IML: quatro tiros atingiram Jessyka, morta por ex-namorado PM
Segundo documento obtido em primeira mão pelo Metrópoles, disparo fatal foi o terceiro, que acertou a coluna e perfurou pulmão
atualizado
Compartilhar notícia
Assassinato brutal e sem qualquer chance de defesa são características apontadas no laudo cadavérico produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) sobre a execução da estudante Jessyka Laynara da Silva Souza, 25 anos. De acordo com o documento, o qual o Metrópoles teve acesso em primeira mão, a jovem foi morta por quatro tiros efetuados pelo ex-namorado, o soldado da Polícia Militar Ronan Menezes do Rego, 27.
A análise feita pelos médicos-legistas concluiu que Jessyka foi atingida a curta distância, quase à queima-roupa. Ainda havia duas lesões: uma no joelho esquerdo e outra no dorso nasal (lateral do nariz), ambas provocadas pelos projéteis de pistola .40 usada pelo militar.O caso ocorreu na última sexta-feira (4/5), na casa da vítima, na QNO 15 de Ceilândia. Momentos antes de entrar na residência da ex-namorada, o PM baleou um amigo de Jessyka, o personal trainer Pedro Henrique da Silva Torres, 29. Até hoje o professor está internado no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), onde se recupera de cirurgia.
O primeiro tiro atingiu o ombro direito de Jessyka. O segundo perfurou a lateral esquerda do peito da vítima, próximo a uma tatuagem que a estudante tinha com o nome do algoz: Ronan Menezes.
Ferimento fatal
Com base no laudo, o disparo que tirou a vida da estudante foi o terceiro. Após atingir a coluna e perfurar o pulmão, o projétil ficou alojado no órgão. O último tiro acertou a costela direita de Jessyka, e também ficou na região.
Todas as balas foram extraídas do corpo e encaminhadas ao Instituto de Criminalística (IC) para a perícia da Polícia Civil.
Pela trajetória dos disparos e a posição do corpo em que a vítima foi encontrada, acredita-se que a estudante tentou fugir antes de ser atingida. No entanto, o documento do IML não detalha a dinâmica da morte. Essas respostas deverão ser conhecidas com a finalização do laudo pericial feito pelos peritos do IC.
Depois do crime, Ronan fugiu. O PM se entregou horas após o crime. Desde então, está preso preventivamente na área do Complexo Penitenciário da Papuda reservada a policiais. Na tarde de segunda (7), o comandante-geral da PMDF, coronel Marcos Antônio Nunes, informou que Ronan será expulso da corporação.
Passeata
Cinco dias após a tragédia, a família de Jessyka continua desolada. Os parentes organizam, para o próximo sábado (12), uma passeata para pedir o fim da violência contra as mulheres. Eles fizeram um vídeo em que primos, tios e até a avó, a aposentada Madalena Honorata da Silva, 77, imploram pelo respeito e direito de escolha de “todas as Jessykas”.
Madalena estava na residência no momento em que Ronan invadiu a casa para matar a neta. Em entrevista ao Metrópoles nesta quarta (9), a avó de Jessyka confirmou que a neta teria tentado fugir dos tiros disparados pelo PM. “Ela tentou se esconder no banheiro, mas não conseguiu”, disse.
A tentativa de fuga da estudante também é reforçada pela iniciativa de Ronan, que chegou a ligar para um primo e perguntar se a ex-namorada havia morrido. “Mano, ela morreu? Mano, ela morreu?”, teria dito o militar durante o telefonema.
Crime premeditado
Para os parentes da vítima, o assassinato foi planejado há pelo menos um mês. Um dos indícios apontados por eles é que Ronan fez a cópia da chave da casa onde Jessyka morava com a avó sem a permissão da ex e a utilizou para entrar sorrateiramente na residência e matar a moça a sangue frio.
Ronan entrou para a PM há cerca de três anos. A partir daí, segundo contaram familiares da vítima, o militar passou a mostrar sua face violenta. No dia 14 de abril, o policial espancou violentamente a jovem porque ela recebeu uma mensagem e se negou a entregar o celular para ele. A agressão ocorreu na casa dos pais do acusado, que não estavam no imóvel.