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Chegada de líderes do PCC fortalece facção no DF e alerta autoridades

Células que alimentam a estrutura da organização já escolheram pelo menos duas regiões administrativas para se enraizar no Distrito Federal

atualizado

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ALEX SILVA/Estadão
Ataque do PCC
1 de 1 Ataque do PCC - Foto: ALEX SILVA/Estadão

O encarceramento de membros da cúpula da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no Presídio Federal de Brasília provocou uma série de ações estratégicas de criminosos na capital da República e gerou preocupação nos órgãos de Segurança Pública. De acordo com investigações da Polícia Civil (PCDF), células que alimentam a estrutura da organização já escolheram pelo menos duas regiões administrativas para se enraizar no Distrito Federal: Paranoá e São Sebastião. As duas localidades ficam próximo ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde foi construída a nova prisão.

Além da proximidade, as cidades são consideradas ideais por terem vias expressas de entrada e saída rumo aos municípios do Entorno. Órgãos de inteligência locais e federais intensificaram a troca de informações para tentar antecipar e neutralizar as ações do PCC. As apurações apontam que as regiões onde criminosos da facção cumprem pena costumam receber parentes, comparsas e advogados ligados ao grupo. Muitos fixam residência nessas áreas.

Os investigadores monitoram constantemente as atividades de suspeitos que se associaram ao grupo criminoso. Criada há um ano, a Divisão de Repressão às Facções Criminosas (Difac) da Polícia Civil do DF intensificou o combate à consolidação das células criminosas na cidade. No presídio federal da Papuda estão: Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, irmão de Marcola, o chefe máximo do PCC; Antônio José Müller Júnior, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, apelidado de Funchal, ou Tio Sam.

Na última grande operação da Difac, unidade ligada à Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor), os investigadores descobriram que um grupo estava se organizando para promover ataques no transporte público do DF e matar agentes penitenciários. A ação resultou na prisão de 17 pessoas em 14 de dezembro do ano passado.

Os líderes não ficam sozinhos. Trazem um suporte todas as vezes que são transferidos, seja de familiares, comparsas ou advogados. O objetivo deles é montar um exército. Recrutam jovens e adultos das mais variadas classes, oferecem supostas vantagens e tentam expandir as atividades para diversas regiões do país. Brasília sempre esteve nos planos por ser a sede do poder

delegado Adriano Valente, da Cecor
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A ação desmantelou um esquema criminoso comandado pelo PCC
Em 2017, outra megaoperação da PCDF prendeu quadrilha liderada por integrante do PCC
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Em dezembro de 2015, a PCDF deflagrou uma das operações realizadas para prender integrantes do Primeiro Comando da Capital

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A ação desmantelou um esquema criminoso comandado pelo PCC

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Em 2017, outra megaoperação da PCDF prendeu quadrilha liderada por integrante do PCC

Michael Melo/Metrópoles

Em seis operações deflagradas pela unidade especializada, os policiais colocaram atrás das grades 260 criminosos associados à facção de origem paulista. Em setembro de 2018, a ação batizada de Hydra prendeu 86 pessoas. Entre os investigados, estava uma advogada de Brasília. Ela é acusada de levar informações dos internos para os integrantes que estavam nas ruas.

Interceptações telefônicas e cartas apreendidas pela PCDF comprovaram que quase uma centena de assassinatos dentro e fora dos presídios foi cometida sob as ordens da cúpula da facção em pelo menos 13 estados – além de ataques contra policiais e agentes prisionais em cinco unidades da Federação. Tudo foi planejado a partir da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na região oeste de São Paulo, onde líderes cumpriam pena antes da transferência na última quinta-feira (13).

Os presos que cumprem pena no sistema penitenciário da capital federal também estão sob supervisão especial dos núcleos de inteligência da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe). Além disso, a Difac planeja novas operações para este ano.

 Organização
Segundo as investigações policiais, a história do PCC em Brasília começou em 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar no DF. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcos Herbas Camacho, o “Marcola”, foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR). Apesar da estadia ter sido curta – ficou preso até 8 de fevereiro de 2002 –, ele deixou marcas profundas tanto na mentalidade da massa carcerária quanto na segurança pública candanga.

No curto período em que esteve na Papuda, Marcola criou um braço do PCC chamado pelos criminosos de Partido Liberdade e Direito (PLD). Investigadores identificaram que a facção havia sido criada nos mesmo moldes da organização paulista, inclusive em relação às regras contidas em seu estatuto.

A facção definiu uma série de terminologias para facilitar a comunicação dentro da Papuda. As ordens da cúpula eram transmitidas de dentro dos presídios pelos “torres”, criminosos responsáveis pelo repasse de informações aos “pilotos”, presidiários escolhidos para coordenar os integrantes do PCC que estavam atrás das grades.

Ferdinando Ramos/Estadão Conteúdo
Polícia Civil do DF quer evitar que Brasília sofra ataques da facção criminosa como já ocorreu em vários estados do país

Os levantamentos feitos pela polícia mapearam que o organograma do PCC seria rígido e semelhante a uma estrutura militar, com níveis de comando hierarquizados, divididos em escalões de acordo com o poder exercido pelos membros e suas respectivas funções. A organização criminosa ainda construiu uma rede de colaboradores, formada por advogados, familiares, namoradas e visitantes.

Conduzidas pelo regimento da organização, essas pessoas são responsáveis pela articulação dos interesses dos detentos fora dos presídios, dando suporte jurídico, psicológico e, principalmente, financeiro, inclusive com o gerenciamento de contas bancárias alimentadas com dinheiro faturado em ações criminosas. Sobre as contas bancárias ligadas ao PCC, as investigações apontam que apenas 20% delas estariam relacionadas a movimentações financeiras de alto valor, acima de R$ 100 mil. O restante seria feito por meio de pequenos depósitos.

Além das contas administradas pelos colaboradores da facção, grande parte dos recursos do PCC estaria ligada a empresas de fachada, como pequenas redes de supermercados, negócios imobiliários, restaurantes, agências de automóveis e até cooperativas de transporte de São Paulo.

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