Jovem dopada por estuprador: “Isso não vai sumir da minha mente nunca”
Moça de 19 anos foi enganada por técnico de laboratório. Ela acreditava que seria levada para uma entrevista de emprego
atualizado
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“Isso não vai sumir da minha mente nunca.” Com a voz embargada e o olhar baixo, foi assim que Maria (nome fictício) resumiu o trauma de ter sido estuprada pelo técnico de laboratório Alex dos Santos Ribeiro, 31. A jovem de 19 anos se encontrou com o criminoso acreditando tratar-se de uma entrevista de emprego, mas foi vítima do golpe conhecido como “boa noite, Cinderela”. Após ser dopada, Maria foi violentada. O caso ocorreu em 12 de abril.
Na tarde desta segunda-feira (10/7), a Polícia Civil divulgou o caso após três meses de investigação para comprovar a autoria do crime. Na 27ª DP (Recanto das Emas), onde o estuprador foi apresentado à imprensa, Maria contou ao Metrópoles como foi enganada pelo bandido.
Em 12 de abril, Alex entrou em contato com a jovem pelo Facebook usando um perfil falso com o nome de Keila. Segundo Maria, Keila disse que havia uma vaga de recepcionista disponível no laboratório de exames em que trabalhava, no Setor Sul do Gama. “Marcamos a entrevista duas vezes, até que na quarta-feira [12/4] deu certo. Ela me disse que um supervisor me buscaria. Achei estranho, mas fui. O salário era mais de R$ 1,5 mil”, contou a vítima à reportagem.Segundo a jovem, ela e uma amiga foram até uma parada de ônibus no Recanto das Emas para encontrar o supervisor, que se identificou como Carlos. “Pedi para minha amiga anotar a placa do carro e fui. Quando entrei, ele me ofereceu um suco e eu tomei. Tinha gosto de manga, mas era estranho, fomos conversando e num certo ponto do caminho eu dormi.”
Maria disse que acordou horas depois, seminua, num quarto com vista para uma delegacia e algumas árvores. Como estava dopada, ela não conseguiu identificar o lugar.
Acordei com dor de cabeça e ele me deu mais dois comprimidos. Apaguei de novo. Por volta das 22h, ele me deixou na esquina da minha casa. Estava meio tonta e fui embora. Só percebi o estupro no banho. Senti muita dor
Jovem de 19 anos vítima de estupro
Hoje, o sentimento é de tristeza. Após o abuso sexual, Maria mudou da cidade onde morava. “Não desejo isso para ninguém. Quero justiça. Ele é um monstro, um animal. Quero que ele fique preso.” Após ser violentada, a moça procurou a polícia.
Vestígio de entorpecente
Segundo o titular da 27ª DP, Pablo Aguiar, as informações sobre a placa do carro foram essenciais para que a polícia identificasse Alex, que foi levado à delegacia em 18 de abril. Na última sexta (7), os investigadores conseguiram provar a materialidade do caso. Testes realizados em dois copos amarelados encontrados pela polícia no carro do técnico de laboratório, um Celta, confirmaram a existência da substância usada no golpe “boa noite, Cinderela”.
Atualmente, Alex encontra-se detido no Complexo Penitenciário da Papuda, mas foi levado à unidade policial nesta segunda (10) para ser apresentado à imprensa. O homem, que não tinha antecedentes criminais, manteve-se em silêncio.
Agora, os investigadores buscam outras vítimas de Alex. “Sabemos de pelo menos outras duas mulheres que foram abordadas. Elas também buscavam vaga de emprego, mas não chegaram a entrar no carro”, detalhou o delegado.
Criminoso é casado
Ainda de acordo com Pablo Aguiar, Alex é casado e o perfil falso criado por ele é de uma pessoa que realmente existe. “Verificamos que a Keila trabalha no mesmo lugar que a esposa do Alex. Ele usou as fotos e o nome dela na rede social. A esposa dele não sabia de nada”, contou o titular da 27ª DP.
Para o delegado Aguiar, a confirmação da culpa de Alex é uma vitória. “Até julho, já foram registradas 10 ocorrências de estupro nesta delegacia e nove criminosos estão presos”, informou. “Prender esse rapaz significa que esse tipo de crime não vai passar em branco no DF”, ressaltou Pablo Aguiar.
Crescimento de casos de estupro
O balanço da criminalidade mais recente divulgado pela Secretaria da Segurança e da Paz Social mostra um aumento no número de estupros no DF: passaram de 53, em maio de 2016, para 94 no mesmo período deste ano, ou 77,4% a mais.