Família de Thiago Soares vai pedir exumação se laudo for inconclusivo
De acordo com parentes, ele morreu depois de ser agredido por policiais militares, após sair de uma festa no Parque da Cidade. PM nega
atualizado
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A família do jovem Thiago Soares, 22 anos, morto após um suposto espancamento no mês passado, vai pedir a exumação do corpo caso o resultado do laudo sobre a causa da morte do rapaz seja inconclusivo. De acordo com parentes, ele morreu depois de ser agredido por policiais militares, após sair de uma festa no Parque da Cidade. Nesta quarta-feira (2/11), familiares e amigos fizeram uma passeata pedindo justiça.
Com balões brancos e faixas com as frases “Justiça para Thiago”, “Chega de impunidade” e “A Justiça não pode parar e os culpados vão pagar”, o grupo se manifestou em uma caminhada pelo Eixão Sul, entre as quadras 206 e 212. Cerca de 100 pessoas participaram do protesto.
A mãe de Thiago, Elaine Carvalho, explicou que o objetivo é chamar a atenção para o caso. “Queremos ser vistos pelo Estado, governo, corregedoria, Ministério Público e pela população. Isso aqui não é só pelo Thiago. É por todas as mães que passaram por isso. Quero tirar a imagem que a policia deixou do meu filho. Ele não é bandido. Ele tinha carteira assinada e trabalhava em órgão publico. Vim pedir paz e justiça”.
A família está com três advogados na causa. O laudo sobre a morte do rapaz sai em até 60 dias. Thiago faria aniversário no dia 4 de dezembro e uma nova passeata está sendo marcada para a data. O ponto de encontro será na 712 Sul, onde teria ocorrido a agressão.Pessoa do bem
Lucas Magalhães (foto abaixo), 22 anos, era um dos melhores amigos de Thiago. Ele descreveu o jovem como uma pessoa do bem, calma e que nunca havia brigado com ninguém. Os dois iam se encontrar na festa onde tudo ocorreu, mas não deu certo. Lucas não entende a necessidade de quatro viaturas estarem cercando o amigo que já estava algemado e dentro do carro policial (como mostra vídeo divulgado pelo Metrópoles).
Toda vez que nos despedíamos, ele falava que me amava. Parece que sabia que o tempo era curto. O perfil que a PM está descrevendo não bate com a pessoa que ele era.
Lucas Magalhães
Suposta agressão
O caso ocorreu no dia 12 de outubro, após um evento no Parque da Cidade. Por volta das 23h, Thiago e um amigo iam em direção a uma parada de ônibus quando, segundo a versão da família, foram abordados por sete policiais. O colega atendeu ao pedido de parada dos PMs e foi liberado. Thiago, no entanto, correu e foi detido pelos militares.
A família acredita que ele tenha sido espancado porque apresentava ferimentos e lesões graves por todo o corpo. Segundo a mãe, o jovem também tinha marcas de socos nos olhos e de cassetetes no rosto. A versão é reforçada por um estudante de direito. O universitário relatou à reportagem ter visto os policiais batendo violentamente no jovem.
Já a Polícia Militar do DF afirma que o rapaz estava descontrolado devido ao uso de entorpecentes e que os ferimentos foram causados pelo próprio Thiago, que teria tido convulsões na viatura policial e na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
A corporação também alega que ele tentou tomar a arma de um dos militares que o abordou. O relato dos militares condiz com o de uma das socorristas responsáveis pelo atendimento da vítima.
O jovem morreu na madrugada de quinta (27/10), após passar 15 dias internado.