Disputa pela direção da PCDF divide atenção com eleições. Conheça os cotados
Policiais civis já começaram a movimentação para influenciar na escolha de quem comandará a corporação nos próximos anos
atualizado
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A semana é de eleições para governador e presidente da República. Mas há uma outra disputa que tem esquentado os bastidores no Distrito Federal. Diante da perspectiva de alternância do poder no comando do GDF, policiais civis já começaram a movimentação para influenciar na escolha de quem os dirigirá pelos próximos anos.
Desde 2012, a categoria apresenta lista tríplice ao governador para indicar seus quadros preferidos. Foi justamente com base nessa pré-seleção que os últimos dois diretores-gerais (DGs), Eric Seba e Jorge Xavier, chegaram ao comando da corporação.
Reunindo 75% das intenções de voto, conforme as pesquisas têm apontado, Ibaneis Rocha (MDB) disse que manterá a tradição. Nesse contexto, cinco nomes são os mais cotados para figurar na lista a ser elaborada na primeira semana de novembro. Lotado na Delegacia do Paranoá, Maurílio Rocha é uma das apostas.
Não seria a primeira vez que Rocha tangencia o comando da Polícia Civil no DF. Em 2014, ele chegou a estar entre os três mais votados pelos colegas delegados. Na época, competia com João Carlos Lóssio – hoje aposentado – e Eric Seba. Eleito, Rodrigo Rollemberg (PSB) acabou ungindo Seba, com quem tem relacionamento estreito.
Durante os últimos anos, Maurílio agregou prestígio na categoria ao assumir um tom combativo em relação à cúpula da PCDF. A força de Eric Seba durou pouco entre seus pares. Inerte diante da luta dos policiais pela paridade prometida por Rollemberg na campanha de 2014, Seba perdeu a simpatia dos colegas e passou a ser fortemente criticado.
Espaço que foi sistematicamente ocupado pela oposição. Ao apresentar suas credenciais, Maurílio tem, além da sintonia com o pleito da categoria, vasta experiência como delegado. Já foi, na corporação, diretor da Divisão de Inteligência e do Departamento de Atividades Especiais. Chefiou várias unidades circunscricionais, comandou a área de segurança na Câmara Legislativa. Foi subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e fez cursos na Escola Superior de Guerra (ESG).
Maurílio faz parte do mesmo grupo de um outro nome que se coloca na disputa pela cadeira de DG, o de Gilberto Maranhão. De perfil técnico e agregador, Maranhão tem ótimo trânsito entre delegados da ativa e aposentados. Destacou-se em cargos estratégicos na área de inteligência da polícia, em âmbitos local e federal. Foi responsável, por exemplo, por estruturar a Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos, atuando na Copa do Mundo, Olimpíadas e Copa das Confederações. Atualmente, está lotado na SSP.
Gilberto Maranhão é casado com uma sobrinha do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB). A despeito da relação familiar, o delegado sempre diz que é alheio ao emedebista. Um dos personagens mais fortes do cenário político em governos passados, Filippelli amarga, hoje, sua pior fase. É réu na Panatenaico, que investiga o desvio milionário na construção do Mané Garrincha. Além do mais, não conseguiu se eleger deputado federal.
Favorito
Considerado delegado linha de frente, aquele tipo de policial que coloca a mão na massa, Robson Cândido é o nome favorito na disputa. Tem 28 anos de atividade policial, sendo oito deles em Goiás. Foi delegado plantonista em 10 cidades do DF, delegado cartorário e adjunto. Atualmente, chefia a 11ª DP, do Núcleo Bandeirante.
Pesa em seu favor integrar a diretora do Sindicato dos Delegados da PCDF (Sindepo), que atuou fortemente em oposição à reeleição de Rodrigo Rollemberg e, portanto, a favor, neste segundo turno, de Ibaneis Rocha. Ele também é o preferido do deputado Wellington Luiz (MDB). Como não conseguiu se reeleger, o distrital perde influência, mas não deixará de opinar no processo.
Uma surpresa pode vir de Ceilândia. Victor Dan chefia a 23ª DP e seu nome aparece em várias rodas de conversas, principalmente entre os delegados mais novos. Na ativa há 26 anos, Dan também tem apoio de uma parcela significativa da força feminina da corporação, novidade no processo de escolha do DG. Já exerceu funções de plantonista, cartorário e de delegado-chefe em diversas regiões administrativas.
Outro nome cotado para chegar à lista tríplice é o de Benito Tiezzi. De perfil pacificador, o delegado circula bem tanto entre a atual gestão quanto na oposição. Presidiu o Sindepo durante seis anos e hoje integra sua diretoria, tendo conquistado o respeito de seus colegas. Foi lotado nas delegacias do Lago Norte, Riacho Fundo e Núcleo Bandeirante. Também atuou como assessor da Direção-Geral na gestão de Laerte Bessa e seguiu com ele para auxiliá-lo no Congresso, quando Bessa tornou-se parlamentar.
Embora admirado na categoria, Benito pode ter um empecilho se alcançar a lista tríplice. Este ano, ele foi condenado por improbidade administrativa. Terá de pagar 20 salários mínimos por não ter “diligenciado suficientemente” a banca examinadora da qual fez parte para concurso de delegados realizado em 2000.
Arrastada há 18 anos, a ação mudou de competência e, em 30 dias, foi julgada por juíza do Núcleo de Gestão de Metas do Judiciário (Nupmetas). A Procuradoria-Geral do DF entrou com recurso para tentar reverter a condenação de Benito e outros então integrantes da banca examinadora.
Correm por fora outros nomes que se apresentam como opções. Entre os quais, Laércio Rossetto, delegado-chefe da Asa Norte; Welerson Gontijo, lotado na inteligência do TCDF; e Sérgio Bautzer, delegado da 27ª DP, no Recanto das Emas.
Paralelamente ao trabalho do Sindepo, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) também se organiza para indicar lista tríplice ao governador.
Força política
A disputa fervorosa pela chefia da Polícia Civil tem justificativa. Depois do cargo de governador, o chefe da corporação é considerado um dos mais poderosos na estrutura do governo. Passa pelo DG toda a sorte de informações estratégicas. A forte oposição que os policiais fizeram a Rollemberg, sem dúvidas, contribuiu para o desgaste da imagem do atual gestor do GDF.
Quando Rollemberg deixou de cumprir as promessas feitas à categoria, fez uma conta matemática. Era o chefe da máquina de governo contra 4,3 mil policiais. Numericamente, é pouco. O que o governador não calculou direito foi o poder de fogo e influência dos policiais.