipamentos com auxílio de uma barra de ferro. Os equipamentos ficam ao lado das escadas que dão acesso ao restaurante do hotel. Só tem acesso ao local quem passa pela guarita.
Os homens colocaram explosivos no local e detonaram os artefatos. Toda a ação durou cerca de dois minutos. Um dos carros usados na fuga dos bandidos foi encontrado pela polícia na Asa Norte.