Golpista vende vaga de emprego fictícia para brigadistas por R$ 2 mil
Promessa de contratação em uma empresa que presta serviços para o GDF fez pelo menos três pessoas serem enganadas. Polícia Civil investiga o caso e acredita que há mais vítimas
atualizado
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A crise econômica e o desemprego em alta se tornaram um filão para golpistas do Distrito Federal. Abusando da boa-fé de pessoas ávidas por uma recolocação no mercado de trabalho, um estelionatário tem prometido vagas de brigadista em uma empresa terceirizada que presta serviço para o Governo do DF. Pelo menos três pessoas já desembolsaram R$ 2 mil cada na esperança de conseguir postos que não existem. A Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e Fraudes (Corf), da Polícia Civil, investiga o caso e acredita que pode haver mais vítimas.
Sob a condição de não ter a identidade divulgada por temer represálias, uma das pessoas enganadas contou ao Metrópoles que o suspeito alicia as vítima durante cursos de reciclagem para brigadistas (foto principal). Com a lábia afiada e desenvoltura, o homem se diz empregado de uma conhecida empresa de segurança e conservação do Distrito Federal, prestadora de serviços para o GDF.“Ele conta ter facilidade para conseguir essas vagas em postos terceirizados pelo Governo do DF. Ele chega a prometer postos de trabalho como brigadista no Estádio Mané Garrincha. Garante que, após o depósito bancário, em uma semana, seremos chamados para trabalhar. O problema é que esse dia nunca chega”, conta a vítima.
Um dos últimos golpes aplicados pelo criminoso ocorreu durante um curso de reciclagem para brigadistas em São Sebastião, em fevereiro deste ano. Após o teste de aptidão física, o estelionatário se aproximou de um grupo de alunos e ofereceu a vaga de emprego, a um custo de R$ 2 mil por pessoa.
Para reforçar o golpe, o estelionatário ostenta um crachá da empresa Brasfort, de propriedade da família do deputado distrital Robério Negreiros (PSDB). O documento, forjado pelo criminoso, enganou todas as vítimas que fizeram o depósito bancário. Em troca, o golpista entrega um recibo sem qualquer valor legal (veja imagem). Na ocasião, três alunos do curso de São Sebastião caíram no conto do vigário e, até a noite de terça-feira (7/6), ainda amargavam o prejuízo.
Após o pagamento, geralmente feito em casas lotéricas, começa o desespero de quem sonhava com uma vaga de emprego. Quando percebem o golpe, as vítimas entram em contato com a estelionatário para tentar reaver o dinheiro, em vão. O Metrópoles teve acesso a uma série de conversas travadas entre o golpista e uma das vítimas por meio do WhatsApp. Veja abaixo:
O homem chega a tripudiar de uma das vítimas, e pouco se importa caso seja denunciado à polícia. A reportagem procurou o deputado distrital Robério Negreiros para falar sobre o fato de o estelionatário se dizer funcionário da empresa de sua família. O parlamentar rechaçou qualquer possibilidade de ser verdade. “Não há hipótese alguma disso ser verdade. Além disso, esse tipo de golpe tem se tornado uma prática comum”, ressaltou Negreiros.
Segundo o delegado Jeferson Lisboa, da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e Fraudes (Corf), “foram colhidos os depoimentos das vítimas e o caso está em apuração. O suspeito será intimado a depor nos próximos dias”. Como o acusado ainda não foi indiciado, a identidade dele não foi divulgada.
A reportagem tentou entrar em contato com o golpista por meio do telefone usado para se comunicar comas vítimas via WhatsApp, mas o número se encontra desativado.