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“Kit-morte”: PCDF apura se 35 pessoas simularam o próprio óbito

Esquema envolve médico e funcionários de uma funerária em Águas Lindas (GO), acusados de fraudar atestados de óbito para criminosos

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Imagens cedidas pela Copatri
Documentos falsos apreendidos pela Copatri
1 de 1 Documentos falsos apreendidos pela Copatri - Foto: Imagens cedidas pela Copatri

Policiais da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF),  deflagraram, na manhã desta sexta-feira (5/3), operação para desarticular uma indústria de “mortos-vivos”. A operação investiga 35 pessoas declaradas mortas e que os corpos não foram encontrados no cemitério.

A organização criminosa é acusada de vender “kits-mortes”. Os investigados cobravam cerca de R$ 10 mil para fornecer atestados de óbito, documentos de funerárias e cartórios, identidades (RGs), Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) e Certificados de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLVs).

A Corpatri investiga se os interessados no “kit-morte” são criminosos que estão tentando fugir da pena. “Em um dos casos que investigamos, a pessoa não sabia que tinha sido declarada morta”, disse o delegado André Leite.

São cumpridos, no total, 12 mandados, sendo um de prisão preventiva, quatro de prisões temporárias e oito de busca e apreensão em endereços localizados em Ceilândia, no Riacho Fundo, no Recanto das Emas e em Águas Lindas (GO). Cinco pessoas foram presas.

Com um médico, que cumpre prisão preventiva, foram encontrados sete óbitos fraudulentos. O profissional atendia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas e na Unidade da Saúde de Águas Lindas. Outros dois médicos estão sendo investigados.

“Esses profissionais trabalhavam com negligência e atestavam óbito sem olhar os corpos”, diz o delegado André Leite. “Falavam que era infarto, derrame, ataque cardíaco, principalmente se era paciente de idade avançada”, finalizou.

A funerária Pax Bom Pastor, em Águas Lindas, ofertava o serviço fraudulento aos criminosos, segundo a Polícia Civil. O dono e dois funcionários foram presos nesta sexta. A investigação, contudo não acredita que o cartório onde eram registrados os atestados esteja envolvido na organização criminosa.

De acordo com os investigadores, com a emissão das certidões de óbito pelo cartório e o cadastramento nos bancos de dados nacionais, os criminosos conseguiam se livrar de condenações penais e todo tipo de execução civil.

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Documentos originais encontrados na residência de um dos detidos
Eles ofereciam o “kit-morte” por R$ 10 mil
Criminoso havia assumido uma nova identidade e constituído outra família
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Foram encontrados na residência de um dos suspeitos mais de 300 documentos adulterados

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Documentos originais encontrados na residência de um dos detidos

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Eles ofereciam o “kit-morte” por R$ 10 mil

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Criminoso havia assumido uma nova identidade e constituído outra família

Imagens cedidas pela Copatri
Morto há 3 anos

Ivacir Thiago Gonçalves Menezes, 41 anos, morreu como Aldecir Thiago Menezes, há 3 anos. O homem foi indiciado em pelo menos cinco inquéritos da Corpatri e já possuía condenações que, somadas, alcançavam 25 anos de prisão. ​

Após diligências, investigadores identificaram a nova identidade do “morto” bem como o atual endereço. O criminoso fazia parte da operação “kit-morte”, era responsável por falsificar e criar novos documentos.

O criminoso havia assumido uma nova identidade e constituído outra família. Segundo os investigadores, a nova esposa entrou em choque ao saber da verdade. Ao forjar a morte, o homem abandonou outras filhas de relacionamentos anteriores, deixando-as sem pagamento de pensão alimentícia.

​Na casa em que residia, foram encontrados centenas de RGs, CNHs, CRLVs e papéis timbrados de cartórios, bem como computadores e impressoras de alta resolução específicas para falsificação de toda espécie de documento, demonstrando que manteve sua dinâmica delitiva. Sua prisão ocorreu no final de janeiro e foi mantida em absoluto sigilo, possibilitando o avanço na apuração.

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