“Gritava e agonizava de dor”, diz testemunha que socorreu PM morto no DF
Segundos antes da ação, o policial percebeu a movimentação dos criminosos e alertou os amigos: “Fiquem espertos”
atualizado
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Depoimentos obtidos pelo Metrópoles mostram como foi a tentativa de assalto que acabou com um policial militar do Distrito Federal morto. Dois amigos de infância de Walisson Holanda Fernandes (foto principal), 28 anos, narraram, com detalhes, como foi a abordagem dos criminosos e os últimos momentos de vida do PM.
Um jovem de 26 anos contou aos policiais da 19ª Delegacia de Polícia (P Sul) que ele, Walisson e mais uma amiga haviam se reunido para conversar na casa do militar. Ele diz ter chegado ao local por volta das 15h30 e que todos ficaram conversando na garagem da casa do PM.
O carro de Walisson, uma Saveiro amarela, equipada com som automotivo, ficou estacionada com uma parte na calçada e outra dentro da garagem. O veículo estava com as portas abertas e o som ligado. Dessa maneira o portão da casa da vítima ficou aberto.
Por volta das 19h, a testemunha afirma que um Fox branco passou em baixa velocidade pela rua. Os amigos repararam que uma mulher de cabelo grande e preto dirigia o carro e não levava passageiros. Alguns segundos depois, dois indivíduos passaram andando no mesmo sentido em que o Fox, como se tivessem desembarcado do veículo.
Quando esses suspeitos passaram, ambos ficaram olhando fixamente para a casa do PM, bem como para o militar e os amigos que estavam ali reunidos. Os criminosos estavam de bermuda e blusa de frio. Assim que a dupla passou, Walisson alertou os amigos e disse: “Fiquem espertos”.
Alguns segundos depois, um dos indivíduos que havia acabado de passar retornou pelo canto do muro já com um revólver apontado para as vítimas dizendo “fica todo mundo quietinho”. Em seguida, houve disparos de arma de fogo.
A partir desse momento, o jovem disse que não se recorda de muita coisa. Quando deu por si, estava dentro da casa de Walisson ouvindo ele gritar. Imediatamente saiu e encontrou o PM baleado no peito, pálido e agonizando de dor. Após verificar a gravidade da situação pediu socorro via telefone.
Prisão
Os autores foram localizados em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do DF. O trio foi identificado como: Vinícius Libório da Costa, 18 anos, Valdomiro Ferreira Alves Júnior, 22, e Luciana Sammarco, 29.
Dois presos fizeram uso do direito constitucional de permanecer calado e se manifestar apenas em juízo. Valdomiro alegou aos agentes que apresenta sintomas de Covid-19 e foi colocado em ambiente isolado dos demais presos. Vinicius afirmou que estava passando no local, foi baleado, desmaiou e, quando acordou, estava preso.
Câmeras de segurança, instaladas nas proximidades do local em que Walisson Holanda foi baleado, registraram a fuga dos assassinos. Na gravação, é possível ver o momento em que duas pessoas saem correndo. O flagrante foi registrado às 19h13 dessa segunda-feira (16/11), em Ceilândia.
O suspeitos queriam roubar o carro equipado com aparelho de som da vítima. Segundo o delegado-adjunto da 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte), Thiago Peralva, o policial viu que os suspeitos estavam encarando e sacou a arma.
“Os meliantes, entretanto, conseguiram sacar a arma antes e desferiram tiros no policial. Mesmo ferido, ele conseguiu revidar e acertou um dos suspeitos na perna”, narrou o delegado.
Conforme Peralva, a tentativa de assalto foi protagonizada por três pessoas, dois homens e uma mulher, que conduzia o carro usado pelo trio, um Fox branco. “Não há indício de que os suspeitos tinham a intenção de matar alguém antes [da troca de tiros]”, afirmou o delegado. Os suspeitos foram presos em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do DF, e levados à 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte).
Veja o momento em que um dos acusados chega à unidade policial:
Policial morto
Depois da troca de tiros, o soldado ainda foi levado para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) inconsciente e em estado grave, mas não resistiu e morreu alguns minutos depois de dar entrada na unidade hospitalar.
Lotado no 20º Batalhão de Polícia Militar, no Paranoá, o soldado tirou folga do trabalho nessa segunda-feira. Segundo informações da PMDF, ele e um amigo estavam na porta da casa do policial quando os acusados chegaram em um Fox branco e anunciaram o assalto. Walisson reagiu e foi baleado duas vezes, na altura do peito.
O velório de Walisson acontecerá nesta quarta-feira (18/11), na capela 2 do Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, das 9h às 10h30. O sepultamento está marcado para as 11h.