Greve de agentes interrompe transferência de presos para a Papuda
Comboio com 95 detentos é impedido de entrar na Papuda por agentes penitenciários em greve. Na volta ao DPE, policiais dificultam acesso
atualizado
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Em greve, agentes penitenciários e policiais civis protagonizaram um episódio inusitado nesta terça-feira (25/10). Integrantes de ambas as categorias se recusaram a receber 95 presos de alta periculosidade que estavam no Departamento de Polícia Especializada (DPE) e deveriam ter sido transferidos para a Papuda. O comboio com 10 viaturas, 12 motos e até um helicóptero da corporação foi barrado no complexo penitenciário, pela manhã. De volta ao DPE, os policiais que faziam um piquete tentaram impedir a entrada dos detentos. Houve um princípio de confusão, mas os veículos conseguiram furar o bloqueio.
Na Papuda, os agentes penitenciários, que aprovaram em assembleia nesta terça a continuidade da greve da categoria, estavam no local durante a chegada do bonde e não quiseram receber os presos. “Chegamos a discutir, mas os policiais entenderam nossa luta e respeitaram a nossa paralisação”, afirmou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindpen-DF), Leandro Allan.Já no complexo da Polícia Civil, um vídeo gravado pelos manifestantes mostra o momento em que o comboio retorna ao local. Os policiais que estavam nas viaturas furaram o bloqueio dos colegas que faziam piquete e foram chamados de “pelegos”.
Os policiais civis fazem paralisação nesta terça. Já os agentes penitenciários estão em greve há duas semanas. Entre as reivindicações da categoria, está o pagamento da última parcela do reajuste salarial, que deveria ter sido depositada em setembro do ano passado. A paralisação já foi considerada ilegal pela Justiça e preocupa entidades como o Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CDPDDH), órgão vinculado à Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Na última terça-feira (18), o Conselho protocolou uma representação no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que fossem retomadas as visitas aos presos do Complexo Penitenciário da Papuda e do Presídio Feminino do Distrito Federal, que também estão suspensas devido à greve. O colegiado alertou para o fato de que a medida pode provocar rebeliões.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social informou, por meio de nota, que abriu uma sindicância, em 20 de outubro, para investigar as ações dos agentes penitenciários, incluindo o descumprimento da ordem judicial para que a greve seja encerrada, sob pena de multa diária de F$ 200 mil para sindicato da categoria.