“Demônio da Tasmânia” se passou por rico para enganar mulheres
Homem filmava as relações sexuais com as vítimas e as chantageava. Vídeos foram apreendidos pela polícia
atualizado
Compartilhar notícia
Os golpes aplicados por Luiz Augusto dos Santos, 24 anos, preso preventivamente pela 5ª Delegacia de Polícia (área central) nessa sexta-feira (31/01/2020), seguem impressionando pela audácia do criminoso. Além de extorquir as vítimas fazendo ameaças de morte e roubar motos se passando por comprador, o homem mantinha relações sexuais com mulheres fingindo ser fazendeiro e herdeiro de uma suposta herança de R$ 400 mil.
Nesse novo crime, o “Demônio da Tasmânia”, como ficou conhecido entre as vítimas, abordava jovens e adolescentes por meio das redes sociais oferecendo um “negócio” duvidoso. Ele dizia ser primo de um homem, supostamente rico, e que teria direito a uma herança de R$ 400 mil. Sugeria que as mulheres seduzissem o primo, tivessem relações sexuais sem preservativos, engravidassem e dessem o “golpe da barriga”.
Uma das condições impostas pelo suspeito era de que a relação teria que ser filmada para comprovar o ato. No entanto, o suposto primo não existia, e quem ia aos encontros era o próprio Luiz Augusto. Em posse dos vídeos íntimos, passava a chantagear e extorquir as mulheres para que as imagens não fossem divulgadas. Há suspeita de que ao menos 30 mulheres foram enganadas e vítimas do homem. A Polícia Civil investiga o fato.
Veja mensagem enviada por Luiz a uma das vítimas:
Golpes
Uma mulher de 35 anos, mãe de três crianças, mudou completamente a rotina após o último Natal. Ivone* começou a receber mensagens no celular contendo vídeos de tortura e ameaças. O homem alegava que a moradora de Samambaia havia feito uma “casinha” [armadilha] para matá-lo e que, agora, se vingaria.
A história gerou, inicialmente, um estranhamento na mulher, que não tinha relação com a suposta situação. No entanto, as sucessivas mensagens e videochamadas – nas quais o autor ostentava armas – fez Ivone temer pela segurança da família.
“Ele dizia que tentaram matá-lo e que, antes de atirar, mostraram a minha foto e disseram que eu era a responsável. Como ele sobreviveu, decidiu se vingar. Ele me enviou a foto de uma arma com três balas. Disse que uma era minha e as outras para os meus filhos”, lembra.
Luiz Augusto foi preso na manhã dessa sexta-feira (31/01/2020), ao sair de casa, no Novo Gama (GO), acusado de estar envolvido em mais de 100 casos de extorsão, furto e ameaça.
No caso de Ivone, Luiz mandou vídeos de pessoas sendo torturadas, homicídios e armas. “Dizia que ele tinha feito aquilo e que arrancaria a cabeça dos meus filhos caso eu não pagasse R$ 500”, contou. Mesmo desconfiada de que poderia se tratar de um golpe, Ivone ficou aterrorizada.
“Suspeitava de estelionato, mas como poderia ter certeza? Ele me ligava todos os dias com uma ameaça cada vez pior. Dizia que sabia onde eu morava, onde os meus filhos estudavam e que iria nos matar. Comecei a ter crises de pânico. Não saía mais de casa. Como eu não sabia como era o rosto dele, todo mundo que aparecia no meu portão eu achava que poderia tentar algo contra a minha vida”, detalhou a vítima.
Confira ameaças feitas pelo “Demônio da Tasmânia”:
O caso foi registrado na Polícia Civil e teve início uma investigação. Os policiais da 5ª Delegacia de Polícia (área central) conseguiram fazer uma relação entre os 100 casos de extorsão, furto e ameaça que teriam como autor o mesmo indivíduo.
Golpe da moto
Também em dezembro do ano passado, Luiz Augusto fez outras vítimas. Uma delas é Pedro*. Ao Metrópoles, ele relatou ter acompanhado um amigo do filho na venda de uma moto. O combinado era encontrar o suposto comprador perto de um supermercado de Santa Maria.
“O anúncio estava em R$ 2 mil, mas ele disse que, se levássemos a moto, poderia pagar até mais. Ao chegar lá, o rapaz conversou, disse que tinha chegado ao DF recentemente e precisava da moto para trabalhar. Pediu para dar uma volta e testar”, detalhou a vítima.
O anunciante subiu na garupa da moto e, durante a segunda volta, o criminoso derrubou o jovem e fugiu. “Em seguida, passou a enviar vídeos de pessoas sendo esquartejadas e dizia que a voz que aparecia no vídeo era a dele e faria o mesmo com a gente, caso registrássemos ocorrência”, contou.
O criminoso fez videochamada, mostrou uma arma e disse que tinha o endereço da família. “No desespero, cheguei a parar uma viatura da PM no meio da pista e mostrei as mensagens. Fui orientado a registrar ocorrência e assim o fiz. Semanas depois, o agente me ligou dizendo que a moto tinha sido localizada em Valparaíso”, disse Pedro.
O que ele não esperava era que a moto fosse localizada com uma nova vítima do estelionatário. Ao saber que a placa do veículo estava com restrição, Luiz Augusto marcou de encontrar outro vendedor e pediu para testar a nova moto. Como garantia, deixou a motocicleta roubada com o anunciante e fugiu.
*Nomes fictícios. A identidade das vítimas foi preservada por questões de segurança