Justiça nega apreensão de adolescente que participou do crime da mala
Juiz recusou o pedido de internação feito pelo MPDFT, que acusava o menor de ocultação do cadáver de Ivonilson Cunha, jogado no Lago Paranoá
atualizado
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O adolescente R.T.S., 14 anos, acusado de envolvimento no caso que ficou conhecido como crime da mala, não será apreendido. A Justiça negou o pedido formulado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que acusa o jovem de participar da ocultação do cadáver do comerciário Ivonilson Menezes da Cunha, 39 anos.
A vítima foi morta por Felipe Cirilo, 20 anos, que confessou o crime e disse ter sido ajudado por R.T.S. para se desfazer do corpo. Felipe afirma que foi motivado por vingança, pois teria sido abusado sexualmente pelo comerciário quando ainda era criança. Para o juiz substituto Fabricio Dornas Carata, que analisou o pedido do MPDFT em relação a R.T.S., como não há provas de que R.T.S. tenha atuado no assassinato em si, não há motivo para a apreensão.
O MPDFT informou ao Metrópoles que já pediu novas diligências à Polícia Civil para buscar provas do envolvimento de R.T.S. no assassinato. “O adolescente não foi representado por homicídio porque, até o momento, a polícia não reuniu indícios suficientes que demonstrem a participação dele na morte de Ivonilson”, disse o Ministério Público, por meio de nota.
Ivonilson foi morto na noite de 26 de outubro e colocado dentro de uma mala jogada no Lago Paranoá. O corpo foi encontrado na manhã do dia seguinte. Horas depois, R.T.S. foi visto ao lado de Felipe Cirilo em um vídeo que mostra os dois caminhando logo após abandonar o carro da vítima no Setor de Oficinas do Paranoá. O automóvel havia sido utilizado para transportar o corpo de Ivonilson.
Veja o vídeo
Vingança por ter sido vítima de pedofilia
Segundo Felipe contou aos policias, a motivação do crime foi vingança. O assassino confesso disse ter sido violentado por Ivonilson durante vários anos, quando ainda era menor de idade.
O suspeito relatou que ele e o comerciário se afastaram e se reencontraram em 2015. Naquela época, Ivonilson teria tentado manter uma relação, mas o rapaz se recusou.
O comerciário, então, teria se irritado e ameaçou tanto o jovem quanto a namorada dele, que está grávida. Foi o estopim para Felipe planejar o assassinato.
Felipe Cirilo foi detido quase dois meses após o crime. A prisão temporária dele foi autorizada pela Justiça. O suspeito está no Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade.
A 1ª DP (Asa Sul), que solucionou o caso, concluiu o inquérito e o encaminhou ao Judiciário com o indiciamento por homicídio duplamente qualificado (12 a 30 anos de prisão), corrupção de menores (seis meses a dois anos) e ocultação de cadáver (um a três anos).
Pedofilia
No Paranoá, onde morava, Ivonilson da Cunha era conhecido como “Gato de Botas”. Em 2011, ele foi preso por pedofilia após assediar e oferecer dinheiro a um menino de 13 anos em troca de sexo. Mas, dias após a detenção, conseguiu a liberdade provisória. O caso acabou arquivado sem que o comerciário fosse julgado.