Dois brasilienses morrem assassinados por dia no Distrito Federal
Uma média de 1,85 morador da capital federal foi vítima de morte violenta de janeiro a maio deste ano. No período, houve 259 homicídios, 17 latrocínios e quatro lesões corporais seguidas de morte. Apesar dos números, houve queda nas ocorrências em comparação aos mesmos meses de 2015
atualizado
Compartilhar notícia
O brasiliense convive com a violência e, com frequência, é surpreendido por notícias de assassinatos e casos de grande repercussão. Este ano, algumas das mortes que tiveram grande repercussão foram a do ex-servidor do Senado Eli Roberto Chagas, vítima de latrocínio enquanto aguardava os filhos na porta de uma escola no Guará 2; a da ex-estudante da UnB Louise Ribeiro, executada brutalmente por um colega de classe; e, mais recentemente, a da universitária Jéssica Leite, esfaqueada no peito; e a do policial civil César Everardo Dill, executado por bandidos.
Embora as últimas duas ocorrências não entrem no mais recente balanço da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, divulgado na tarde desta sexta-feira (17/6), nos cinco primeiros meses de 2016, 259 pessoas foram vítimas de homicídio no DF; 17, de latrocínio; e quatro, de lesão corporal seguida de morte. A média, por dia, é de 1,8: ou seja, praticamente duas pessoas são mortas diariamente por causa da violência no DF.Apesar de as estatísticas oficiais caminharem na contramão da percepção da sociedade, a secretária Márcia de Alencar ressalta que, na comparação com o mesmo período de 2015, a maioria dos chamados “crimes violentos letais intencionais” registrou queda. Entre janeiro e maio de 2015, foram 273 homicídios e 18 latrocínios.
Já as tentativas de homicídio caíram 11,8% no período — de 450 (2015) para 397 (2016), enquanto as tentativas de latrocínio subiram 18,3%: de 82 para 97. As ocorrências de estupro caíram: de 264 para 254 (-3,8%).
Roubos
Alguns percentuais subiram consideravelmente na comparação entre os cinco primeiros meses de 2015 com o mesmo período deste ano. É o caso das ocorrências de roubos a residência, que saltaram de 259 para 411 (variação de 58,7%); e de assalto s pedestres, que cresceram de 13.713 para 16.642 (21,4%).
O diretor da Polícia Civil do DF, Eric Seba, aponta duas questões que podem contribuir com os contínuos crimes na capital do país. “A situação financeira do Brasil como um todo tende a elevar os índices de criminalidade. Além disso, temos um sistema jurídico e penal que contribui para a impunidade. Quem comete roubos e furtos dificilmente fica preso. Há casos de adolescentes que são pegos em atos infracionais pela manhã, soltos à tarde e detidos novamente à noite”, relata. No acumulado dos primeiros cinco meses de 2016, foram apreendidos 698 adolescentes, número 25,8% maior do que no mesmo período do ano passado.
Outra preocupação do diretor da Polícia Civil está no efetivo. Segundo Seba, a corporação sofre com o número reduzido e a idade avançada dos agentes civis. “Nosso quadro é menor do que em 1993. E mais da metade dos servidores tem mais de 45 anos. É preciso entender que eles se esforçam ao máximo, mas são seres humanos, trabalhando no limite. A recomposição é essencial”, alertou.
Mortes no trânsito
Foram registradas, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, 161 mortes em acidentes de trânsito. Houve aumento de um caso em relação ao mesmo período de 2015. Apenas em maio deste ano, ocorreram 46 óbitos, contra 42 em abril. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) realizou, em maio deste ano, 310 blitze, 191 flagrantes de alcoolemia (presença de álcool no sangue) e 2.241 apreensões de veículos.
Novidades
Algumas novidades foram anunciadas na coletiva da tarde desta sexta (17). Uma é a formação de um comitê de segurança, composto por órgãos de sete unidades da Federação do Centro-Oeste e do Nordeste. A cooperação das inteligências auxiliará nas investigações e buscas de criminosos que migram diferentes localidades. A troca de informações começará a partir de julho.
Outra novidade são os núcleos de atendimento à mulher. A partir desta semana, as delegacias circunscricionais contarão com equipes formadas por agentes mulheres que darão suporte diferenciado a casos de violência sexual e doméstica. A Secretaria de Segurança estuda também criar espaços para que mulheres possam deixar os filhos enquanto prestam depoimento. (Com informações da Agência Brasília)