GDF cria comitê de combate à intolerância religiosa
Grupo discutirá a implementação de medidas para coibir casos como incêndios a entidades que praticam religiões africanas. Rollemberg promete assinar, na próxima quinta-feira (21/1), decreto que determina a abertura de delegacia especializada nesse tipo de crime
atualizado
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Na tentativa de dar uma resposta aos recentes ataques a terreiros e a monumentos de religiões africanas, o governo criou o Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR), em decreto publicado na edição desta quinta-feira (14/1) do Diário Oficial do Distrito Federal. A principal atribuição do colegiado é garantir a liberdade religiosa, instituindo mecanismos de combate à intolerância.
O comitê será composto por 12 integrantes e ficará sob o guarda-chuva da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Serão seis representantes do Governo do Distrito Federal.O restante das cadeiras será preenchido por membros da sociedade civil. Todos terão mandato de dois anos, mas os cargos não serão remunerados. As reuniões para discutir a implementação de políticas públicas vão ocorrer a cada 30 dias.
Um dos representantes da sociedade civil deve sair da Fundação Cultural Palmares, órgão do governo federal que tem por finalidade promover e preservar a cultura afro-brasileira. Segundo Felipe Santos, coordenador de Comunicação da entidade, a criação do CDDR é o desdobramento de uma primeira reunião que a fundação teve, em dezembro, com representantes da Casa Civil. Para Santos, apesar de tímida, a ação é uma importante iniciativa para combater os ataques.
O Estado tem que garantir a diversidade religiosa. Isso seria um primeiro passo. Estado, sociedade civil e lideranças religiosas têm de unir esforços para dar um basta a esses atos
Felipe Santos, coordenador de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
Delegacia especializada
Em outra frente — que ainda está apenas no plano das ideias —, o GDF pretende criar uma delegacia especializada nesse tipo de crime.
Rodigo Rolemberg prometeu criar a Delegacia de Crimes de Intolerância Religiosa e Racismo após visitar o terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, no Paranoá, incendiado em 27 de novembro. Segundo o GDF, o governador assinará o decreto de criação da unidade na próxima quinta-feira (21/1).
No entanto, a criação da unidade especializada esbarra na falta de servidores da Polícia Civil, que hoje tem uma defasagem de 50% no quadro de efetivos, segundo o Sindicado dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sindpol). Ao tomar conhecimento da intenção do socialista, o presidente da entidade, Rodrigo Franco, reclamou: “É completamente inviável no momento. Nós já trabalhamos no limite dos nossos recursos humanos”, disse, na ocasião.
A Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) afirmou que a corporação já começou os estudos para viabilizar a implantação da unidade.”A Direção da PCDF informa que está ultimando estudos no sentido de fazer uma reestruturação administrativa e criar a delegacia especializada na investigação dos crimes de intolerância religiosa, racismo e contra as minorias. A referida unidade será criada o mais breve possível, logo após a conclusão dos trâmites legais. Importante esclarecer que os referidos crimes já são registrados e apurados pelas delegacias circunscricionais”, esclareceu.