Homem preso na mesma cela não viu Giovânio da Silva morrer na 27ª DP
Segundo delegado, suspeito preso por tentativa de homicídio disse que estava dormindo no momento em que Giovânio teria se matado
atualizado
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Encontrado morto em uma cela da 27ª DP (Recanto das Emas) na madrugada desta segunda-feira (14/8), Giovânio Alves da Silva, 43 anos, não estava sozinho no momento em que perdeu a vida. Segundo o delegado-chefe da unidade, Pablo Aguiar, o suspeito, que está preso por tentativa de homicídio, disse, em depoimento, que estava dormindo e não percebeu o momento em que Giovânio teria se matado.
“Interrogamos tanto o homem que estava na cela quanto os parentes mais próximos de Giovânio. A investigação será conduzida por aqui, mas, caso seja avocada pela corregedoria, será transferida”, disse Aguiar ao Metrópoles.
Giovânio, que era funcionário de uma gráfica que presta serviços para o Senado, foi levado por policiais militares para a 27ª DP depois de ter sido flagrado dirigindo sob efeito de álcool no domingo (13). Na manhã desta segunda (14), estava morto dentro da cela, supostamente enforcado com a própria calça.Segundo informações da Polícia Civil, Giovânio fez o teste do bafômetro, que acusou 1,1 mg/l. Por tal razão, foi autuado em flagrante por crime de embriaguez ao volante (art. 306, CTB).
A Polícia Militar informou que Giovânio dirigia um Fox de maneira perigosa, colocando em risco a vida de outras pessoas, foi contido e agredido por populares. Depois do ataque, o motorista teria sido solto, embarcado no carro e voltado a fazer manobras arriscadas. Ao ser abordado, a PM constatou que ele estava machucado. Tanto que foi levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, na sequência, para a 27ª DP.
Preso por embriaguez
A morte de Giovânio ocorre um mês após o motorista Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos, ter sido encontrado morto dentro de uma cela da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho).
Luís Cláudio também foi preso acusado de dirigir sob efeito de álcool. O carro que ele conduzia envolveu-se em acidente com o de um policial militar, por volta das 15h, em 14 de julho. De acordo com a Polícia Civil, o teste de bafômetro dele apontou 1,35 miligramas de álcool por litro de ar expelido.
Depois que o delegado plantonista da unidade arbitrou o pagamento da fiança para a família, um dos agentes da corporação foi até a cela e o encontrou sem vida. Segundo a polícia, ele teria se enforcado com a própria camisa.
Em depoimento à corregedoria, uma testemunha contou que ficou na unidade das 15h30 às 18h30. Por volta das 18h, ela garante ter visto um escrivão sair da DP e dizer a seguinte frase para o atendente: “O cara tá ruim! Ajuda aqui, deu merda!”. Em seguida, afirmou que o delegado teria dito, também em voz alta: “Porra, já é a terceira vez que acontece isso aqui. Não dá para entender por quê”.
O advogado que representa a família dele, Paulo César Feitosa, prepara um dossiê para denunciar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos. O resultado do laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML), obtido com exclusividade pelo Metrópoles, aponta que ele se matou por enforcamento.
Os parentes contestam o documento, embora não tenham tido acesso a ele ainda, e defendem que a morte foi causada por violência policial. “Existem casos reiterados de excessos praticados por policiais. Esse é um modus operandi da polícia e vamos denunciar”, explicou o advogado.