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Seis foragidos da Papuda recapturados. Há indícios de que três invadiram propriedade do ex–vice-governador Tadeu Filippelli

Na noite desse domingo (21/2), a dupla abordou o homem na garagem de casa e o levou com o veículo até Taguatinga. Veja fotos de todos os fugitivos, que são considerados extremamente perigosos. Sete deles têm passagem por homicídio. É a maior fuga da história da instituição

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
São Sebastião
1 de 1 São Sebastião - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Dois dos dez foragidos da Papuda invadiram pelo menos três casas no Setor de Mansões Dom Bosco (SMDB), no Lago Sul, sequestraram um caseiro e roubaram o veículo dele na noite desse domingo (21/2). A dupla teria levado ainda celulares, dinheiro e objetos de valor. S.F.S. contou que ao chegar em casa, por volta das 19h30, após fazer compras no supermercado, foi surpreendido pelos dois criminosos na garagem. Armados com um revólver e um facão, eles colocaram o caseiro no banco traseiro do veículo e só o liberaram em Taguatinga, quando teriam dado à vítima R$ 20 para que ela retornasse para casa.

A principal suspeita é de que um destes foragidos seria Michael da Silva Mata Silva, condenado a 63 anos por homicídio e roubo com uso de arma. De acordo com a polícia, ele estava preso desde 2009. Na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga centro), o caseiro contou que viveu momentos de terror.

Na hora em que os bandidos anunciaram o assalto, ele disse que foi jogado no chão e que um dos bandidos pisou na sua cabeça, fazendo com que batesse o rosto e se ferisse. Relatou ainda que os bandidos o liberaram no Pistão Norte, quando mandaram ele descer do carro, um Chevrolet Agille, e andar sem olhar para trás.

Na delegacia, a vítima ligou para um vizinho que foi até a sua residência e confirmou que uma janela lateral estava arrombada e o imóvel todo revirado. E que outras duas casas também tinham sido alvo dos bandidos. A polícia está investigando o caso.

Capturados
Seis dos dez detentos que fugiram do Complexo Penitenciário da Papuda na madrugada desse domingo foram recapturados. A polícia trabalha com a hipótese de que três deles tenham invadido o lote onde fica a residência do ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli (PMDB), no conjunto 15 da QI 17 do Lago Sul.

O peemedebista estava em uma missa na Igreja São Pedro de Alcântara, na QI 13 do Lago Sul, quando vizinhos acionaram a polícia após verem movimentação suspeita no terreno do político. “Por volta das 18h15, o doutor Lóssio (João Carlos Couto Lóssio Filho, subsecretário do Sistema Penitenciário) me telefonou e pediu que eu voltasse para casa. Quando entrei na residência, percebi que a casa estava intacta, mas bicicletas e outros objetos no jardim tinham sido mexidos. Há, portanto, fortes indícios de que os bandidos tenham passado por ali para fugir”, disse Filippelli ao Metrópoles.

Segundo a polícia, até agora foram encontrados Laiuço de Brito Santos, Jefferson Alves Faria Carvalho, Gedeone Montalvão Bento, Valdeir Alves de Brito, Cleiton da Silva Liberato e Francisco Elton de Lima Sousa. Laiuço estava no Setor de Mansões Dom Bosco (SMDB) 17/19. Os demais estavam na QI 17, perto da residência de Filippelli.

Os presidiários cumpriam pena na Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I) — oito em regime fechado e dois no semi-aberto, segundo as fichas de registro criminal chamadas de “espelho de internos”. Os agentes só deram falta dos criminosos por volta das 7h. É a maior fuga da história da instituição.

Superlotação
A fuga expõe a fragilidade do presídio brasiliense, que está superlotado. Segundo relatório elaborado pela Secretaria de Justiça do DF sobre o sistema penitenciário, há um déficit de vagas. Hoje, embora a capacidade seja para 7.100 detentos, existem 14.500 internos. O documento destaca, ainda, que foram abertos 1.297 cargos de agentes penitenciários, quando o número necessário seria de 3,4 mil.

As primeiras informações sobre a dinâmica da ação dão conta de que o grupo usou, provavelmente, um cordão de tungstênio para cortar a brisa — barra de concreto e ferro que faz a ventilação das celas. Depois, usaram cordas artesanais, chamadas “terezas”, pra escalar o muro e chegar ao pátio. De lá, conseguiram sair do complexo. Até o momento, não se sabe se alguém facilitou a operação.

Divulgação
Secretário de Justiça diz que ausência da PM teria sido um facilitador da fuga*Divulgação**

Em entrevista ao DFTV, na manhã desta segunda-feira (22/2), o secretário da Secretaria de Justiça do Distrito Federal, João Carlos Souto, disse que a guarita da Polícia Militar, que fica ao redor do presídio, está desativada desde 2011. O fato, segundo o gestor da pasta, teria facilitado a fuga dos dez presidiários.

“Se a unidade tivesse ocupada e funcionando, seria mais um dificultador para os detentos. A área externa não é de responsabilidade da secretaria. Contamos com o serviço de agentes penitenciários. Mas, apesar dos esforços, eles não estão em cada centímetro do presídio. Não é assim em nenhum lugar do mundo”, disse. Procurada, a PM não se manifestou.

Carlos Souto também ressaltou a precarização do sistema. “Em 2008, tínhamos 7 mil presos e 2,5 mil servidores. Hoje, acolhemos 14,6 mil detentos e temos apenas 1,3 mil agentes penitenciários”, concluiu.

O diretor da PDF I, Mauro Cezar Lima, informou ao Metrópoles que se reuniu com todos os diretores e o subsecretário da Sesipe no Complexo Penitenciário da Papuda. “A Polícia Civil foi acionada e apura as circunstâncias em que se deu a fuga. O policiamento na região foi reforçado e estamos na atividade para recapturá-los o mais rapidamente possível”, afirmou.

Já estamos aqui na Papuda investigando os detalhes. Vou tomar todas as providências para resolver a situação o quanto antes.

João Carlos Couto Lóssio Filho, subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe)

Caça
Agentes de segurança estão nas ruas à procura dos foragidos, que são extremamente perigosos, e os helicópteros das polícias Civil e Militar foram acionados. Há 12 equipes da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE) atuando no caso.

Sete dos detentos têm passagem por homicídio. Também há delitos como tráfico de drogas, roubo qualificado, associação criminosa e receptação de produtos roubados.

Confira fotos e dados dos criminosos. Se você tiver alguma notícia sobre o paradeiro deles, entre em contato com a polícia. Informações que possam auxiliar na captura podem ser encaminhadas anonimamente para os seguintes telefones:

3339-1345 (Subsecretaria do Sistema Penitenciário – Sesipe);
197 (Polícia Civil);
8626-1197 (WhatsApp da Polícia Civil); ou
190 (Polícia Militar).

 

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Jefferson Alves Faria Carvalho. Apelido: Maluquinho
Cleiton da Silva Liberato. Apelido: Jaba
Seymy Gouveia Lima. Apelido: Cabeção
Francisco Elton de Lima Sousa. Apelido: Baianinho
Marcos Antônio Moreira dos Santos. Apelido: Marquinhos
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Gedeone Montalvão Bento. Apelido: Nego Geo ou Rupinol com Fel

Sesipe/Divulgação
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Jefferson Alves Faria Carvalho. Apelido: Maluquinho

Sesipe/Divulgação
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Cleiton da Silva Liberato. Apelido: Jaba

Sesipe/Divulgação
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Seymy Gouveia Lima. Apelido: Cabeção

Sesipe/Divulgação
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Francisco Elton de Lima Sousa. Apelido: Baianinho

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Marcos Antônio Moreira dos Santos. Apelido: Marquinhos

Sesipe/Divulgação
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Michael da Mata Silva

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Francisco dos Santos Alves. Apelido: Chico

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Laiuço de Brito Santos. Apelido: Bolacha

Sesipe/Divulgação
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Valdeir Alves de Brito. Apelido: Duduca

Sesipe/Divulgação

 

Cascavel
A PDF I, de onde os criminosos fugiram, é conhecida, entre os agentes do sistema como “Cascavel”, por ser considerada a ala mais perigosa da Papuda. Os presos de lá cumprem pena, geralmente, entre 20 e 30 anos.

Decisão judicial
A fuga nesta madrugada ocorre quatro dias após a decisão judicial da 2ª Vara de Fazenda do DF, que determinou o retorno de 534 agentes policiais de custódia para o sistema prisional do DF. Esses servidores estavam cedidos para outros setores da Polícia Civil.

Na tarde de sexta-feira (19), agentes de polícia faziam ecoar pelos corredores do Departamento de Polícia Especializada (DPE) que as atividades do órgão seriam prejudicadas, uma vez que a PCDF tem uma defasagem grande no quadro de servidores.

Atualmente, existem 327 agentes de custódia lotados na estrutura da Polícia Civil — outros 115 já estão no sistema penitenciário, 42 cumprem expediente na Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social e 50 em outras pastas e órgãos federais.

Com prazo de 15 dias para ser cumprida, a determinação judicial tem potencial, segundo dirigentes da PCDF, para prejudicar a estrutura da corporação, que precisa encontrar uma alternativa para realizar, semanalmente, dezenas de escoltas médicas, acompanhamento em audiências nos tribunais e transferência de presos, além de cumprir mandados de prisão em aberto.

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