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DF: após mortes, motoristas de app querem “selfie” de passageiros

Sindicato sugere que clientes sejam obrigados a fornecer fotos com o objetivo de aumentar a segurança de profissionais

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Granja-2
1 de 1 Granja-2 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Assaltado e assassinado enquanto fazia uma corrida na Granja do Torto, Maurício Cuquejo Sodré, 29 anos, tornou-se a vítima mais recente da onda de violência que assola os motoristas de aplicativo da capital. O jovem foi o segundo colaborador encontrado morto num intervalo de cinco dias.

Em 18 de janeiro, o corpo do motorista de app Aldenys da Silva, também de 29 anos, foi encontrado às margens da BR-070, na entrada de Brazlândia. Ele estava desaparecido desde 3 de janeiro.

Em resposta aos episódios de violência, colegas de profissão realizaram um “buzinaço” para cobrar medidas de segurança aos colaboradores – entre elas, que passageiros também tenham que se identificar por meio de foto. O ato se concentrou no Estádio Nacional Mané Garrincha. De lá, os condutores seguiram para o Aeroporto Internacional de Brasília.

Os casos demonstram a vulnerabilidade de quem tem, nas plataformas de mobilidade urbana, um trabalho ou uma fonte de renda extra. De acordo com os motoristas, a grande incidência de casos resulta de falta de procedimentos cadastrais que garantam, também, a segurança dos próprios colaboradores.

Para serem aprovados pelas plataformas, por exemplo, os condutores interessados precisam enviar fotos pessoais, cópias de documento como Carteira Nacional de Habilitação (CNH); atestado de antecedentes criminais e o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV).

Enquanto os usuários, em sua maioria, não precisam fornecer cópia de nenhuma documentação. Para terem o cadastro aprovado, basta que informem nome e telefone e, em alguns casos, o CPF. Isto é, não são cobradas fotos ou identificação dos meios de pagamento usados pelo passageiro.

Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas Autônomos de Transporte Privado Individual por Aplicativos do DF (Sindmaap-DF), Marcelo Chaves, é da falta de cobrança aos passageiros que os criminosos se aproveitam. “Enquanto os aplicativos não acordarem e se mobilizarem, essa matança dos motoristas vai continuar. É preciso que algo seja feito.”

“Estamos vulneráveis à bandidagem. O bandido, hoje, assalta uma pessoa na rua, leva o celular e usa esse mesmo telefone roubado para solicitar a corrida de aplicativo. O motorista nem sempre sabe quem é o passageiro e está vulnerável”, continuou.

Chaves afirma que uma forma de reduzir as ocorrências seria obrigar os usuários a fornecerem uma foto pessoal para identificação. “Uma selfie seria a alternativa. O motorista precisa tirar uma foto dele para correr, por que a mesma medida não pode valer para o passageiro? Assim, o colaborador poderia ver, no ato da corrida, se o passageiro é de fato quem solicitou e inibiria a ação de criminosos com medo de mostrar o rosto.”

Medidas de segurança

Em resposta aos episódios de violência envolvendo os colaboradores, as empresas que gerem os aplicativos asseguram que estão adotando alternativas para resguardar os motoristas. Em nota enviada ao Metrópoles, a Uber afirmou ter a “segurança como prioridade”.

De acordo com a empresa, uma medida recente adotada pela plataforma foi a cobrança do CPF e da data de nascimento do usuário que deseja pagar corridas em dinheiro. A verificação entrou em vigor no meio do ano passado. Em outros locais do país, motoristas já podem se recusar a fazer corridas com pagamento em espécie.

O rastreamento por GPS, as avaliações pessoais entre usuários e recursos que permitam acionar as autoridades também estão entre as medidas de segurança da empresa. “Além disso, desde o ano passado, a Uber vem utilizando no Brasil uma ferramenta que bloqueia as viagens consideradas potencialmente mais arriscadas, a menos que o usuário forneça detalhes adicionais de identificação”, disse.

Já a 99 afirmou à reportagem que está “apurando os casos” dos dois motoristas mortos no DF. Sobre as alternativas de segurança oferecidas aos colaboradores, a companhia respondeu que já permite ao motorista ter acesso a informações sobre o destino final da corrida.

Ainda de acordo com o informado pela 99, as corridas do app são monitoradas por câmeras embarcadas nos carros e conectadas à central de segurança da empresa. Os equipamentos possuem um botão de emergência para casos de necessidade.

Por fim, afirmou ter uma central telefônica de emergência funcionando 24h durante toda a semana. “A 99 conta com um botão em formato de escudo na tela do app que permite aos usuários, motoristas e passageiros, compartilharem rotas em tempo real e adicionar até cinco contatos de confiança”, explicou.

Latrocínios

No dia 18 deste mês, a Polícia Civil do DF (PCDF) encontrou o corpo de Aldenys às margens da BR-070, na entrada de Brazlândia. Segundo o delegado Gustavo Augusto da Silva, da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), a suspeita é de que o motorista tenha sido vítima de latrocínio – roubo seguido de morte.

Informações preliminares apontam que a vítima morreu após levar um tiro na cabeça. Parentes afirmaram que Aldenys trabalhava havia três meses como colaborador de aplicativos de mobilidade urbana. Seu carro foi rastreado em Fortaleza, no Ceará, dois dias após o sumiço do motorista. O crime segue sem autoria conhecida.

Facebook/Reprodução
Aldenys da Silva

Cinco dias depois, nessa quinta-feira (23/01/2020), o também motorista de app Maurício Sodré foi encontrado morto em uma poça d’água na Granja do Torto. Pelo crime, três jovens foram presos e um adolescente, apreendido. Eles confessaram o crime, segundo o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laério Rossetto.

Ainda de acordo com o investigador, o grupo consumia bebidas alcoólicas quando decidiu roubar o condutor. Eles foram presos em flagrante, quando se preparavam para fugir do Distrito Federal. O quarteto passará por audiência de custódia nesta sexta (24/01/2020).

Facebook/Reprodução
Maurício Sodré

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