Grileiros que incendiaram ônibus após derrubadas são alvos da PCDF
Polícia Civil deflagrou a Operação Hefesto e cumpriu mandados de busca e apreensão no Sol Nascente
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a Operação Hefesto na manhã desta quinta-feira (30/04). No total, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão. A ação coordenada pela 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) tem como objetivo identificar os criminosos que incendiaram um ônibus no Sol Nascente. O caso ocorreu em 10 de março deste ano.
De acordo com o delgado Rafael Catunda, da 19ª DP, foi confirmada a vinculação do incêndio com o fato do DF Legal ter feito derrubada em lotes na região.
“Essas invasões são dominadas por grileiros que, inclusive, já são velhos conhecidos da polícia. Atuam não só com a grilagem, mas com o tráfico de drogas e porte de armas. Hoje, uns dos alvos tinha uma espingarda calibre .12, o que resultou na prisão do investigado. Temos oito suspeitos de serem os autores do incêndio e pretendemos concluir o inquérito o mais breve possível”, ressaltou o policial.
Durante a derrubada, houve conflito com os servidores, principalmente com a Polícia Militar. Segundo informações, os moradores agiram em represália à ação. Ao colocar fogo no transporte coletivo, os suspeitos queriam inibir nova fiscalização e amedrontar os moradores para não denunciar os grileiros envolvidos nos lotes derrubados.
A operação contou com a participação de mais de 80 policiais, equipes táticas e de cães da Divisão de Operações Especiais (DOE), bem como o helicóptero Carcará da Divisão de Operações Aéreas (DOA) . O nome Hefesto faz referência ao Deus do Fogo da Mitologia Grega.
Tolerância zero
À época do crime, o diretor-geral da Polícia Civil do DF (PCDF), Robson Cândido, fez uma incursão na região administrativa do Sol Nascente.
Na ocasião, Cândido garantiu que os bandidos seriam identificados e presos. “Tolerância zero com as milícias que estão cometendo crimes e espalhando o terror na cidade”, afirmou.
“Desce! Não queremos dinheiro”
A ação de oito bandidos encapuzados que incendiaram o ônibus, no Sol Nascente, levou pânico a pelo menos 10 passageiros que estavam no interior do coletivo da São José. O veículo passava pela chácara 128 quando parou em um ponto para embarque e desembarque, por volta de 21h. Com modus operandi semelhante ao de facções que agem em grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, os criminosos mandaram que todos descessem e tocaram fogo no veículo. Nada foi levado.
Motorista e cobrador ouvidos na 19ª DP após o crime afirmaram à Polícia Civil que o grupo encapuzado subiu pelas escadas e deu apenas uma ordem: “Desce todo mundo. Não queremos dinheiro e celular, não. Só desce rápido que vamos tocar fogo no ônibus”.
Munidos de galões com substâncias inflamáveis, possivelmente álcool e gasolina, os homens encapuzados ensoparam os bancos e o interior do ônibus com o combustível e atearam fogo. Em poucos segundos, as labaredas consumiram o coletivo, que fazia a linha Pinheiros/JK Shopping.
A altura das chamas chegou a atingir um poste de energia e provocou pequenas explosões na caixa elétrica, conforme mostram as imagens gravadas por populares e às quais o Metrópoles teve acesso.
Policiais militares foram acionados logo após os homens fugirem do local onde o ônibus pegava fogo. O Corpo de Bombeiros também foi chamado e conseguiu controlar o incêndio. Ninguém ficou ferido. De acordo com a empresa São José, o prejuízo com a destruição do ônibus é estimado em R$ 300 mil.