“Estava louco de Rohypnol”, diz assassino de motorista de app
O suspeito foi encontrado pela polícia na tarde dessa segunda-feira, dentro do armário da casa onde mora, em Ceilândia
atualizado
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O rapaz de 21 anos que foi preso nessa segunda-feira (10/02/2020) confessou ter matado o motorista de aplicativo Túlio Russel César (foto em destaque), 27. Em depoimento aos investigadores da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul), o suspeito, que não teve o nome divulgado, afirmou que “estava louco de Rohypnol”. O remédio é de uso controlado e aplicado em golpes, como o Boa noite, Cinderela.
Aos policiais, o suspeito detalhou que, durante o roubo, acabou atirando na vítima. Disse que se arrepende e ainda que “não queria ter cometido o homicídio”. Acrescentou que estava sozinho e “muito drogado”. O suspeito não soube dizer o que ocorreu no momento do crime. Afirmou que não se lembra se a vítima reagiu, se ele pensou que o motorista ia se defender ou se foi um tiro acidental. O jovem apenas afirmou o tempo inteiro que estava “muito louco” e dispensou a arma em um matagal.
“As investigações continuam no sentido de encontrar a arma usada no homicídio e apurar a participação de outras pessoas. Também aguardamos a conclusão dos laudos periciais”, explicou o delegado adjunto responsável pela investigação, Maurício Iacozzili.
O preso foi encontrado pela polícia na tarde dessa segunda-feira (10/02/2020) dentro do armário da casa onde mora, em Ceilândia. Ele usava tornozeleira eletrônica. Segundo os investigadores, o dispositivo registrou o trajeto feito pelo condutor antes de ser assassinado com um tiro na cabeça. O corpo da vítima foi localizado na manhã desse domingo (09/02/2020), na estrada Vicinal (VC-311), no Sol Nascente, na mesma região administrativa.
Após o latrocínio (roubo seguido de morte), o acusado rompeu a tornozeleira. Ele cumpria pena por roubo, furto e receptação. Na casa onde foi detido com outro comparsa, funcionava um desmanche de carros, além de ser usada para guardar produtos roubados em residências.
Com as duas prisões nessa segunda-feira (10/02/2020), já são quatro detidos pela PCDF. No entanto, apenas o rapaz de 21 anos vai ser autuado pelo latrocínio. Poucas horas após o crime, dois suspeitos haviam sido localizados com uma espingarda. A polícia ainda aguarda os exames de balística para confirmar se a arma foi usada no crime.
Segundo informações de Iacozzili, o caso é tratado como latrocínio. O celular, dinheiro e os cartões da vítima foram levados pelos bandidos. Os objetos ainda não foram localizados. As prisões ajudam a completar as estatísticas da delegacia. Neste ano, a 23ª DP elucidou 100% dos homicídios e latrocínios na região.
A mãe do motorista de aplicativo lamentou a morte do filho. Sheila Russel Kos, 48, afirmou que o sentimento é de “tristeza na alma”. O corpo do rapaz, que era formado em direito e havia passado no concurso da PMDF, vai ser enterrado na tarde desta terça-feira (11/02/2020), no Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga.
Ataques em janeiro
Outro motorista de aplicativo, Samuel Veras dos Santos, 41, foi encontrado amarrado, bastante ferido, e dentro do porta-malas de um veículo no dia 30 de janeiro. A vítima estava perto da linha férrea, ao lado da Estrutural, e foi levada para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).
O mesmo não ocorreu com Maurício Cuquejo Sodré, 29. Na manhã do dia 23 de janeiro, o corpo do motorista foi encontrado no Condomínio Núcleo Rural Boa Esperança ll, na região da Granja do Torto.
O cadáver estava de bruços dentro de uma poça de água. O veículo estava em outra vala. O lugar fica próximo ao Condomínio Boa Esperança. Havia também duas facas onde o homem foi achado.
Neste começo de ano, outro motorista de app foi assassinado. A vítima era Aldenys da Silva, também de 29 anos. No mesmo dia que Maurício foi encontrado morto, a Polícia Militar prendeu Natanael Pereira Barros, 19, no centro de Taguatinga, acusado pelo crime.
Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em dois anos, a capital teve 145 ocorrências de roubo com restrição de liberdade em que as vítimas trabalhavam como condutores de apps. O balanço expõe o crescimento da prática criminosa: o montante saltou de 38 registros em 2018 para 107 episódios no último ano.