“Ele não vai mais voltar”, diz avó de jovem morto em Águas Claras
Rodrigo foi esfaqueado ao tentar conter ladrão que havia acabado de assaltar uma farmácia, na noite de quinta-feira (17/10/2019)
atualizado
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A mãe e a avó do universitário Rodrigo Souza Borges, 25 anos, morto na noite dessa quinta-feira (17/10/2019), após assalto a uma farmácia em Águas Claras, juntam forças para superar a dor e a saudade. O jovem, pai de uma menina de 2 anos, morreu esfaqueado ao tentar conter o ladrão Joelton Alves da Silva, 37. “Eu esperava ele todas as noites. Agora, não vai mais voltar”, desabafou Maria Vanda, 68, avó com quem o rapaz morava.
As duas descreveram o estudante de educação física como um menino alegre, cheio de amigos, que sonhava em dar aulas para crianças autistas. “Nenhuma mãe deve enterrar um filho. Não desejo isso a ninguém”, disse Vaneide Maria, 46.
O velório de Rodrigo será neste sábado (19/10/2019), às 11h, na Capela 6 do Campo da Esperança da Asa Sul.
Imagens do circuito interno da drogaria mostram o momento em que Joelton se passa por cliente para roubar o estabelecimento. Ele levou R$ 147 e, quando saía, um dos funcionários da farmácia gritou: “Pega ladrão!”. Em seguida, populares começaram a perseguir o ladrão. O homem foi espancado e esfaqueou dois jovens. Rodrigo chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.
Antes de roubar, o homem conferiu se não havia movimento na Drogaria Pacheco localizada na Avenida Boulevard Norte. Ele simulou uma compra e pediu para passar o valor no cartão, que foi recusado. Depois, exigiu que o funcionário colocasse todo dinheiro do caixa na mesa. O assaltante fez um movimento com a mão na blusa, indicando que estaria armado.
Após o alerta de “pega ladrão”, vários entregadores de aplicativo e outros populares que estavam na rua começaram a perseguir Joelton.
Daniel Sampaio Pinho, 28, trabalhava no food truck Miquéias, entre as ruas 17 e 18 Norte, quando o assaltante passou correndo com uma arma branca. Testemunhas relataram ter visto duas facas na mão de Joelton, mas a polícia encontrou apenas uma. O acusado teria desferido golpes em Daniel, que ficou ferido e foi levado ao hospital, mas já está fora de perigo.
Rodrigo não teve a mesma sorte. No meio da confusão, teria escorregado e caído para trás ao dar um chute em Joelton. Nesse momento, o autor do crime esfaqueou o estudante de educação física duas vezes, causando ferimentos graves. Foi levado ao hospital e chegou a passar por cirurgias, mas não resistiu e faleceu, por volta de 3h.
O jovem era entregador de comida por meio de aplicativo e estudava educação física na Uniplan de Águas Claras. Inclusive, uma camiseta preta com o nome do curso ficou caída no local onde ocorreu o assassinato. Já o suspeito, segundo consta na ocorrência policial, trabalhava como auxiliar de serviços gerais na mesma faculdade particular.
Agonizou
Aline Brandão, 39, presenciou o socorro a Rodrigo. Ela diz ter ficado iluminando o rapaz com a lanterna do celular, para que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fizesse os primeiros atendimentos. “Ele falava: ‘Não consigo respirar’. E a gente dizia ‘Não dorme, não dorme’, tentando mantê-lo acordado. Ele agonizou”, conta.
A confusão ocorreu por volta das 23h. A Polícia Militar foi acionada por testemunhas que viram o bandido assaltar o estabelecimento e ser imobilizado por populares que passavam pelo local. Tão logo chegaram ao endereço, os militares tomaram conhecimento de que o suspeito estava com uma faca e teria ferido duas pessoas que tentaram impedir sua fuga.
Após ser espancado, Joelton foi preso e levado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Ele vai responder por roubo, homicídio qualificado e outra tentativa de homicídio.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram populares agredindo o suspeito, em local próximo à Rua 17. O assalto ocorreu perto dali. No momento, havia quatro funcionários e nenhum cliente na farmácia.