Carros de servidores são alvo de bandidos no estacionamento da PGDF

A criminalidade na capital do país não poupa nem mesmo os locais próximos à sede do Poder Executivo distrital. Vizinha do Palácio do Buriti, a Procuradoria-Geral do DF se tornou alvo de bandidos que têm furtado objetos dentro dos veículos no estacionamento privativo do órgão, além de carros dos servidores do prédio onde funciona o Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto e da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), que usam a área pública próxima à PGDF. Diariamente, cerca de 2 mil servidores e visitantes param os carros na região.

Nos últimos meses, multiplicaram-se os relatos de vítimas. Uma delas é o procurador Sebastião do Espírito Santo Neto. Além do prejuízo financeiro, os criminosos levaram uma pasta de documentos que estava dentro do veículo dele. “Tem mais ou menos um mês que cheguei para trabalhar por volta das 9h e, pouco depois, vieram me avisar que o alarme do carro estava apitando. Quando fui checar o que estava acontecendo, vi o vidro todo despedaçado no chão”, conta.

Segundo Neto, para levar o que estava dentro do carro, os ladrões amassaram a porta do passageiro, quebraram o vidro e entraram no veículo. Além da pasta, objetos pessoais e uma pequena quantidade de dinheiro foram levados. “Depois que aconteceu comigo, fiquei sabendo de mais sete pessoas que tiveram os carros arrombados no mesmo local.”

O analista de redes Luciano Júnior Rodrigues trabalha no Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto e estaciona na região. Ele conta que, após um dia de trabalho, foi buscar o carro, por volta das 19h, e o vidro estava quebrado, além de estar sem o som. “Você acha que acontece só com você, mas, quando eu chamei o seguro, o moço me disse que praticamente todos os dias atende esse tipo de ocorrência naquela região”, lamenta.

Para Carlos Augusto Valenza, presidente da Associação dos Procuradores do Distrito Federal (APDF), a situação é alarmante. “Toda semana eu fico sabendo de vários carros que foram arrombados por lá. Os bandidos levam de tudo: pneus, bolsas e notebooks. Pelo menos umas 10 pessoas foram furtadas nas últimas semanas”, relata.

Na tarde de quarta-feira (5/7), a reportagem esteve no estacionamento. No local, não há câmeras de segurança ou vigilantes contratados pelo Estado. O único flanelinha que se encontrava por lá disse já ter presenciado vários arrombamentos. “É pelo menos um caso por semana”, disse o homem, que pediu para não ter o nome divulgado.

Apesar dos relatos frequentes, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social não tem dados específicos sobre a quantidade de veículos furtados na região. O último levantamento, de março, mostra que naquele mês foram registrados 469 furtos a carros na área que engloba Plano Piloto, Estrutural, Setor de Indústria e Abastecimento (SAI), Guará, Candangolândia, Lago Sul, Cruzeiro, Sudoeste e Octogonal.

O crime também foi o segundo mais registrado no DF durante 2016, com 11.850 ocorrências, atrás apenas de roubos a transeuntes (35.284). Dados divulgados pela pasta na manhã de sexta-feira (7) mostram ainda que no primeiro semestre deste ano foram registrados 6.396 furtos em veículos em todo o Distrito Federal.

Veja dados de 2015 e de 2016

Licitação para câmeras
Questionada se adotará medidas para coibir as ocorrências, a Procuradoria-Geral do DF informou, por meio de nota, que pretende cercar a área destinada ao estacionamento privativo e está abrindo um processo licitatório para instalar câmeras de segurança. No entanto, o órgão não respondeu por que não há vigilantes no local.

Enquanto não há uma solução, os servidores convivem com o medo. “Não tem segurança ali pela manhã e nunca vi uma viatura da PM”, diz o procurador Sebastião do Espírito Santo Neto.

A Polícia Militar, entretanto, contesta a reclamação. “O local recebe policiamento de uma viatura específica e conta com o apoio de outros veículos na área, que sempre fazem rondas na região”.