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Kriptacoin: advogado admite que organizou transferência de Lamborghini

João Paulo Todde confessou que veículo, alvo de mandado, foi repassado a empresário de Goiânia que seria proprietário do carro

atualizado

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1 de 1 Lanborguini1 - Foto: Divulgação

O advogado João Paulo Todde confessou em depoimento no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) que organizou a transferência de uma Lamborghini, alvo de mandado de apreensão na Operação Patrick, do escritório dele no Lago Norte para Goiânia (GO). Ao entrar na mira dos investigadores, ele deixou a defesa dos homens apontados como líderes da organização criminosa que agia usando a moeda virtual Kriptacoin para captar dinheiro. A atitude de Todde pode ser interpretada como obstrução à justiça.

Na sexta-feira (22/9), dia em que o carro de luxo foi apreendido pela Polícia Civil em Anápolis (GO), o Metrópoles antecipou que um advogado teria ajudado no traslado do automóvel. A reportagem também teve acesso a um documento, autenticado no cartório da Asa Norte, que mostra o diálogo entre os advogados que representavam os suspeitos e um empresário de Goiânia, identificado como Edmundo.

Na conversa, em um grupo do WhatsApp chamado de “Retirada da Huracan” (confira abaixo), eles organizam como seria feito o traslado do carro de luxo usado pelos irmãos Welbert Richard, 37 anos, e Weverton Marinho, 34, presos durante a operação e considerados líderes do esquema criminoso.

 

Em depoimento prestado ao MPDFT nesta semana, Todde admitiu que o veículo foi repassado ao empresário e que ele seria o proprietário do automóvel de luxo. Porém, negou fazer parte do esquema.

Avião
Todde também está relacionado a outro bem que entrou na mira dos investigadores: um avião avaliado em R$ 3,8 milhões que pertenceria aos irmãos presos. Na sexta-feira (22), quando o Metrópoles obteve a foto em que ele posa ao lado da aeronave, a reportagem procurou o advogado. Na ocasião, ele alegou que tinha interesse em comprar o jatinho e teria feito uma proposta de R$ 1,8 milhão por ele.

“Apesar de ser um pouco velho, é um bom avião. O negócio não foi fechado pois eles foram detidos antes”, disse à reportagem. Todde afirmou ainda que fez um único voo de teste no avião e publicou uma foto em seu perfil do Facebook.

Foto publicada por Todde nas redes sociais

 

A aeronave foi localizada pela polícia em Goiânia. Um helicóptero, que também era usado pelo grupo, está com restrição judicial e também será apreendido.

Defesa
João Paulo Todde e Érico Rodolfo Abreu de Oliveira representaram na Justiça em defesa dos irmãos Welbert e Weverton até segunda (25), quando pediram a revogação das prisões. Porém, ao ser questionado sobre o motivo de seu afastamento do caso, Todde explicou que não poderia expor a razão por “questão ética e vedação profissional”.

No entanto, a reportagem apurou que um dia após a prisão de 11 suspeitos de integrarem o esquema de lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato, uma secretária dos advogados teria entrado em contato com executivos da Kriptacoin oferecendo os serviços do escritório. Há informações de que o próprio Todde teria afirmado que iria “levantar” e “limpar” o nome da empresa.

O escritório já prestava outros serviços para o grupo antes da operação. A reportagem teve acesso ao contrato que havia sido firmado entre os irmãos Marinho e os advogados. O documento dava direito a 2% sobre o volume financeiro decorrente dos negócios da Kriptacoin.

O dinheiro desembolsado para contratar o escritório de Todde foi acertado da seguinte forma: R$ 200 mil em 17 de julho e mais R$ 300 mil em 10 de agosto. O contrato também prevê o pagamento de R$ 30 mil por mês. Além dos 2% já citados referentes ao lucro com a movimentação da moeda virtual.

Na quinta-feira (21), quando o grupo foi preso, Todde garantiu que a empresa era lícita e que as prisões foram “descabidas”. “Se trata de uma operação show. Dessas que estão fazendo ultimamente sem nenhum tipo de prova que comprove os crimes”, enfatizou.

Diante de novos fatos, os investigadores podem indiciar os acusados, além dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsificação de documentos e pirâmide financeira, por obstrução de Justiça. O Ministério Público vai oferecer denúncia contra os envolvidos nesta quarta-feira (27). O Metrópoles apurou que outras medidas judiciais foram solicitadas pela Prodecon. Com isso, novos mandados de busca e apreensão, condução coercitiva e até mesmo de prisão preventiva podem ser autorizados pela Justiça a qualquer momento.

 

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Além dos presidentes da empresa, os diretores também foram alvo da polícia
Os presos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE)
Cerca de 40 mil pessoas investiram na moeda falsa
Polícia fez buscas na casa de um dos alvos, no Guará
Mandados também foram cumpridos em Águas Claras
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Carros de luxo

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Além dos presidentes da empresa, os diretores também foram alvo da polícia

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Os presos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE)

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Cerca de 40 mil pessoas investiram na moeda falsa

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Polícia fez buscas na casa de um dos alvos, no Guará

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Mandados também foram cumpridos em Águas Claras

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Foram expedidos 13 mandados de prisão

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O esquema movimentou R$ 250 milhões

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O esquema
Os suspeitos criaram a moeda virtual no fim de 2016 e, a partir de janeiro deste ano, passaram a convencer investidores a aplicar dinheiro na Kriptacoin. Segundo a polícia, a organização criminosa atuava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos.

O negócio, que funciona em esquema de pirâmide, visava apenas a encher o bolso dos investigados, alguns com diversas passagens pela polícia por uma série de crimes. Entre eles, estelionato. A Kriptacoin, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, movimentou mais de R$ 250 milhões do começo do ano até agora. A fraude pode ter causado prejuízo a 40 mil investidores, muitos deles de fora do Distrito Federal.

Em vídeos divulgados nas redes sociais, os supostos empresários ostentavam carros e dinheiro.

Durante a operação, os investigadores apreenderam oito carros de luxo, que eram exibidos pelos integrantes do esquema, além de grande quantia em dinheiro, que estava em uma academia de Vicente Pires. Os bens deverão ser usados para ressarcir os investidores.

Os presos são: Weverton Marinho; Welbert Richard; Marcos Kazú Viana Oliveira; Fernando Ewerton; Wellington Junior; Hildegard Melo; Franklin Delano; Thaynara Carvalho; Urandy Oliveira; Sérgio Vieira de Souza e Alessandro Bento.

Confira a nota enviada ao Metrópoles pelo advogado João Paulo Todde:

 

O escritório Todde Advogados & Consultores Associados, com mais de 400 clientes ativos e dez anos de atuação reconhecida em nível nacional, vem esclarecer que realiza seu trabalho sempre pautado pela ética e profissionalismo, dentro dos limites legais.

Episódios recentes referentes a clientes atendidos pelo escritório não devem configurar qualquer outra relação que não a de advogado/cliente, inexistindo qualquer vínculo além do restrito exercício da advocacia.

Comumente são realizados eventos sociais na sede do escritório para os quais todos os clientes são convidados. Entretanto, a participação de assessorados juridicamente nesses encontros, não devem configurar qualquer outro vínculo se não o profissional.

Certo da isenção que sempre pauta as atividades deste escritório, informamos que todos os fatos foram esclarecidos junto às autoridades competentes para que não pairem quaisquer dúvidas sobre a idoneidade da conduta profissional do nosso corpo de advogados.

Comunicamos, também, que houve a renúncia do patrocínio das defesas bem como das representações de qualquer natureza dos envolvidos na Operação Patrick.

Sendo assim, a Todde Advogados & Consultores Associados não possui qualquer relação contratual e mantendo-se em perfeita consonância com a conduta ética da advocacia e o sigilo profissional, não poderá tratar de assuntos que envolvam a investigação e ou possuam relação pelo período em que atuou por seus clientes.

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