Diretor da Polícia Civil do DF exonera delegados “insurgentes”
A decisão provocou a mobilização de sindicatos dos policiais civis (Sinpol) e de delegados (Sindepo)
atualizado
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Uma guerra foi deflagrada entre a direção-geral da Polícia Civil e um grupo de delegados-chefes visto como “insurgente” pelo comando da instituição. A resposta do diretor, Eric Seba, à insubordinação dos colegas veio por meio do Diário Oficial do DF (DODF) desta sexta-feira (21/10). Parte dos delegados contrários à sua gestão foi exonerada e perdeu os cargos de chefia. A decisão provocou a reação imediata do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), que fez uma manifestação no Departamento de Polícia Especializada (DPE). Um grupo chegou a entrar no gabinete de Seba para protestar à tarde.
A publicação traz a exoneração de delegados importantes na estrutura da polícia, como o chefe do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), Josué Ribeiro da Silva, responsável por coordenar todas as 34 delegacias espalhadas pelas cidades do DF. O delegado perdeu o cargo por se posicionar ao lado de outros colegas que defendem a paridade salarial com a Polícia Federal e o aumento do efetivo na instituição.
O lugar de Josué – que foi nomeado para um cargo de assessoria institucional, o que é visto como uma espécie de punição – será ocupado pelo delegado Jeferson Lisboa, que ocupava a chefia da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e a Fraudes (Corf). Lisboa tem a confiança da diretora do DPE, a delegada Mabel de Farias, e de Eric Seba.
Outro delegado exonerado, Flávio Messina Alvim, perdeu a chefia da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). O motivo seria o mesmo: opinião contrária à direção da polícia. O delegado Moisés Martins foi exonerado do cargo de chefia na 32ª DP (Samambaia). “A atual direção da PCDF está fazendo bonito para o governador (Rodrigo Rollemberg), mantendo as portas de delegacias abertas, a fim de mostrar à população que está tudo bem. Mas não está. A polícia virou um balcão da PM e o diretor, Eric Seba, enterrou de vez a investigação da Polícia Judiciária”, afirmou um delegado ouvido pelo Metrópoles, que preferiu não se identificar.
De acordo com presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Rodrigo Franco, os exonerados fazem parte de um grupo de vários outros delegados que têm uma postura mais enérgica e de cobrança da falta de efetivo e de impossibilidade de continuar trabalhando na ilegalidade. “O próximo passo será a exoneração dos agentes e escrivães que compõem as equipes destes delegados. A estratégia é calar a boca de quem tem posição firme na defesa da instituição”, disparou.
Já o presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo), Rafael Sampaio, disse que em vez de destituir apenas um grupo, Seba deveria exonerar todos os cargos comissionados já colocados à disposição por delegados e policiais em função de chefia. Caso contrário, defende a entidade, o diretor-geral deveria reconsiderar as exonerações.
Sobre as exonerações dos delegados, a Divisão de Comunicação (Divicom) da Polícia Civil informou que a mudança no DPC faz parte de um processo natural e, com a alteração, outras trocas na estrutura das delegacias circunscricionais devem ocorrer normalmente. Eric Seba não foi encontrado para comentar nem a medida tomada nesta sexta nem as críticas dos policiais.
A queda de braço entre a direção e os policiais tem desdobramentos novos a cada dia. Um dos episódios ocorreu esta semana, quando um grupo de delegados disse que não ia reabrir as delegacias por 24 horas, conforme determinou o comando da corporação. Agora, a resposta veio com a exoneração dos delegados.