Estudante lutou para não ser morto, aponta laudo preliminar do IML
No corpo de Arlon, que passa por necropsia no IML, há sinais característicos de defesa, como corte nas mãos e nos braços
atualizado
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Laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) indica que, pelas características dos ferimentos, o doutorando da Universidade de Brasília (UnB) Arlon Fernando da Silva, 29 anos, reagiu à ação do criminoso que o matou a facadas na noite de quinta-feira (7/12). A vítima voltava para casa de bicicleta, no Sudoeste, quando foi assassinada próximo ao Palácio do Buriti, à Câmara Legislativa e ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, no corpo de Arlon, que passa por necropsia no IML na tarde desta sexta-feira (8/12), há sinais característicos de defesa, como corte no dorso das mãos e nos braços. A vítima levou pelo menos quatro facadas, uma delas atingiu profundamente a região da axila esquerda. Até agora, ninguém foi preso pela morte do rapaz, nem a bike em que ele estava foi localizada.O crime, tratado como latrocínio (roubo seguido de morte) até o momento, ocorreu em um ponto escuro da ciclovia, diante da Câmara Legislativa. Do outro lado do Eixo Monumental, fica o Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal. O bandido fugiu do local com a bicicleta da vítima. O modelo mountain bike GT Avalanche Elite, usado pelo estudante, custa de R$ 1 mil a R$ 4 mil.
A equipe da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) investiga o caso. Nas redes sociais, amigos lamentam a morte. “O Brasil, a UnB e todos nós perdemos um grande amigo, físico, capaz de impressionar pela capacidade de atuação, e um rapaz determinado. São tempos de muita dor”, desabafou Gabriel Nascimento, pelo Facebook.
No Instituto de Física da UnB, onde Arlon fazia doutorado, o clima é de comoção. Amigos, professores e colegas da vítima estão muito abalados. O orientador do doutorando, Jorlândio Francisco Félix, relatou que Arlon era um rapaz muito tranquilo. “Sempre disposto a ajudar. A pesquisa dele (na área de Nanotecnologia) ia muito bem”, acrescentou.
O professor Jorlândio informou ainda que, dias atrás, havia apresentado alguns resultados do estudante em Southampton, cidade portuária da Inglaterra. “Os pesquisadores de lá ficaram bastante entusiasmados”, contou o orientador. Arlon levaria cerca de um ano e meio para terminar o doutorado.
O orientador foi o primeiro a chegar ao Hospital de Base do Distrito Federal, para onde a vítima foi levada depois de ser atacada enquanto voltava para casa de bicicleta, no Sudoeste. O professor recebeu uma ligação por volta das 21h de quinta (7), pois o número dele era o mais frequente no celular do Arlon. Seguiu para o HBDF, mas não conseguiu ver o aluno, que já estava inconsciente.
Arlon veio de Rio Branco do Sul, Paraná, para estudar em Brasília. Fez mestrado em física e, agora, era doutorando na UnB, na mesma área. Sempre ia e voltava da universidade na bicicleta levada pelo assaltante.
Sebastião William da Silva, professor do Instituto de Física da UnB, era amigo de Arlon. Ele comentou que os dois tinham o hábito de andar de bicicleta todos os domingos de manhã. “Ele morava na Asa Norte e se mudou para o Sudoeste há cerca de dois meses, porque achou uma quitinete mais barata”, disse.
Segundo o amigo, o estudante era solteiro e muito tranquilo. “Às vezes, achávamos que ele estava dormindo em pé. Não se abria muito sobre a vida pessoal. Mas sei que os pais dele são separados. O Arlon não tinha muito contato com eles”, ressaltou.