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Greve branca de policiais civis atrapalha investigações no DF

Por conta da Operação Legalidade, para protestar contra condições de trabalho precárias, policiais têm deixado de colher depoimentos de suspeitos, testemunhas e vítimas, o que compromete a apuração de crimes. Sindicato acredita que, em um mês, corporação deixará de fazer 30 mil procedimentos

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operação legalidade, polícia civil
1 de 1 operação legalidade, polícia civil - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O fantasma da greve geral que começa a assombrar o DF já tem efeitos na vida da população. Enquanto policiais militares e bombeiros protestam por reajuste salarial e as demais categorias discutem paralisações — algumas já cruzaram os braços —, os policiais civis estão em plena operação Legalidade. O movimento, iniciado em 4 de julho, prejudica as investigações em curso. Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), sete mil provas testemunhais — os chamados termos de declaração, nos quais são colhidos depoimentos de suspeitos, testemunhas e vítimas — deixaram de ser feitos desde a semana passada. Em um mês, o número pode chegar a 30 mil, estima a entidade.

O Sinpol afirma que, sem as provas testemunhais, não há como embasar pedidos de prisão, interceptação telefônica e nem de mandados de busca e apreensão, partes fundamentais da investigação policial e principal atividade-fim da corporação. Com isso, a tendência é de que as operações diminuam, assim como a apreensão de drogas e armas. Esse cenário, segundo a entidade, é consequência direta do alto déficit no efetivo.

Outro item que integra a pauta de reivindicações da Polícia Civil é o reajuste salarial. A categoria alega que tem isonomia com os vencimentos da Polícia Federal há 20 anos. Os federais vêm discutindo uma nova tabela com o Ministério da Justiça. De acordo com o Sindicato de Delegacias de Polícia do DF, caso o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não cumpra o acordo histórico, a segurança pública estará mais prejudicada ainda, às vésperas da Olimpíada.

Procedimento
A elaboração das provas testemunhais deve ocorrer na presença de um delegado e de um escrivão. Atualmente, há apenas um ou dois delegados e escrivães para fazer esse trabalho em cada uma das delegacias do DF. O sindicato afirma que a corporação conta com 4.500 policiais, enquanto o necessário, de acordo com eles, seriam 8.900.

“Tudo isso ocorre pelo sucateamento da Policia Civil. Hoje, a instituição passa pela sua maior crise, pois falta tudo: de recursos humanos a materiais. Há delegacias que precisam ser demolidas e reconstruídas. Falta material de escritório, como clipes, grampeadores e papel; as armas têm apresentado falhas técnicas, falta também munição, e os coletes à prova de balas estão, praticamente, todos vencidos. O efetivo está reduzido à metade”, protesta o presidente do sindicato, Rodrigo Franco.

O Metrópoles procurou a Direção-Geral da Polícia Civil para falar sobre a deficiência no atendimento e a perda das provas testemunhais. Segundo a Divisão de Comunicação Social (Divicom), a corporação adotou as providências para conduzir os trabalhos da melhor forma possível durante a denominada Operação Legalidade. “Ressaltamos, ainda, que todos os segmentos da instituição fazem, cotidianamente, esforços extras para prestar um serviço de qualidade à população”, afirma a nota da Polícia Civil.

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