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Delegado acusa PM de não informar homicídio e atrapalhar investigação

Ocorrência, na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), é mais um capítulo na briga entre policiais civis e militares

atualizado

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A queda de braço entre os policiais civis e militares na capital do país está longe do fim. Em menos de duas semanas, delegados da Polícia Civil acionaram o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e as corregedorias das corporações para investigar a conduta de PMs no Distrito Federal. No último dia 2, o Metrópoles mostrou que um roubo de carros em Taguatinga acabou no indiciamento de um sargento e de um cabo por usurpação de função pública. Agora, uma denúncia de desvio de função volta a esquentar os ânimos entre as duas polícias, colocando em risco a investigação de um homicídio.

Tiago da Conceição Silva morreu após ser baleado em uma rua do Paranoá no último dia 2. O caso está sendo investigado pela 6ª Delegacia de Polícia, que alega não ter sido informada do óbito pela PM. Fato que, segundo a Polícia Civil, foi determinante para atrapalhar as investigações. De acordo com a denúncia, policiais militares à paisana (sem farda) também teriam se apresentado à família da vítima pedindo informações sobre o caso.

No dia seguinte ao assassinato, o irmão de Tiago Silva compareceu à delegacia para registrar ocorrência. Contou que não sabia ao certo onde havia ocorrido o disparo. Disse, ainda, que ao chegar ao hospital, na noite do crime, se deparou com duas viaturas caracterizadas da Polícia Militar. Policiais fardados estavam conversando com alguns conhecidos da vítima no saguão do hospital.

Afirmou também que dois homens desembarcaram de um carro e se identificaram como policiais civis e solicitaram a ele os documentos e demais informações sobre o irmão. Após anotarem os dados, os homens se retiraram do local. Só que, segundo a Polícia Civil, seus agentes não foram acionados naquela noite para esta ocorrência.

Investigação prejudicada
Na ocorrência, o delegado plantonista ressaltou que as investigações “restaram deveras prejudicadas, haja vista a comunicação intempestiva dos fatos ora narrados. O policial militar de plantão no HRPa [Hospital Regional do Paranoá], para onde Tiago foi levado, bem como os policiais militares que primeiro compareceram ao local, não repassaram à Polícia Civil nenhuma informação sobre o ocorrido, obrigação que lhes incumbia ao tomar conhecimento do crime”.

Para o delegado, ainda de acordo com a ocorrência, a falta de comunicação é fato grave e precisa ser apurado.

Percebe-se a clara e indevida interferência de policiais militares do serviço velado da PMDF, tendo em vista o relato do irmão da vítima sobre a presença de policiais à paisana na noite dos disparos coletando informações e efetuando diligências investigativas

Trecho da ocorrência

“A atribuição precípua da PMDF é atuar preventivamente quanto ao crime, o que, por vezes, não é observado. O prejuízo à sociedade é latente, uma vez que, se a PMDF desvirtua suas funções de policiamento preventivo e ostensivo, o resultado não é outro senão o incremento da criminalidade”, completa a ocorrência..

Cópias da ocorrência foram encaminhadas ao Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPDFT, à Corregedoria da PMDF e à Corregedoria da PCDF, para que um eventual suposto desvio de função seja apurado.

PMDF rebate
Em nota, a PMDF informou que como não havia plantonista da Polícia Civil trabalhando no HRPa, o crime foi relatado diretamente à Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade), que reúne todas as forças de segurança do DF. A corporação explicou que não atendeu diretamente a ocorrência, chegando ao local depois do fato e informando à Ciade que a vítima havia sido socorrida.

A PMDF esclarece que “quaisquer acusações contra policiais militares de qualquer natureza devem ser tidas como inverídicas até que sejam apresentadas provas das irregularidades apontadas por meio da devida investigação dos fatos alegados”.

Destaca, ainda, que “deixamos claro que quaisquer acusações fantasiosas e irresponsáveis, por parte de quem quer que seja, devem sofrer o devido tratamento legal quanto à responsabilização pelas falsas imputações”.

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