Gangues de Planaltina atacam rivais e PCDF lança contraofensiva
Nas últimas semanas, três criminosos foram mortos por adversários. Polícia monitora integrantes de facções para prendê-los em flagrante
atualizado
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Uma nova estratégia tem sido usada pela Polícia Civil para combater as gangues que atuam em Planaltina: monitorar os integrantes de facções criminosas para prendê-los em flagrante no momento em que cometem algum delito. A ação é uma resposta à onda de crimes que tomou conta da região nas três últimas semanas. Nesse período, houve ataques entre grupos rivais que resultaram em três mortes e cinco pessoas feridas.
Os “soldados”, como são chamados os membros dos grupos que fazem os roubos e executam desafetos, são, na maioria dos casos, adolescentes. Um deles foi preso no último domingo (4/6), quando se preparava para matar um rival.
De acordo com as investigações, o jovem detido cometeu uma série de roubos a comércios nos últimos meses. Em abril, ele assaltou uma padaria na região de Buritis IV e foi flagrado pelas câmeras de segurança (veja vídeo abaixo).
Essa foi a 10ª ocorrência envolvendo o rapaz, que foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Na unidade, ele foi autuado por ato infracional análogo aos crimes de porte ilegal de arma de uso restrito (numeração raspada) e receptação, pois além do revólver, ele estava com a bicicleta roubada.
O mapa do crime
Em 2016, os investigadores da 31ª DP mapearam os territórios ocupados pelas gangues, verificaram o nível de organização dos criminosos e descobriram as engrenagens que movimentam a máquina criminosa das quadrilhas de Planaltina. Todos os detalhes fazem parte de relatórios produzidos pelos policiais, aos quais o Metrópoles teve acesso em junho do ano passado.
De acordo com as apurações, três gangues de Planaltina — a Pombal, a Pé de Rôdo (que age no Arapoanga) e a que domina a área Buritis IV — se juntaram em uma. A facção deu origem a um grupo criminoso que passou a se chamar Crime, Morte e Maldição (CMM). O bando faz questão de deixar sua marcas nos muros das quadras que dividem seus territórios.
A CMM é inimiga da gangue que age no bairro Jardim Roriz, que se uniu a outras facções do Arapoanga, como as quadrilhas do Triunfo, Bola 10, Morrinho e Dona América.
Hierarquia bem definida
Como em uma empresa, as gangues definiram postos de comando, execução e contenção, como atuam os chamados “frentes” — homens ou adolescentes armados que saem às ruas para combater os rivais. O chamado “patrão” tem a função de abastecer a boca de fumo.
A figura do chefe é quem faz contato com grandes fornecedores e cuida da logística para a droga chegar ao ponto onde será comercializada, garantindo o fluxo principal do tráfico na região. O patrão é quem dá as ordens, cuida da contabilidade geral, possui o maior poder financeiro e obtém lucro mais fácil. O líder dificilmente lida com usuários ou mantém contato com a droga.
Os chamados “gerentes” coordenam as vendas, dão ordens aos funcionários e cuidam da proteção da área dominada. Eles atuam diretamente na divisão da droga dentro do grupo, realizam o “acerto de contas” em caso de devedores ou daqueles que desobedecem às leis.
Também é de responsabilidade dos gerentes aliciar os adolescentes que compõem as gangues. Os gerentes raramente atendem os usuários; como de costume, eles fecham o negócio, definindo valores e quantidade, pegam o dinheiro e ordenam aos funcionários a entrega da droga.