Policiais civis decidem por paralisação de 48 horas na próxima semana
Decisão foi tomada nesta quinta (20), quando servidores cruzaram os braços por 24h. Somente hoje, 1 mil ocorrências deixaram de ser registradas
atualizado
Compartilhar notícia
Os policiais civis decidiram por uma nova paralisação na próxima semana, das 8h de segunda-feira (24/10) às 8h de quarta (26). O movimento é semelhante ao desta semana, quando os servidores cruzaram os braços na segunda (17) e nesta quinta (20).
Somente nesta quinta-feira (20), mais de 1 mil ocorrências deixaram de ser registradas nas 34 delegacias espalhadas pelas regiões administrativas. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Rodrigo Franco. O impacto foi o mesmo na realização de perícias. Ao todo, 50 procedimentos foram suspensos — ainda existe uma lista de 200 pendentes no sistema da corporação.A paralisação também comprometeu o trabalho de custódia de presos. Só nesta quinta (20), 50 detentos deixaram de ser transferidos das DPs para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Outros 50 não foram levados para as respectivas audiências na Justiça.
O Sinpol garantiu, ainda, que 400 carteiras de identidade não foram emitidas nos Postos de Identificação que funcionam nas delegacias. Também nas unidades, 600 provas testemunhais deixaram de ser elaboradas.
Mandados de prisão
O sindicato destacou ainda que, atualmente, há cerca de 10 mil mandados de prisão em aberto, e outros mil de apreensão de adolescentes infratores aguardam para serem cumpridos. Esse serviço também foi paralisado, de acordo com a entidade. “Todas as investigações, desde as que apuram crimes de menor potencial às que apuram crimes mais complexos também estão suspensas”, afirmou Rodrigo Franco.
Reabertura das Delegacias
Na tarde desta quinta-feira (20/10), delegados contrários à volta do funcionamento das delegacias durante 24 horas – com a Operação Legalidade, 21 DPs reduziram o horário de funcionamento das 12h às 17h – conversaram com a reportagem do Metrópoles. Eles se mostraram contrários à recomendação do Sindicato dos Delegados (Sindepo) de acatar a decisão geral da Polícia Civil e reabrir as delegacias.
Segundo o delegado-chefe da 33ª DP (Santa Maria), Rodrigo Larizzatti, o Sindepo não representa mais os anseios da categoria. “Vamos abrir as delegacias e não vamos conseguir atender ninguém. Isso porque muitos policiais estavam fazendo o papel de delegado e agora eles não estão fazendo mais. Não vai adiantar de nada”, declarou.
Ele ainda acusou o presidente do Sindepo, Rafael Sampaio, de ter mentido. Segundo Larizzatti, ele esteve presente na mesma reunião com advogados em que estava o sindicalista, e teria ouvido do corpo jurídico que se houvesse sustentação nas leis, a categoria poderia não acatar a decisão da PC. Já Sampaio, afirma que há “implicações judiciais” possíveis em caso do descumprimento da ordem da diretoria da polícia.
Ainda segundo os delegados, as DPs não têm pessoal suficiente. “Nós vamos cumprir a determinação, mas vamos fazer atendimento como manda a legislação. Não vai ter depoimento sem a presença de um delegado. Na minha delegacia somos dois. Acha que isso é suficiente para atender toda Santa Maria?”, questiona Larizzatti.
Procurado pela reportagem, o presidente do Sindepo disse que as afirmações de Larizzatti e demais delegados “são individualizadas”. Segundo ele, o sindicato tem apoiado a categoria em todas as manifestações. “Nós apoiamos as paralisações, fizemos nota de repúdio contra a diretoria e até contra a secretária de Segurança Pública, Márcia Alencar”, completou.